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Mabel Morgans

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Mabel Morgans

São quase quatro horas da tarde quando Riven entra na sala de música.

Seus olhos carregam um cansaço evidente, e o corpo exala uma tensão que noto de imediato.

Faz alguns dias que venho ignorando suas mensagens, e eu sabia que o clima estaria estranho, especialmente após a provocação de Caleb.

Mas, no fundo, minha própria confusão também tinha peso.

Sullivan havia mexido mais do que apenas com o ambiente; ele plantara uma semente de dúvida, uma sombra entre mim e Riven.

Com cuidado, meu professor se aproxima do piano, seus dedos desenhando notas suaves que preenchem a sala, mas a música parece incapaz de dissipar a atmosfera densa.

— Achei que tivesse desistido das nossas aulas — ele comenta, a voz baixa, mas tingida de tensão.

— Não acho que exista alguém mais talentoso que você para me ensinar — respondo, forçando um sorriso para quebrar a tensão. No entanto, a leveza da brincadeira não encontra eco no meu coração.

— Nem mesmo Chopin? — pergunta, esboçando um leve sorriso.

— Chopin era um gênio, mas... — hesito por breves segundos. — Eu ainda escolheria você, Riven.

Ele levanta uma sobrancelha, surpreso.

— Você é uma péssima mentirosa, Morgans.

— Você que é péssimo em fingir que não acredita.

— Se eu não acreditasse, Mabel, não estaria aqui.

Seu olhar sério e sincero me prende, e algo no meu peito aperta.

A verdade é que, crescer sendo ensinada por ele, fez com que a música se tornasse uma extensão muito mais interessante de quem eu sou. Riven, com sua paciência e paixão, transformou cada aula em um momento em que as notas contavam uma história. Ele sempre dizia que técnica era importante, mas que a emoção é o que realmente fazia a música viver.

— Isso significa muito para mim — murmuro, tentando expressar o que sinto. — Me desculpe pelo que aconteceu antes, Caleb é um idiota.

Ele para de tocar por um segundo, refletindo sobre o que eu disse, antes de me encarar com um sorriso discreto.

— Não precisa se desculpar. Aquilo foi...

— Mesquinho da parte dele — completo, rapidamente. — Você me ensina há anos, é claro que nunca sentiria nada por mim. Somos aluna e professor, nada além disso.

Dizer essas palavras causa um nó no meu peito. Admitir isso, abrir mão desse sonho adolescente, é doloroso, mas necessário. Percebo que perder Riven como professor e amigo seria muito pior.

The Good Boys - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora