Capítulo 01 - Barcelona

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Quando disse aos meus pais que queria fazer psicologia, houve alguns minutos de silêncio

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Quando disse aos meus pais que queria fazer psicologia, houve alguns minutos de silêncio. Eles me encaravam esperando que eu dissesse que era mentira, não por não acreditarem em mim, mas sim por serem os meus pais e saberem que eu não sou lá a pessoa mais paciente e delicada do mundo.

Meus pais, Thaísa e Leonardo, são portugueses, e eu também, obviamente. Nos mudamos para Barcelona quando eu ainda era pequena, e desde então, moramos aqui. Meus pais são donos de uma rede de restaurantes espalhados pela Europa, e acho que eles esperavam que eu fosse para o mesmo caminho dele, não para a direção oposta, que era psicologia.

Na época, eles pensaram que eu decidi cursar Psicologia porque a Maya também iria cursar, mas não... Nós duas fomos em várias feiras de profissões e por ironia do destino, decidimos fazer faculdades juntas, o mesmo curso... Éramos melhores amigas, mas termos as mesmas profissões — mesmo que a Maya tenha suas outras faculdades — não estava em nossos planos.

Quando o silêncio se quebrou, meu pai, com seu jeito pragmático, foi o primeiro a falar. "Você tem certeza de que é isso que quer? Psicologia é um campo desafiador. Não é algo que se escolhe por impulso."

Minha mãe, com seu olhar mais compreensivo, tentou suavizar a conversa. "Querida, entendemos que você quer seguir um caminho diferente. Mas sempre pensamos que você se encaixaria melhor na administração, ajudando com a nossa rede de restaurantes. Por que mudar agora?"

Respirei fundo, tentando reunir todas as minhas forças para explicar minha decisão. "Eu sei que pode parecer uma surpresa, mas não é algo que eu decidi de repente. Sempre me senti atraída pelo comportamento humano e pela forma como as pessoas lidam com seus problemas. Não é só porque a Maya também está indo por esse caminho, é algo que eu realmente sinto que é a minha vocação."

O silêncio voltou a pairar, enquanto eles processavam o que eu havia dito. Minha mãe olhou para meu pai e depois voltou seu olhar para mim, seus olhos carregados de uma mistura de preocupação e carinho. "Se você realmente acredita que isso é o que vai te fazer feliz, então nós vamos apoiar sua escolha. Mas saiba que o caminho à frente pode ser difícil."

Meu pai, com seu jeito reservado, finalmente assentiu. "Queremos o melhor para você. Se você acha que Psicologia é o melhor caminho, então vamos torcer para que você encontre sucesso e satisfação. Apenas lembre-se de que, se precisar de ajuda, estaremos aqui."

Senti um alívio enorme ao ouvir suas palavras de apoio. A aprovação deles, mesmo que relutante, significava muito para mim.

Mesmo não sendo o que eles esperavam de mim, em nenhum momento eles largaram a minha mão, até mesmo quando eu os usava para aplicar testes psicológicos. Anos se passaram, e na minha formatura, eles choravam mais do que tudo. Choraram mais ainda quando eu e a Maya fomos refazer uma foto nossa pequenas usando a beca.

A Maya sempre foi uma filha do coração para eles. Quando as pessoas perguntam: "vocês são irmãs?" pelo fato de sermos parecidas, eu sempre respondo que sim. Sou filha única, e ela é a irmã que a vida me deu.

psicoamor || marc casadó & helenaOnde histórias criam vida. Descubra agora