Stella acordou com o corpo pesado, como se as últimas semanas estivessem drenando suas forças. As mensagens misteriosas no tablet, que até então quase não usava, perturbavam sua paz. Elas vinham de um número anônimo, e o conteúdo sempre carregava um tom enigmático, como se estivesse prestes a descobrir algo revelador.
Levantando-se, ela se arrastou até a janela, onde podia ver o morro acordando com o nascer do sol. A vida no morro seguia seu curso, mas Stella sentia que estava presa em um turbilhão de perguntas sem resposta, principalmente sobre a morte de seu pai, Alberto.
Ela pegou o tablet, que estava ao lado da cama, e desbloqueou a tela. Havia uma nova mensagem: "Vá até a entrada da fábrica abandonada às 16h. A verdade sobre Alberto está lá." A mensagem era direta, e diferente das anteriores, tinha um endereço específico. O mistério da morte de seu pai a corroía por dentro, e, por mais que sentisse medo, ela sabia que precisava ir. Não podia falar nada para Suellen ou para qualquer outra pessoa. Se fosse perigoso, ela descobriria sozinha.
Rubens, o mordomo leal da família, havia sido seu único elo com o passado. E agora, pelas mensagens anônimas, Stella tinha quase certeza de que ele estava envolvido de alguma forma nas revelações. O que ele sabia sobre a morte de Alberto? Por que Rubens não havia falado com ela diretamente antes? E por que tudo parecia tão urgente agora?
Ela se apressou em vestir-se. Vestiu uma calça jeans e uma jaqueta, pegou o tablet e sua bolsa e se preparava para sair quando, de repente, ouviu a porta do quarto se abrir.
— Bom dia, Stella, você vai querer tomar café? — Beatriz entrou no quarto sem bater, perguntando para sua sobrinha.
O coração de Stella quase saltou pela boca. Em um reflexo, ela escondeu o tablet debaixo do travesseiro e tentou disfarçar.
— Oi tia... Acho que não — respondeu, com a voz tensa, enquanto suas mãos tremiam levemente.
Beatriz lançou um olhar rápido para o quarto, percebendo o comportamento estranho de Stella. — Ta tudo bem por aqui?
— Está tia, só estou tentando despertar ainda. — Stella respondeu forçando um sorriso.
O quarto estava mais bagunçado do que o normal, e o nervosismo no rosto de sua sobrinha era evidente. Mas, sem querer levantar mais suspeitas, apenas arqueou uma sobrancelha e concordou com um aceno de cabeça.
— Tudo bem... — Respondeu se afastando lentamente da porta. — Qualquer coisa, me avisa.
Stella forçou outro sorriso, esperando sua tia sair por completo do quarto antes de respirar fundo. Aquilo foi por pouco, pensou. Não podia deixar ninguém saber de suas suspeitas ou das mensagens que vinha recebendo.
Ela apanhou rapidamente o tablet debaixo do travesseiro e o colocou na bolsa junto com seus pertences. Tinha que ser cuidadosa, mas estava decidida a ir até a fábrica abandonada. A verdade sobre a morte de seu pai estava mais próxima do que nunca, e ela não podia perder a chance de descobrir.
— Tia, eu acabei de me lembrar que vou me encontrar com uma amiga minha. — Afirmou tentando achar as palavras certas.
— Então ta...
Com passos apressados e o coração batendo forte, Stella saiu de casa, tentando disfarçar o medo que a consumia. Ela não tinha idéia de que, ao sair às pressas, havia deixado o envelope com documentos que Rubens havia te entregado sobre a cama. O que poderia conter mais pistas sobre o passado sombrio de Alberto e que poderia mudar tudo.
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A Linha Entre Nós
RomantizmStella, filha de Alberto, um respeitado policial federal, sempre viveu uma vida de luxo e conforto. Apesar de sua riqueza, ela nunca perdeu a humildade e sempre acreditou que não há porta que o dinheiro não possa abrir. Sua vida muda drasticamente a...