Com certeza, tudo o que eu não queria para um domingo, era ter que assistir jogo do time B. Não me levem a mal, eu geralmente vou aos jogos do time principal com o pessoal, mas não é sempre. Eu já respiro futebol todos os dias da semana, então quando tenho a oportunidade de não fazer algo relacionado a isso, eu sempre a aproveito.
Mas a Maya não queria que eu aproveitasse as oportunidades. Já não basta ela ter dito que se eu estou fazendo isso, é porque eu não tenho filhos, agora também tinha que perder o meu domingo assistindo jogo.
Quem tem uma melhor amiga como a Maya, não precisa de mais nada na vida.
Ontem eu fui dormir tarde terminando alguns relatórios. Eu estava com todos os relatórios da Clarisa também, já que ela estava de férias, enquanto a Eliana estava com os da Maya. Em um piscar de olhos — literalmente — a pré-temporada iria começar, então, não podíamos deixar nada passar.
Apesar de ter dormido tarde, meu corpo estava programado para acordar cedo. Era quase automático. Quando o relógio marcava 6h30, eu já estava de pé, sentindo aquele leve cansaço nos ombros, mas sabendo que uma corrida por Barcelona seria a dose de energia que eu precisava.
Coloquei meu fone de ouvido, peguei minha garrafinha e saí de casa. O céu ainda estava com aquele tom azul de madrugada se despedindo, e o ar fresco da manhã batia no meu rosto, me despertando por completo. Passei pelo Bairro Gótico, onde as ruas estreitas e os edifícios antigos me faziam sentir parte de uma história, e segui em direção à minha rota habitual, o Passeig de Gràcia. Correr por ali era uma das minhas atividades preferidas; não era só o exercício em si, mas a sensação de liberdade que vinha junto. A cada passada, eu conseguia, pelo menos por alguns minutos, deixar as pressões do trabalho para trás.
Depois de uns bons quilômetros, decidi parar na minha cafeteria favorita. O barista já me conhecia, e o café com leite que eu sempre pedia estava praticamente pronto antes mesmo de eu chegar ao balcão.
— Como sempre, né? — Ele me entregou o copo com um sorriso familiar.
— Como sempre. — Respondi, dando um sorriso e pegando o café e sentindo o aroma revigorante.
Me sentei em uma das mesas do lado de fora, observando o movimento matinal da cidade. A vida começava devagar por ali, o que contrastava com os dias intensos que eu sabia que teria na semana que se aproximava.
Estava no meio de um gole quando o celular vibrou. A tela mostrava o nome da Maya. Suspirei, sabendo exatamente o que ela iria perguntar.
— Tudo certo para o jogo? — A voz dela soou animada demais para o horário.
— Oi Mayazinha, sim meu amor, eu estou bem, e você? — Ironizei. — Sério que um jogo é mais importante do que perguntar como sua melhor amiga está?
Ouvi a risada de Maya do outro lado da linha, aquela risada que sempre me fazia sorrir também, mesmo que eu estivesse tentando parecer séria.
— Ah, por favor, Helena, você sabe que eu me preocupo com você. Mas você é a mulher mais organizada que eu conheço! Se eu fosse perguntar como você está todo santo dia, nossa amizade ia virar uma sessão de terapia, e olha que já somos terapeutas. Além disso, eu sei que você está bem, ou não teria atendido o telefone assim, toda irônica.
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psicoamor || marc casadó & helena
Romance"Livro 6 da Série Barcelona" Helena, uma psicóloga determinada e independente, sempre traçou seus próprios caminhos e nunca se deixou guiar pelos padrões. Trabalhando no centro de treinamento do Barcelona, ela se dedica a ajudar atletas a enfrentare...