VI

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*Capítulo Revisado*

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*Capítulo Revisado*

Hera e Afrodite conversavam em tom baixo, tentando evitar que alguém as ouvisse.

— Qual é o seu problema, Hera? Eu só queria dizer a verdade para ela. Não é justo que minha filha continue acreditando que eu a abandonei, não é justo! — Afrodite exclamou, visivelmente irritada, sua frustração se refletindo em cada palavra.

— Como pode ter tanta certeza de que ela é a garota? Você já disse isso sobre várias outras, e no final, nenhuma carregava seu sangue. Por que essa seria diferente? — Hera respondeu, mantendo sua postura calma, embora por dentro já estivesse cansada dessa história.

Hera, assim como Zeus, sabia a verdade, mas a pedido do marido, guardava esse segredo há muitos anos. Mesmo sentindo pena da aflição da cunhada, sabia que se Zeus descobrisse que Afrodite soubera a verdade por sua boca, as consequências seriam severas. Não que as coisas já tivessem sido fáceis, mas a revelação tornaria tudo ainda mais fora de controle.

— Ela tem a mesma marca de nascença atrás da nuca, Hera! O mesmo olhar, a mesma beleza que só alguém do meu sangue poderia ter. Eu preciso da sua ajuda. Prometo, será o último feitiço de sangue. Se falhar, eu juro que não toco mais nesse assunto! — Afrodite suplicava desesperadamente, seus olhos fixos em Hera, carregados de angústia.

— Eu não posso mais fazer isso, Afrodite. Se Zeus descobrir... — Hera abaixou a cabeça, sentindo o peso da decisão.

— Se não me ajudar, não haverá mais amor, nem aqui, nem no mundo. Seu marido voltará a ser três vezes mais infiel, seja com homens ou mulheres, e vou fazer questão de que você sofra cada instante! — Afrodite exalava arrogância e autoridade, a mesma com que sempre conseguia fazer seus pedidos serem atendidos.

Hera suspirou, resignada.

— Eu vou te ajudar... Mas será depois do casamento. Não podemos atrair atenção agora, ou Zeus e os outros descobrirão. Mas me prometa, Afrodite, que se ela não for sua filha, você deixará esse assunto morto. — Hera concordou, contrariada, sabendo que não havia outra saída.

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A lua brilhava intensamente no céu, anunciando a madrugada. Amestista não conseguira dormir por muito tempo, a ansiedade pulsava em seu corpo, empurrando-a a caminhar pelos longos corredores do palácio, decorados em tons de dourado e branco. Ela observava os detalhes dos quadros e vasos, seus pensamentos tomados pela saudade que sabia que sentiria daquele lugar quando os dias atuais se tornassem apenas lembranças.

Do outro lado de uma fresta escura, Apolo a observava, esperando o momento certo para agir. Ele havia planejado esse encontro desde que soubera do casamento de Hades com sua antiga companheira.

Assim que Amestista passou pela porta, Apolo a agarrou, tapando sua boca para que não gritasse. Trancou a porta com um de seus poderes, impedindo que alguém os interrompesse.

— Não precisa ter medo, minha princesa. Sou eu. — Apolo murmurou suavemente, soltando-a logo em seguida.

Amestista o encarou por alguns segundos, o ódio e a tristeza crescendo em seu peito. Sem pensar, ela o esbofeteou com força, fazendo seu rosto virar pelo impacto.

— Você acha que sou alguma prostituta? Que pode aparecer quando bem entender e eu vou aceitá-lo de braços abertos? — Amestista gritou, sua voz embargada pelo choro que lutava para conter. Desde pequena, seu pai a ensinara a não mostrar vulnerabilidade, pois as pessoas se aproveitariam disso para machucá-la.

— Eu não queria que fosse assim, mas aconteceu! Eu a amo de uma maneira confusa, obsessiva. Uma parte de mim sabe que a amo, mas outra parte... não consegue esquecer você. Ela tem meu coração, mas você tem minha mente. Quando estou com ela, não é o mesmo que foi com você. Não me trate assim, eu também estou sofrendo! — Apolo tentava segurá-la enquanto ela o empurrava e golpeava, cada toque carregado de dor.

— Me solta, seu maldito! Sofrendo? No conforto do Olimpo, com escolhas sobre a sua vida? Você não sabe o que é sofrimento! Sofrimento é viver como prisioneira na própria casa, ser espancada por seu pai só por ter fugido para a superfície. A última vez que te vi, ele me bateu tanto que quebrou uma costela! E isso porque ele nem sabia que nos encontramos. Se soubesse, talvez eu nem estivesse viva! — Amestista o arranhou no rosto, tentando se soltar mais uma vez. — Sofrimento é ser obrigada a se casar com um homem que não conhece, que representa o puro mal, e ainda descobrir que o homem que você ama se casou com a esposa dele. Vou viver no inferno por erros que não são meus, mas de dois egoístas malditos! — As lágrimas finalmente caíram.

— Me perdoa, eu posso consertar isso. Não se case com ele, você não o ama! — Apolo a apertou mais forte, causando-lhe dor.

— Nem se eu estivesse sozinha eu voltaria para você! Não acredito mais nas suas palavras. Quero que me deixe em paz e lide com as consequências das suas escolhas. Que o Karma cuide de você e dela! — Amestista reuniu suas últimas forças e o acertou nas partes baixas, correndo em direção à porta.

Apolo se recuperou rapidamente, puxando-a pelo pé, fazendo-a cair. Ele a segurou com força, imobilizando-a sob seu corpo.

— Você não pode me negar, você me pertence! — Apolo desceu a mão em direção à fina camisola de Amestista, prestes a rasgá-la, quando uma força maior o levantou e o prendeu no teto.

Hades, que até então observava a cena, decidiu intervir. Ele esperava para ver até onde Apolo iria com sua loucura, mas também estava testando Amestista. O rei do submundo já desconfiara quando Apolo desaparecera em meio à festa.

— Não tem um pingo de decência? Abusar de uma mulher por puro ego ferido? E ainda por cima, a minha mulher? Só não te transformo em pó para não estragar o clima da minha cerimônia de casamento. O mundo precisa da sua luz, mas se ousar encostar nela de novo, vou arrancar sua pele dos ossos! — Hades falou com um tom ameaçador, pegando Amestista no colo.

Ela permanecia imóvel, em estado de choque.

Hades se teleportou para o jardim, sentando-se com Amestista ainda em seus braços. Ela agarrou-se à sua túnica com tanta força que quase a rasgou. O corpo dela tremia, não de frio, mas de medo e aflição.

O silêncio foi quebrado por um grito desesperado, seguido de um choro incontrolável. Amestista sentia como se seu corpo estivesse em pedaços, sua alma ferida pelo que quase lhe acontecera.

Enquanto isso, Hades, embora tivesse um coração endurecido, sentia ódio de Apolo e compaixão pela mulher em seus braços. Talvez ele a tratasse com um pouco mais de cuidado no futuro. Não que quisesse ser mais um de seus sofrimentos, mas algo dentro dele reconhecia a pureza de seu coração e a semelhança entre suas histórias.

A Maldição Do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora