The Cooper's

Cafés e conversas

Marco

  Acordo com dor, compreensível levando em consideração o que aconteceu ontem. Sinceramente, eu ainda não sei direito como reagir. Eu... Eu não queria que aquilo tivesse acontecido, eu não queria irritar meu pai. Não é como se eu gostasse de apanhar, mas parece que ele só me nota quando faço merda! Eu queria que ele demonstrasse que me ama, sabe? E se não ama, que pelo menos fingisse bem.

Não estou com vontade nenhuma de ir pra escola, principalmente pensando que terei de ficar o dia inteiro sentado com uma dor imensurável... levanto de minha cama e vou começar a me organizar, escovo os dentes e troco de roupa. Quando o faço, aproveito pra dar uma olhada onde meu pai me bateu, e quase choro só vendo. Acho que tenho memória desafetiva...

Organizo minha mochila já que não tive condições de fazer isso ontem e percebo que ainda tenho 15
min antes de servirem o café, então me deito. Entre esse tempo, ouço batidas no quarto e logo depois Nate entra

   -Tá melhor tampinha? - Ele se aproxima de minha cama e senta na beirada.

   -As notícias correm rápido aqui né... - Falo sem
graça.

   -Nem precisou, eu ouvi ontem, mas fiquei com medo do pai. - Ele fala com sinceridade.

  Se fosse ele quem estivesse apanhado daquele jeito, eu teria o defendido.

   -Hm...

   -O pai te machucou?

   -Não. - Digo ríspido - Tá tudo bem. Ele só estava irritado.
  
   -Não pareceu.

   -Eu já disse que está tudo bem, por favor Nate..
-Praticamente suplico. Eu não quero falar sobre isso.

   -Tudo bem então. -Ele fala e me puxa da cama para nos levantarmos, e logo depois me dá um abraço que não retribuo.

   Saímos do quarto e seguimos para a cozinha, sinto um frio no estômago conforme nos aproximamos.

   Eu não queria ter que lidar com meu pai, eu sei que é besteira, mas estou chateado. Se fosse qualquer um dos meus irmãos ele não teria batido tanto, porque comigo tem que ser diferente? Aquilo não foi justo..

   Me sento em meu lugar com dor e esperamos os outros chegarem. Quando meu pai entra, sinto o olhar dele sobre mim, no mesmo instante tenho vontade de chorar.

   Bom dia meninos -Ele diz sério -Bom dia amor -Ele
dá um beijo na cabeça de minha mãe.

   Ele se senta e continua me encarando, minha espinha arrepia a cada segundo que sinto seu olhar sobre mim. Começamos a comer, e de repente, ele fala:

   -Como planejaram o dia de vocês hoje?

   -Tenho trabalho de física pra entregar - Matteo fala.

   -Só tenho uns deveres de casa mesmo, mas nada demais - Diz michel.

   -Tenho uma apresentação de português e aula no laboratório. -Nate diz

   -Só tenho dever de ciências -Rafel fala

  -A tia Nanda disse que hoje a gente vamos fazer pintura na tela -Gael fala animado.

-Nós vamos. -Meu pai corrige -E você, Marco?

  Quando ouço meu nome, só falto entrar em desespero. O que caralhos tá acontecendo comigo?

  -Eu... Eu só tenho aula no laboratório de química e prova prática de educação física... -Falo mais nervoso que rato em casa de cobra.

  -Isso não é mentira sua não, certo?

-Quando foi que eu menti pro senhor? -Repondo ofendido. Até disso ele vai me acusar agora? Acabo soando grosseiro e falando alto demais.