A Primeira Jogada

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**A Primeira Jogada**

Minho não podia mais voltar atrás. O caminho que havia escolhido estava à sua frente, cheio de incertezas e sem as garantias que sua vida anterior proporcionava. As palavras de seu pai ecoavam em sua mente — "Você não terá mais nada" — mas, surpreendentemente, isso não o assustava tanto quanto imaginara. Estava disposto a pagar o preço pela liberdade.

Na manhã seguinte, ele se encontrou mais uma vez com Jisung, dessa vez em um café discreto no centro de Seul. Jisung estava casual, como sempre, mas algo em sua postura indicava que ele também compreendia a gravidade do momento.

— Eu sabia que você ia chegar a esse ponto, mas não tão rápido — disse Jisung com um leve sorriso. — O que vai fazer agora?

Minho hesitou por um momento. Ele sempre soube o que queria evitar — a vida predeterminada pela família —, mas, pela primeira vez, tinha que decidir o que construir em seu lugar.

— Eu... preciso começar do zero. — Minho olhou pela janela do café, observando o movimento da cidade. — E vou precisar de ajuda. Minha família controla tudo que conheço, desde os contatos até os negócios que eu poderia iniciar. Se eu quiser ser independente, terei que encontrar uma maneira de não depender deles.

Jisung deu um longo gole em seu café, seus olhos nunca deixando o rosto de Minho. Ele sempre fora enigmático, e agora, mais do que nunca, parecia estar avaliando cada palavra.

— Sair da sombra dos Lee não será fácil — Jisung finalmente disse. — Seu nome é poderoso, Minho. E se você for realmente deixá-lo para trás, precisará encontrar algo que seja só seu. Algo que faça você ser mais do que apenas "o filho do Jungwoo Lee".

Minho sabia que Jisung estava certo. Ele tinha vivido à sombra do pai durante toda a sua vida. Para sobreviver e prosperar longe daquele mundo, precisaria se redefinir. Mas como?

— Eu passei anos estudando, aprendendo como administrar a empresa, como fazer negócios. Não posso desperdiçar isso — disse Minho, mais para si mesmo do que para Jisung. — Mas também não posso depender do sistema que minha família construiu.

Jisung inclinou-se um pouco para frente, seus olhos brilhando com uma ideia que Minho ainda não tinha percebido.

— E se você criasse seu próprio sistema? Algo que ninguém pudesse tirar de você.

Minho olhou para ele, confuso.

— Como assim?

Jisung deu um sorriso enigmático, aquele sorriso característico que sempre trazia uma solução inesperada.

— Você aprendeu tudo sobre como administrar negócios, sobre estratégia, sobre o jogo de poder. Mas a questão é: e se você saísse desse jogo? E se criasse algo novo, longe das regras da sua família? Algo que seja inovador, algo que eles não possam controlar porque simplesmente não entendem como funciona.

Minho considerou as palavras de Jisung por um momento. Ele havia passado a vida inteira jogando um jogo que já estava estabelecido — fusões, aquisições, alianças estratégicas. Mas o mundo fora daquele círculo era vasto e dinâmico. A ideia de criar algo novo, de abrir um caminho que sua família jamais seguiria, era tentadora.

— Tecnologia — Jisung continuou, interrompendo os pensamentos de Minho. — Startups, inovação digital, criptomoedas, o futuro. É um mundo que sua família despreza, porque não podem controlá-lo da mesma maneira que controlam o mercado tradicional. Mas você pode aprender. Você pode entrar nesse mundo e fazer seu próprio nome, sem que eles tenham poder sobre você.

Minho franziu a testa, a mente girando com a ideia. Era arriscado, sem dúvida. Mas, ao mesmo tempo, era emocionante. Um novo começo, um novo campo de batalha, onde o nome Lee não significava nada — apenas as suas próprias habilidades e sua capacidade de inovar.

— Eu não sei nada sobre isso — confessou Minho, um pouco envergonhado.

— E por isso estou aqui — disse Jisung, cruzando os braços e sorrindo. — Eu conheço as pessoas certas, tenho os contatos. Posso te apresentar ao mundo das startups. Mas você vai ter que estar disposto a aprender e, mais importante, a jogar esse novo jogo.

Minho respirou fundo. Era um salto no desconhecido, uma aposta arriscada. Mas Jisung tinha razão: se quisesse realmente ser livre, teria que criar algo novo. Algo que fosse apenas dele.

— Vamos fazer isso — disse Minho, decidido. — Vamos virar o tabuleiro de verdade.

As semanas que se seguiram foram intensas. Jisung apresentou Minho a investidores, empreendedores e especialistas em tecnologia. Foi um mundo completamente novo para Minho, mas ele mergulhou de cabeça, determinado a aprender tudo o que pudesse. Cada reunião era uma aula, cada erro, uma oportunidade de melhorar. Aos poucos, ele começou a entender o ritmo frenético das startups, onde uma ideia poderia mudar tudo da noite para o dia.

Jisung estava ao seu lado em cada passo, orientando-o, desafiando-o e, às vezes, apenas o incentivando a continuar. Mas, mais do que isso, ele oferecia algo que Minho nunca havia experimentado: uma verdadeira parceria, sem o peso das expectativas ou das hierarquias familiares.

Em uma noite, depois de mais uma reunião com potenciais investidores, Minho e Jisung estavam sentados em um pequeno bar, comemorando o progresso que haviam feito.

— Isso está realmente acontecendo, não está? — Minho perguntou, ainda surpreso com o quão longe haviam chegado em tão pouco tempo.

Jisung deu um sorriso satisfeito.

— Está. E você está mais preparado para isso do que imagina, Minho. Você sempre foi mais do que apenas o herdeiro dos Lee. Só precisava de uma chance para provar isso.

Minho olhou para seu amigo, sentindo um calor de gratidão. Jisung havia visto algo nele que nem ele mesmo havia enxergado. Agora, finalmente, Minho estava começando a acreditar em seu próprio potencial.

— A próxima jogada é sua, Minho — disse Jisung, levantando o copo para brindar. — Vamos ver até onde você pode ir.

Minho brindou com ele, sentindo pela primeira vez que o tabuleiro estava realmente virado. Ele não sabia onde aquilo o levaria, mas estava pronto para jogar o jogo com suas próprias regras.

𝕾𝖆𝖌𝖗𝖆𝖉𝖔 𝕻𝖗𝖔𝖋𝖆𝖓𝖔 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora