Bônus: **Descobrindo Quem Eu Sou**
Minho sempre foi meticuloso. Seu mundo sempre foi moldado por regras, expectativas e rótulos que ele jamais questionava. Crescer em uma família influente como os Lee o ensinou que não havia espaço para dúvidas, muito menos para explorar quem ele realmente era. No entanto, algo sempre esteve ali, à espreita, algo que ele não sabia nomear. E, por mais que tentasse, não conseguia ignorar essa sensação por muito tempo.
Foi em uma noite comum, após mais um dia cansativo de reuniões e compromissos familiares, que ele encontrou um vídeo por acaso. Estava no YouTube, buscando algo leve para distrair a mente, quando se deparou com um título que chamou sua atenção: **"Descobrindo a comunidade LGBTQIA+: histórias de aceitação"**. Havia algo ali que despertou sua curiosidade, algo que parecia dizer que ele precisava assistir. E assim o fez.
Enquanto o vídeo se desenrolava, Minho ficou imerso nas histórias de jovens que, assim como ele, haviam passado anos tentando se ajustar às expectativas dos outros. Homens e mulheres que falavam sobre o peso de viver uma vida moldada por tradições, até o momento em que descobriram que não estavam sozinhos. Que existia um lugar onde eles não precisavam se esconder. Que existia uma comunidade, uma diversidade de identidades e orientações, e que ser diferente era algo a ser celebrado, não reprimido.
— Você já ouviu falar em **demissexualidade**? — perguntou uma das pessoas no vídeo, explicando que era uma orientação na qual a pessoa só sentia atração sexual após desenvolver um vínculo emocional profundo.
Minho franziu a testa, intrigado. Não era a primeira vez que ouvia falar sobre sexualidade, mas isso era novo. Ele nunca tinha considerado que existiam tantas formas de se relacionar, tantas nuances. O vídeo falava de outras identidades também: bissexuais, pansexuais, não-binários. Era como se uma porta invisível se abrisse diante de Minho, revelando uma vastidão de experiências que ele nunca tinha imaginado.
Ao fim do vídeo, Minho sentiu algo se remexer dentro de si. Uma compreensão que antes estava fora de seu alcance agora começava a tomar forma. Ele fechou o notebook e ficou sentado em silêncio, perdido em seus pensamentos. Quem ele era, afinal? Havia passado tanto tempo acreditando que deveria se encaixar em um molde rígido, que nunca parou para considerar que poderia existir algo além. Algo mais fluido, mais verdadeiro.
Naquela noite, enquanto se deitava na cama, as palavras do vídeo ainda ecoavam em sua mente. Havia algo libertador na ideia de que ele não precisava ter todas as respostas de imediato, que sua jornada de autodescoberta poderia ser lenta e progressiva. Mas o mais importante: ele estava descobrindo que havia um espaço para ele no mundo. Um espaço onde ele poderia ser ele mesmo.
Os dias seguintes foram marcados por uma busca incessante de informações. Minho passou a ler artigos, assistir a documentários e explorar fóruns online onde pessoas compartilhavam suas histórias sobre identidade, atração e amor. Ele começou a se identificar mais com alguns termos, e menos com outros, mas, acima de tudo, começou a se permitir fazer perguntas. Perguntas que, até então, ele evitava por medo de não encontrar respostas.
Foi em uma dessas buscas que ele se deparou com uma palestra sobre **bissexualidade**. As palavras do palestrante fizeram Minho parar e refletir sobre suas próprias experiências. Ele sempre soube que sentia atração por homens, mas também havia sentido por mulheres. Só que, por tanto tempo, ele acreditou que precisava escolher um lado, que sua atração por homens de alguma forma anulava tudo o que sentira antes. Mas, ao ouvir a explicação, ele percebeu que não precisava se limitar. Que sua atração era válida, independentemente de para quem ela fosse direcionada.
Minho se lembrou de Jisung. Nos últimos meses, Jisung havia sido sua âncora em meio ao caos, seu amigo, seu parceiro. Minho sempre soube que o que sentia por ele era diferente, mais intenso do que qualquer outra coisa que já experimentara. Mas agora ele começava a entender que seus sentimentos por Jisung não anulavam tudo o que havia sentido antes por outras pessoas. E isso era libertador.
Em uma tarde ensolarada, após mais uma pesquisa intensa sobre a comunidade LGBTQIA+, Minho decidiu que precisava conversar com Jisung. Não sobre negócios, nem sobre as lutas com sua família, mas sobre o que ele estava descobrindo sobre si mesmo. Precisava colocar tudo em palavras, precisava que Jisung soubesse o quanto ele estava mudando, e o quanto estava se permitindo aceitar essa mudança.
Encontraram-se no mesmo café discreto no centro de Seul, um lugar que agora se tornara quase um refúgio para os dois. Jisung chegou sorrindo, com aquele jeito descontraído de quem sempre sabe o que dizer para aliviar qualquer tensão. Mas Minho estava nervoso.
— Tem algo que eu preciso te contar — começou Minho, tentando manter a calma.
Jisung inclinou-se para frente, apoiando o queixo nas mãos.
— Você sabe que pode me dizer qualquer coisa, Minho.
Minho respirou fundo, sentindo o coração acelerar. Ele nunca havia dito aquelas palavras em voz alta antes, e por mais que estivesse descobrindo coisas novas sobre si mesmo, ainda era assustador expor essas partes de sua alma.
— Eu estive pensando muito sobre... sobre quem eu sou. — Minho parou por um momento, tentando organizar seus pensamentos. — Sobre como eu me sinto em relação a você, e a outras pessoas que já passaram pela minha vida. E acho que... — Ele fez uma pausa, sentindo a palavra quase presa em sua garganta antes de finalmente soltá-la. — Acho que sou bissexual.
Houve um silêncio breve, mas poderoso. Jisung não disse nada, apenas estendeu a mão, entrelaçando os dedos nos de Minho. O toque era caloroso, reconfortante.
— Minho — começou Jisung, com a voz suave —, não importa qual seja a sua identidade. Eu te amo exatamente como você é. E estou tão orgulhoso de você por ter chegado até aqui.
Minho sorriu, sentindo uma onda de alívio percorrer seu corpo. Não sabia o que esperar quando começou sua jornada de autodescoberta, mas agora, ao lado de Jisung, ele sabia que o caminho à sua frente seria feito de aceitação e amor. O amor que ele havia encontrado dentro de si, e o amor que compartilhava com Jisung.
Ali, naquele pequeno café no coração de Seul, Minho percebeu que sua jornada não tinha fim, mas isso não o assustava. Na verdade, era o que tornava tudo ainda mais belo.
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𝕾𝖆𝖌𝖗𝖆𝖉𝖔 𝕻𝖗𝖔𝖋𝖆𝖓𝖔 - Minsung
ФанфикLee Minho era a peça fundamental no tabuleiro de xadrez de seu pai, pois ele era uma figura importante na empresa de sua família, e assim, jogando sujo como eles, ele ganharia muito dinheiro. Porém, Jisung entrou em sua vida não apenas com o intu...