Estamos no penúltimo :)
Esse será mais curto que os outros, e vocês vão entender porqueNão me lembro direito como é a personalidade da Nezuko direito, então, se ela tiver meio fora de personagem, perdão. Eu vou escrever ela como se tivesse a capacidade de um cachorro, então, é..
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Quando Genya já não se movia, todos sabiam que não iria durar muito.
Ele vai morrer logo, muito logo.
Nezuko reconhece a palavra morrer e morte, já ouviu algumas vezes. Todas essas vezes, as pessoas choravam e choravam.
Mas Genya não chorava. Porque?
Ela se aproxima dele, ele estava com os olhos abertos, olhando para o teto, desfocados.
Coloca a mão no rosto, seco.
Não chora. Não morte?
- Ah, Nezuko - ouviu Tanjiro chamar seu nome - Genya não está muito bem. Quer fazer companhia à ele?
- Mhm! - murmurava, balançando a cabeça em sinal de que sim, queria ficar.
- Que bom! Ele precisa de um pouco de companhia agora. Não é um momento fácil.
- Mhm?
- É. Ele tá doente.
Doente? Ah, ela se lembra dessa. Uma vez Tanjiro esteve doente, um tempo depois, após a Senhora Shinobu cuidar dele, ele estava melhor.
Mas faz tempo que Shinobu cuidava de Genya, então porque não melhorava?
Ela deitava a cabeça perto da perna dele, e fechava os olhos.
Logo logo ele estará melhor, e eles vão poder brincar novamente. Ele vai pegar melancia pra eles, vai abraçar e correr com ela no colo.
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Assim como Genya estava... Ruim, Muichiro também estava.
Talvez seja estúpido comparar as duas situações. Apenas lidando com o fato que Genya vai morrer, e ele, que vai morrer.
E quão assustado ele deve estar? Ficar preso em um corpo que não de move, enquanto observa tudo passar. Enquanto sente o tempo passar, até sua inevitável morte.
E Muichiro se odeia por não conseguir ficar com ele.
Sim, Tokito não foi visitar o garoto desde que teve essa piora.
E se em algum momento ele chorou, lembrando de seu irmão, ninguém precisa saber.
Mas Tanjiro soube.
E convenceu a ir ver Genya.
E ele foi.
Quando chegou, queria que Genya se irritasse, se levantasse da cama, e gritasse.
Mas ele olhou, com aqueles olhos cansados e tristes, e abriu um sorriso.
Um sorriso minúsculo.
Levando a mão até o rosto de Genya, beijava sua testa. Dizendo que tudo ficaria bem.
Ou talvez estivesse dizendo isso pra si mesmo.
Quando a noite chegou, Muichiro não conseguiu dormir. E até chegou a implorar que estivesse doente igual Genya, para não lidar com o peso da morte.
E, no meio dessa infeliz, infernal, e infinita, noite, lembrava de seu querido irmão.
Que morreu, assim como Genya vai morrer.
Ah, será que ele consegue lidar com mais uma morte?
Esse peso no peito, o sentimento das lágrimas caindo, tudo voltando. Tudo em dobro.
E ter Tanjiro consigo, com certeza, vai ajudar. Mas não vai fazer doer menos.
Yuchiro, tão forte em vida, tão resistente e persistente.
Mas tão fraco na morte. Como se ele tivesse voltado a ser.. A criança que deveria ter sido..
E é tão estranho, aquela morte grotesca, cheia de sangue, uma visão que deixaria até um veterano de guerra ou cirurgião traumatizados, agora, levava embora a vida de Genya pacificamente.
Como o mar, uma vez matou de modo agressivo, com ondas e tsunamis, mas agora matando em uma calmaria assustadora.
E ele não entende como. Pra ele, a morte sempre foi algo feroz, algo que destrói você, que não se importa com o tempo. Se tá na hora de morrer, a morte vai te levar em uma crueldade absurda, rapidamente.
Mas não tinha isso. Não era algo brutal, não. Agora, ela era tranquila. Ela preparou Genya para esse momento, fez ele passar por todos estágios até chegar na prova final. Sem pressa nenhuma.
Sem as paredes sujas de sangue, sem o olhar desesperado de seu irmão.
Mas com o olhar cansado de Shinazugawa, que já desistiu de tentar.
Que já tentou, até demais, e agora está na hora de descansar.
E Toktio espera que ele descanse, em paz.
E Toktio até se ilude pensando em uma vida após a morte. Com Genya e Yuchiro esperando ele.
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Tanjiro podia parecer estar bem, ou melhor, tão bem quanto poderia estar nessa situação.
Mas ele não estava.
Essa frase pode parecer óbvia, mas.. Não é.
Vejam, Senhores, Tanjiro já presenciou a morte de toda sua família, de várias pessoas - como muitos caçadores de demônios -, logo, ele deve estar mais.. "Resiste" perante a morte, não?
Não.
Ele saí por aí com seu sorriso que fazia todos felizes.
Com seu positivismo.
Mas, porra, como ele sofre.
E ele se recusa a demonstrar esse sofrimento.
Porque se ele não for a 'base', se ele não garantir que os outros estão bem, quem irá?
Palavra nenhuma, reza nenhuma, vai mudar a situação.
E ele têm essa ideia aterrorizante que terá que passar por tudo isso novamente.
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Sofrer com a morte de um filho é difícil.
Gyomei sabe.
Não é raro ver ele chorar.
Mas quando se trata de chorar por uma tristeza tão forte quanto essa, ninguém vê.
Ele faz questão que não vejam.
E ele chora. Silenciosamente.
Assim como a morte de Genya.
Algo insignificante.
Amanhã, tudo vai continuar igual, apenas um prato a menos na mesa.
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O próximo capítulo vai sair logo logo. Esse mês ou no próximo, dependendo da minha energia e sanidade mental
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Se adormecer, espero não acordar.
FanfictionUma situação de luto empobrece tanto a alma que ela precisa limitar seu gasto de energia. Em situações que deveria ter produzido um acesso de fúria, caia num cansaço paralisante. Ou. Genya nunca devia ter mordido aquele oni. Suas últimas palavras...