O Peso Da Escolha

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**O Peso da Escolha**


As luzes de Seul piscavam ao longe, mas dentro do apartamento de Minho, o ar estava denso, quase sufocante. O brilho fraco de seu notebook refletia o e-mail de seu pai, uma última tentativa de trazê-lo de volta ao redil. As palavras eram cuidadosamente escolhidas, mas o significado era claro: "Desista desse caminho, Minho. Ainda há tempo de retornar." O silêncio que se seguiu ao fechar o laptop era pesado, cheio de promessas não ditas e destinos ainda por serem traçados.

Do outro lado do sofá, Jisung observava Minho com uma expressão séria, quase sem o usual brilho provocativo. Havia um entendimento mútuo entre eles agora, uma intimidade forjada não apenas pelo desejo, mas pela confiança mútua em um momento de incerteza. Ambos sabiam que estavam em um ponto de virada — um caminho sem retorno.

— Você não vai responder, vai? — perguntou Jisung, a voz calma, mas com uma leve tensão por trás.

Minho passou as mãos pelo rosto, os dedos trêmulos. Ele não sabia se era o cansaço ou a pressão, mas algo dentro dele parecia prestes a explodir.

— Não — respondeu Minho finalmente, a palavra saindo pesada de seus lábios. — Se eu responder, estou abrindo uma porta que deveria ter fechado semanas atrás.

Jisung assentiu, satisfeito com a resposta, mas ainda atento ao estado de Minho.

— Isso não é apenas sobre negócios agora, Minho — continuou Jisung, sua voz mais suave, quase carinhosa. — É sobre quem você quer ser. Sobre o que você está disposto a sacrificar para se livrar de tudo o que te prende. E você sabe disso, certo?

Minho suspirou, os olhos fixos no horizonte distante, tentando encontrar nas luzes da cidade alguma resposta para o caos que sentia por dentro. Ele sabia que a escolha que havia feito não era fácil. Nunca seria. Mas, pela primeira vez na vida, a incerteza parecia menos assustadora do que o controle implacável de seu pai.

— Eu só... — Minho hesitou, os olhos se voltando para Jisung. — Não sei se estou pronto para lidar com as consequências de deixar minha família para trás. O peso disso é maior do que eu imaginava.

Jisung se aproximou, colocando uma mão no ombro de Minho, um gesto que parecia transmitir mais apoio do que qualquer palavra poderia expressar.

— Você não precisa estar pronto para tudo agora. Ninguém está. Mas você já deu o primeiro passo, e isso é o mais importante. Não há vitória sem risco, Minho.

Houve um silêncio, e então Minho riu, uma risada curta e sem humor.

— Desde quando você virou o cara das frases inspiradoras?

— Desde que você precisou de alguém que acreditasse em você — respondeu Jisung, sério. — E eu acredito.

Aqueles poucos segundos em que Jisung o olhava, sem julgamentos, sem pressões, fizeram algo dentro de Minho quebrar. Ele nunca soubera como era ter alguém ao seu lado que não esperava nada além do que ele realmente podia oferecer. A sensação de aceitação o atingiu com uma força inesperada.

— Eu não sei o que seria de mim sem você aqui — confessou Minho, sua voz baixando, quase um sussurro. — Não sei se conseguiria fazer tudo isso sozinho.

Jisung sorriu de leve, puxando Minho para mais perto, suas testas se tocando por um momento, como um sutil gesto de conexão.

— Mas você não está sozinho — respondeu Jisung, seus olhos brilhando com a intensidade do que não precisavam dizer em palavras.

E então, sem aviso, Jisung o beijou. Foi um beijo profundo, cheio de tudo o que eles haviam compartilhado nas últimas semanas — as dúvidas, as esperanças, os riscos, e, mais do que tudo, o desejo de algo mais, algo que não era ditado por outras pessoas. Era um beijo que Minho sentia que marcaria o início de algo muito maior.

Os dedos de Jisung deslizaram suavemente pela nuca de Minho, fazendo-o estremecer com a leveza do toque, enquanto seus corpos se ajustavam à nova proximidade. O beijo não era apenas desejo; era uma promessa silenciosa de que, independentemente do que viesse, Jisung estaria ali.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes, os corações batendo em sincronia, como se o mundo lá fora tivesse parado só para eles. Minho olhou para Jisung, sentindo uma mistura de gratidão e algo mais profundo, algo que ainda estava crescendo dentro dele, mas que ele não conseguia definir.

— Eu vou fazer isso — disse Minho, a voz firme, o olhar determinado. — Vou construir algo meu. Algo que ninguém possa tirar de mim.

Jisung sorriu de volta, aquele sorriso enigmático que Minho havia aprendido a amar.

— Eu sei que vai. E eu estarei com você em cada passo.

A noite se arrastava lentamente, e enquanto o caos do mundo lá fora continuava, dentro daquele apartamento, Minho sentia uma nova força crescer. Ele não tinha todas as respostas, e o caminho à frente ainda era nebuloso, mas, pela primeira vez, ele não tinha medo de seguir em frente.

Naquele instante, ao lado de Jisung, Minho sabia que, mais do que apenas virar o tabuleiro, ele estava prestes a redefinir o próprio jogo.

𝕾𝖆𝖌𝖗𝖆𝖉𝖔 𝕻𝖗𝖔𝖋𝖆𝖓𝖔 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora