Barganha: Saudades

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  ⚠️⚠️ AVISO DE GATILHO!!! ⚠️⚠️
Suicídio/enforcamento
Caso esse assunto seja motivo de desconforto ou gatilho, evitem ler!!
Não será descrito o ato em si, mas terá alguém que o fez. E Genya que vai achar.
Ah, vai ter um aviso ((⚠️)) quando começar e quando acabar.

A frase inicial desse capítulo é do livro Inibição, Sintoma e Medo de Freud (eu tlgd q o livro foi dps da era Taisho, mas enfim, esse livro é brabo)

O diálogo entre o Sanemi e Genya foi inspirado no diálogo entre Dimitri e Alexey, do livro Irmãos Karamázov de Dostoiévski.

Talvez eu aumente o tempo entre cada capítulo pra dois mêses, tenho que estudar pro enem e pah ent ta fodakk mas falta apenas 6 capítulos ent lesgooo 🦦

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"É essencial para nossa autopreservação a capacidade de antecipar vía expectativa a situação traumática"

Se ao menos Genya tivesse seguido essa frase não estaria num choque tão grande. Não sentiria seu coração - já tão doente e fraco - doer ainda mais.

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Genya não tinha muito tempo, sabia disso.
E sentia falta de quando era ignorante.

Com os passos pesados e lentos, andava para a moradia de seu irmão. Ansiava por vê-lo o máximo possível. Percebia o quanto seu irmão estava sofrendo.

E, ah, maldito seja Genya! Quem está doente é ele, quem está morrendo é ele, mas quem sofre aqui é seu irmão.

No meio do caminho, precisa parar e sentar-se no chão.
Não conseguia andar por muito tempo, seu corpo queria puxar para o chão - não que isso importe, logo estará abaixo da terra mesmo.

Quando chegava lá, Sanemi esperava ele na entrada. Ao olhar - e prestar atenção - no rosto do irmão, percebia o quão cansado ele estava.

Mas seu rosto brilhava ao ver Genya.
E isso apertava seu peito mais ainda.

Sanemi estava com o rosto vermelho, uma garrafa de alguma bebida alcoólica em sua mão.

- Genya! Irmão! Irmão! Eu senti tua falta, achei que já havia perdido-te! Ah, mas que sorte! Precisava de ti!
- Nemi, ta tudo bem?
- Comigo? Sim. Ah, talvez não. Mas não importa. Entre, quero conversar contigo. Ah, eu precisava de ajuda, rezei ontem e logo hoje você chega! - dizia, enquanto os dois andavam para dentro da casa. - Pedi por um anjo. Tu és esse anjo. Necessito que outro, além de mim, me perdoe! Escute, supõe que dois seres vão partir em viagem ao desconhecido, ou, pelo menos, um dos dois, e que antes de partir ou desaparecer busca o outro e lhe diz: faça isto por mim, um favor daqueles que só se pedem no leito de morte. Como poderia o outro negar, se for um amigo ou um irmão?
- Farei. Mas de que se trata? Fale logo. Não me diga que também está doente.
- Fale logo.. Não. Não tenha pressa, irmão. Genya, tu és o único que pode ouvir-me sem rir. Não me julgue caso fale errado por pura embriaguez. - respondia, e passava a mão em seu cabelo desarrumado e sujo.

Andavam para dentro - aquele vento frio não faria bem para nenhum dos dois, afinal.
Aquele lugar parecia sujo, desorganizado. Nunca foi assim, porque logo agora?

E percebia a quantidade de garrafas jogadas pela cozinha, bebidas alcoólicas de todos os tipos, de todos lugares. Andava apoiado na parede, até conseguir sentar-se no meio, perto da mesa.
Percebendo o olhar de seu irmão, Sanemi dizia:

- Não bebi nem duas garrafas hoje e já estou embriagado. Mas tudo que eu disser aqui é pela mais pura necessidade de fazer. Falo sério! Não quero que fique nervoso, não se preocupe.
- Oque acontece contigo, irmão? Porque parece triste? - pedia, notando o olhar, que, por mais que Sanemi tente esconder, faltava aquelas emoções de sempre. Não tinha raiva, não tinha felicidade, não tinha nada.

Se adormecer, espero não acordar. Onde histórias criam vida. Descubra agora