Capítulo 05 - Estressadinho

152 20 25
                                    

A noite mal começou, e eu já sentia o peso da insônia me rondando

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A noite mal começou, e eu já sentia o peso da insônia me rondando. Não adiantava tentar — era sempre assim depois de dias intensos, quando a mente ficava presa em cada detalhe do que aconteceu, revirando conversas, expressões, gestos. Tentei me deitar mais cedo, sabia que a manhã seria puxada com o treino, mas o sono parecia fugir de mim a cada segundo que passava. Eu me revirava na cama, olhava para o teto e tentava contar o tempo pelos bipes do relógio no criado-mudo, mas nada ajudava.

Fechei os olhos e imaginei o campo, os jogadores, tentando encontrar alguma paz na rotina familiar. Mas, em vez disso, minha mente começou a revisitar os momentos do dia anterior, cada palavra, cada olhar trocado com os meninos do time B, e, claro, com Marc Casadó. Parecia que aquele olhar intrigante me seguia até nos sonhos. Suspirei, frustrada, e virei de lado, encarando o escuro da madrugada.

Quando finalmente adormeci, foi um sono leve, inquieto, do tipo que você acorda mais cansada do que antes. O alarme tocou cedo demais, como sempre, e eu me arrastei para fora da cama. Cada movimento parecia um desafio, e meu corpo reclamava pelo descanso que não veio. Olhei no espelho e vi as olheiras que denunciavam a noite mal dormida, suspirei mais uma vez e me vesti para correr, na esperança de que o exercício me acordasse de verdade.

Era minha rotina, correr pelas ruas de Barcelona antes de qualquer compromisso. O ar fresco da manhã ajudava a clarear a mente e me preparar para o dia. Mesmo cansada, eu sabia que a corrida matinal era essencial para que eu me sentisse mais no controle de mim mesma. Coloquei os fones de ouvido, ajustei a música e saí de casa com passos lentos no início, mas depois de alguns metros, meu corpo começou a se acostumar ao ritmo.

O trajeto já era familiar, as mesmas ruas, as mesmas pessoas indo para o trabalho ou aproveitando as primeiras horas da manhã. Cada passada me trazia um pouco mais de clareza, o som da minha respiração misturando-se com a cidade despertando ao redor. Me forcei a focar na sensação dos pés batendo no chão, no vento batendo no rosto e tentando, mesmo que por alguns minutos, desligar meus pensamentos.

Como sempre, passei na cafeteria, pedindo dessa vez um café extra forte. Eu apenas o pedia quando a noite havia sido péssima, como é no caso de hoje.

Após a corrida, voltei para casa e tomei um banho rápido, já pensando na hora de ir para o Centro de Treinamento. Ainda havia um certo cansaço no meu corpo, mas me sentia renovada, pronta para encarar o dia — ou, pelo menos, era isso que eu dizia a mim mesma. O trajeto até o CT foi rápido, e quando cheguei, já dava para ouvir o movimento dos jogadores se preparando para o treino.

Os meninos do time B já estavam reunidos, alguns brincando com a bola, outros conversando. Era estranho como, mesmo após tantas sessões de treino e trabalho com eles, eu ainda sentia uma leve ansiedade ao encontrá-los. Eram mais do que apenas pacientes ou jogadores sob minha supervisão psicológica; eram jovens com sonhos e desafios, e de certa forma, eu me sentia responsável por ajudá-los a equilibrar tudo.

psicoamor || marc casadó & helenaOnde histórias criam vida. Descubra agora