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O silêncio parecia tomar forma ao nosso redor, preenchendo cada centímetro daquele corredor como uma muralha invisível, impenetrável. Eu não conseguia desviar o olhar dos olhos dela, e, pela primeira vez, me dei conta de como isso me fazia sentir. Era Helena. Aquela que fazia questão de entrar no CT todas as manhãs com um sorriso casual, como se não carregasse nada além do trabalho nos ombros. Mas, naquele momento, sua expressão mostrava algo mais — talvez incerteza, talvez... Vulnerabilidade.
Minha mente girava em torno dos minutos que passei observando-a no treino. Cada vez que ela interagia com Rafa ou com os outros jogadores, eu via a forma que ela parecia lidar com cada um de nós: atenta, equilibrada, mas sem se deixar abalar. E, ao mesmo tempo, eu sentia algo crescer em mim que não deveria estar ali, um pensamento recorrente, uma pergunta que eu não tinha feito a mim mesmo antes: por que eu estava pensando tanto nela?
Eu respirava fundo, tentando quebrar o peso do silêncio, mas as palavras pareciam presas em algum lugar. Vi Helena desviar o olhar brevemente, suas mãos ainda segurando o relatório, como se aquele papel fosse sua âncora em meio àquela tempestade.
— Marc, eu... — Ela começou, mas hesitou, a voz quebrando com a incerteza.
Seu rosto expressava uma mistura de surpresa e um pouco de culpa. Ela sabia que não deveria estar ali, sabia que eu tinha todo o direito de questioná-la.
Ela tentou continuar, mas, de alguma forma, eu sabia que ela estava tão sem respostas quanto eu. Eu dei mais um passo, fechando a distância entre nós. Aquele ar de determinação que ela sempre carregava parecia ter sumido por um instante, revelando uma Helena que eu ainda não tinha conhecido — uma Helena que não conseguia esconder o que sentia.
E então, sem perceber, deixei escapar o que estava na minha mente.
— Eu acho que o que estou tentando entender, Helena, é o que você realmente quer. — Minha voz saiu mais suave do que eu esperava, mas não menos intensa. — Porque não parece só curiosidade... Parece que você está procurando algo.
Ela ergueu os olhos para mim, e, por um momento, pensei ver uma faísca de algo além de surpresa. Talvez fosse eu projetando meus próprios pensamentos, mas parecia... Um reconhecimento.
Ela desviou o olhar para os papéis, como se quisesse se esconder ali, mas então suspirou, cansada de fugir.
— Talvez eu só esteja tentando entender você, Marc. — Sua voz era quase um sussurro, mas cada palavra soava firme, sincera. — Você tem essa maneira de carregar o mundo nas costas, como se precisasse resolver tudo sozinho. E... Às vezes, eu queria saber como ajudar, como... Aliviar um pouco disso.
Suas palavras caíram sobre mim como uma onda, me atingindo em um lugar que eu mesmo evitava. Ela sabia mais do que deixava transparecer, e, por algum motivo, aquela ideia me deixava sem chão. Não era apenas uma questão profissional — a postura dela mostrava que não era isso. Era algo mais profundo, algo que eu sentia que ela mesma não sabia como colocar em palavras.
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psicoamor || marc casadó & helena
Romance"Livro 6 da Série Barcelona" Helena, uma psicóloga determinada e independente, sempre traçou seus próprios caminhos e nunca se deixou guiar pelos padrões. Trabalhando no centro de treinamento do Barcelona, ela se dedica a ajudar atletas a enfrentare...