CHAPTER 2

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Rebekah caminhava lentamente pelos corredores da escola, a cabeça girando com os eventos recentes no quarto de Hope. Ela havia confortado sua sobrinha, mas à medida que se afastava, a sensação de inquietação crescia, envolvendo seus pensamentos. Hope, apesar de sua força e resiliência, ainda era jovem, carregando o fardo de responsabilidades e medos que poucos poderiam suportar. Mas o que realmente a incomodava não era apenas a situação de Hope, mas sim Caroline.

Enquanto seus saltos ecoavam pelo chão de mármore, Rebekah revivia a conversa que tivera com Caroline pouco antes de ver Hope. O beijo breve e inesperado que as duas haviam compartilhado, o toque de lábios que parecia ter durado uma eternidade e que, de alguma forma, acentuara o tormento que Caroline carregava ao longo do dia. Rebekah sabia que o coração da outra vampira estava em pedaços, dividido entre o instinto de proteger suas filhas e o medo de vê-las escolher um destino que ela mesma nunca quis. Elas nunca tiveram uma relação fácil. A dinâmica entre Rebekah e Caroline era repleta de tensões não ditas, como se ambas soubessem que, no fundo, compartilhavam feridas semelhantes. Rebekah, com séculos de dor acumulada, sabia o que era perder a chance de uma vida normal. Caroline, mesmo sem pedir para ser vampira, estava presa a essa realidade, e agora, ver sua filha, Josie, preferir a morte a viver eternamente como ela, era uma dor quase insuportável.

Rebekah parou abruptamente no meio do corredor, seus pensamentos se enrolando como fios embaraçados. "Eu fui uma babaca com ela?", se perguntou, a culpa começando a se enraizar em seu peito. Rebekah tinha o hábito de ser fria, de se esconder atrás de sua dureza, mas agora, lembrando da expressão de Caroline, ela começou a questionar suas próprias atitudes. Afinal, Caroline estava passando por algo que Rebekah entendia muito bem: a rejeição daquilo que ela era. Rebekah sabia como era viver com essa maldição e, embora fosse uma Original, acostumada à imortalidade, ela sabia o quão devastador era ser forçada a ver o lado sombrio da eternidade. Caroline, ao contrário de Rebekah, nunca pediu por essa vida. Ela nunca quis ser vampira, e agora, confrontada com a decisão de Josie de não se transformar, a rejeição de sua filha ecoava como uma sentença cruel. Rebekah tentou imaginar o que Caroline estava sentindo. Ver sua própria filha preferir morrer a ser como você... era algo que poderia despedaçar até o mais endurecido dos corações. E, apesar de tudo, Rebekah compreendia isso de uma forma que talvez Caroline nunca soubesse.

Antes mesmo de perceber, Rebekah já estava diante da porta do quarto de Caroline, os nós dos dedos pairando no ar por um instante antes de bater suavemente. O som ecoou pelo corredor vazio, um lembrete silencioso do peso das últimas horas. Ela esperou, o coração inesperadamente acelerado para alguém que normalmente não demonstrava insegurança. O farfalhar do tecido do vestido de Caroline se movendo no interior do quarto foi seguido pela voz firme, mas cansada.

— Entre.

Ao abrir a porta, Rebekah foi recebida por uma atmosfera carregada, densa, como se o ar dentro do quarto estivesse pesado com a tensão acumulada. Caroline estava sentada na cama, com corpo ereto, mas com uma evidente rigidez, os ombros tensos como se sustentassem o peso do mundo. Seus olhos, normalmente vibrantes, agora estavam opacos, cansados, refletindo a exaustão emocional. Ela mal levantou o olhar para Rebekah, sua voz saindo impregnada de irritação e fadiga.

— Ah, Rebekah. O que você quer agora? — Caroline perguntou sem nem tentar esconder sua falta de paciência. A exasperação era palpável, quase como uma parede entre as duas. Rebekah inspirou lentamente, controlando a própria frustração antes de falar. Ela sabia que não seria fácil. Nunca era com Caroline. O orgulho era uma barreira espinhosa, e as duas haviam se chocado contra ela muitas vezes antes. Ainda assim, Rebekah estava decidida a tentar, mesmo que suas próprias emoções ainda estivessem bagunçadas.

— Ei, eu não vim aqui para discutir — disse ela, erguendo as mãos em um gesto de rendição, suas palavras carregadas de uma sinceridade rara.

— Aham, sei — Caroline replicou, a voz repleta de sarcasmo, sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar o ceticismo. Ela revirou os olhos, como se o simples ato de Rebekah estar ali fosse mais uma fonte de irritação. A desconfiança escorria de cada palavra. Rebekah observou Caroline por um segundo, as linhas tensas ao redor dos olhos da outra vampira, os ombros ainda mais rígidos do que quando ela entrara. A dor de Caroline era tangível, quase palpável no ar entre elas. E embora nunca tivessem se entendido bem, algo naquela cena parecia diferente. Rebekah hesitou por um segundo, mas depois decidiu que, por mais desconfortável que fosse, ela precisava continuar.

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