Criada em uma sociedade secreta onde os segredos são armas e as alianças mudam como as sombras, Misha Nightshade sempre soube o preço da liberdade. Quando foi prometida a Jaden Caldwell, um homem tão implacável quanto sedutor, ela fez o impensável...
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Meus olhos claros contrastam com o vestido cintilante em um tom pastel. Minha mãe prende meus cabelos em um coque frouxo, com fios soltos. Os diamantes no meu pescoço brilham no reflexo do espelho. Aquele seria meu grande dia, o dia em que firmaria meu papel naquela sociedade regrada. Minha vida inteira foi ditada pela sociedade: onde eu e minha mãe deveríamos viver, o que eu deveria comer, aprender, com quem deveria me envolver, o que deveria estudar e onde deveria estudar, o que eu me tornaria e, agora, com quem eu me casaria.
Minha mãe ajeita delicadamente o último fio solto do coque, observando-me pelo espelho com um olhar de satisfação. Suas mãos pairam sobre meus ombros, ajustando o colar de diamantes com precisão.
— Você está perfeita. — diz ela em um tom suave, mas carregado de expectativas. — Esse é o começo de uma nova fase para nós. Um casamento sólido garante estabilidade. Para mim, para você... e para nossa família. Não é apenas um compromisso com ele, mas com tudo que foi ensinado.
Ela dá um passo atrás, admirando a imagem impecável de sua criação.
— É um papel que você nasceu para desempenhar. Não se esqueça, querida, seu dever sempre será maior que qualquer desejo pessoal.
Meu olhar a encara pelo espelho e não posso evitar soltar um suspiro triste. Ela era obediente à sociedade. Todos eram. Obedientes, disciplinados, incapazes de questionar as regras.
— E se ele não for bom para mim? E se eu não me agradar dele e quiser atira-lo pela janela na primeira noite? — perguntei, referindo-me ao meu noivo, mesmo sabendo que ele era o pretendente mais invejável. Um prodígio, jovem, bonito, de uma boa linhagem, treinado, uma figura importante na elite da sociedade e a promessa do próximo líder.
A ouço suspirar, seu olhar permanece firme, mas sem traços de surpresa. Ela já esperava que eu tivesse dúvidas, porém, não havia espaço para fraqueza em sua expressão.
— Misha, isso não se trata de bondade ou afinidade pessoal — ela responde, com a voz baixa, como se estivesse ensinando uma lição vital. — Ele é mais do que suficiente. Aqui, não casamos por amor, mas por estratégia, aliança. Sua felicidade virá quando você aceitar isso. Quando entender que estar ao lado de alguém assim é o que te dará poder, segurança... o que garantira o seu lugar.
Ela se aproximou novamente, seus olhos agora sérios e penetrantes.
— Você foi criada para isso, treinada para isso. Ele é uma figura importante nesse grande jogo, e você também é.
— Você nunca se casou — rebati, embora soubesse que era um tópico sensível. Todas as mulheres deveriam se casar, cedo ou tarde, e a sociedade decidia com quem, a menos que fossem de uma classe social muito baixa. Mas minha mãe era de uma família rica, do seio da sociedade. Ela era bonita, educada, refinada e, mesmo depois de me ter, continuava jovem e atraente. Não era comum mulheres como ela ficarem sozinhas ou terem filhas sozinhas.
