Martyna Łukasik 🇵🇱

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Era uma tarde quente em Conegliano, onde o sol da Itália parecia se fundir ao calor do ginásio, criando uma atmosfera quase sufocante. As jogadoras do Imoco Volley faziam seus treinos extenuantes, enquanto a nutricionista recém-chegada, Camila, observava atenta ao desempenho e à alimentação de cada uma delas. Camila era brasileira, vinda diretamente de Minas Gerais, onde sua paixão por nutrição esportiva havia nascido no coração da cidade ensolarada. Amiga de longa data de Gabriela Guimarães, também conhecida como Gabi, a ponteira do time, ela estava começando a se adaptar à vida no Conegliano, mesmo com as diferenças culturais.

Camila não demorou a perceber Martyna Łukasik, a jovem e talentosa jogadora polonesa que impressionava pela força física e habilidade em quadra. O cabelo loiro de Martyna sempre preso de um jeito despojado, sua postura determinada e o foco nos treinos chamavam a atenção de qualquer um. No entanto, foi a intensidade nos olhos da jogadora, sempre tentando superar seus limites, que intrigava Camila. Ela se perguntava o que se escondia por trás daquela fachada quase impenetrável.

Os primeiros encontros entre Camila e Martyna foram rápidos e profissionais. Camila fazia recomendações nutricionais, falava sobre o equilíbrio entre proteínas e carboidratos, e Martyna acenava, absorvendo a informação com seu habitual silêncio. Não era rude, apenas reservada. Camila, no entanto, se via frustrada, pois desejava quebrar aquela barreira e conhecer mais da mulher que se escondia por trás da atleta.

Um dia, após um treino particularmente intenso, Gabi, sempre observadora e ligeiramente intrometida, percebeu a troca de olhares furtiva entre sua amiga brasileira e Martyna. Gabi era dessas que, quando sentia uma fagulha no ar, não hesitava em jogar um galão de gasolina por cima. Com um sorriso travesso, se aproximou de Camila no vestiário enquanto as jogadoras se preparavam para deixar o ginásio.

— Ei, Cami, já reparou na Martyna? — Gabi perguntou casualmente, mas com o brilho de uma armadilha montada nos olhos.

— Hm? — Camila ergueu o olhar, fingindo confusão. — Como assim?

— Ah, vai me dizer que você não percebeu o quanto ela te observa? — Gabi inclinou-se, uma sobrancelha levantada. — Vocês têm uma química estranha, sabe? Ela nunca fala com ninguém, mas com você... Não sei. Acho que rola algo ali.

Camila riu, balançando a cabeça.

— Você está viajando, Gabi. A Martyna é super fechada, eu mal consigo fazer ela falar uma frase completa sobre alimentação.

— E por que você acha que ela fica assim? — Gabi provocou. — Às vezes as pessoas se retraem quando se sentem... incomodadas.

Camila parou por um segundo, absorvendo as palavras de Gabi. Ela não podia negar que havia uma tensão estranha, uma espécie de eletricidade no ar quando estava perto de Martyna, mas sempre achou que era apenas sua mente pregando peças. Além disso, ela nunca tinha pensado na possibilidade de que Martyna poderia estar... interessada.

Dias se passaram, e Gabi, sem desistir da ideia de ser cupido, convidou as duas para um jantar, alegando que seria uma noite para "confraternizar" e relaxar após uma semana de treinos intensos. Camila, sem suspeitar de nada, aceitou de bom grado. Martyna, por sua vez, tentou recusar a princípio, mas Gabi foi incisiva.

— Você nunca faz nada fora do ginásio, Martyna! Vamos, vai ser divertido.

Quando Camila chegou ao restaurante naquela noite, ela ficou surpresa ao ver que Gabi havia sumido misteriosamente, deixando apenas Martyna ali, já sentada em uma mesa. A jogadora polonesa parecia desconfortável, mexendo nervosamente no cardápio.

— Gabi não vem? — Camila perguntou, um tanto confusa, sentando-se à frente de Martyna.

Martyna deu de ombros, sem jeito.

— Ela... teve um imprevisto. — O sotaque polonês dela era pesado, mas havia algo de doce em sua voz, algo que Camila nunca tinha reparado até aquele momento.

Camila soltou uma risada curta, entendendo o que estava acontecendo. Gabi, sempre a manipuladora silenciosa.

— Então parece que fomos armadas, hein? — Camila comentou com um sorriso brincalhão, tentando aliviar a tensão.

Martyna também sorriu, um pouco hesitante, mas genuíno.

— Parece que sim.

O jantar começou tímido, com poucas palavras trocadas. Camila, no entanto, estava determinada a quebrar o gelo. Depois de alguns minutos, ela começou a falar sobre como havia sido sua mudança do Brasil para a Itália, sobre as dificuldades de adaptação, mas também sobre as belezas que encontrava na cultura italiana. Aos poucos, Martyna começou a se abrir, contando sobre sua própria trajetória do vôlei na Polônia até chegar ao Conegliano.

— Eu sempre fui muito focada no esporte — Martyna confessou. — Às vezes acho que isso me impede de me conectar com as pessoas.

— Talvez você apenas não tenha encontrado as pessoas certas para se conectar — Camila sugeriu, olhando-a diretamente nos olhos.

Martyna desviou o olhar por um segundo, como se as palavras de Camila tivessem tocado algo profundo nela. Havia uma vulnerabilidade ali que Camila nunca tinha visto antes. Algo que a jogadora escondia tão bem quanto sua força física.

— Pode ser — Martyna disse suavemente. — Às vezes, eu sinto que não sei como começar.

A conversa seguiu por um caminho mais pessoal, e conforme as horas passavam, a tensão inicial entre as duas foi se dissipando, dando lugar a uma conexão inesperada. Camila descobriu que, por trás da seriedade e do foco quase obsessivo de Martyna, havia uma mulher sensível, que carregava uma certa solidão.

Ao final da noite, enquanto caminhavam juntas pelas ruas de Conegliano, Martyna parecia mais relaxada do que nunca. As luzes da cidade refletiam nos olhos claros dela, e Camila sentiu seu coração bater mais rápido.

— Eu gostei de hoje — Martyna disse, sua voz mais baixa, quase tímida.

Camila sorriu.

— Eu também. Talvez devêssemos fazer isso mais vezes.

Martyna parou por um momento, olhando para Camila com uma intensidade que fez o ar ao redor delas parecer mais denso.

— Eu acho que gostaria disso.

Houve um silêncio carregado entre as duas, e Camila sentiu um impulso. Algo dentro dela dizia que aquele era o momento. Com um passo lento, ela se aproximou de Martyna, hesitante, mas esperançosa. Seus olhos se encontraram por um breve segundo antes que Camila quebrasse a distância e a beijasse.

O beijo foi suave no início, um teste para ver se Martyna corresponderia. E ela respondeu. Martyna puxou Camila para mais perto, seus braços envolvendo-a de maneira quase protetora, e o beijo se tornou mais profundo, mais intenso, como se toda a tensão acumulada entre elas tivesse finalmente encontrado uma forma de se libertar.

Quando se separaram, ambas estavam ofegantes, mas sorrindo. Martyna, pela primeira vez, parecia completamente à vontade.

— Eu não sou boa com palavras — Martyna confessou, ainda com o rosto próximo ao de Camila.

— Não precisa ser — Camila respondeu, acariciando o rosto de Martyna. — A gente vai descobrir isso juntas.

Naquela noite, enquanto voltavam para casa, Camila sabia que algo novo havia começado entre elas, algo que ia muito além do que qualquer uma delas poderia ter previsto. E, de algum jeito, ela sabia que, com o tempo, essa conexão só se tornaria mais forte.

E Gabi? Bem, a jogadora brasileira certamente estaria com um sorriso de orelha a orelha quando soubesse que seu papel de cupido havia sido um sucesso.

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Ai gente, essa mulher de óculos é meu ponto fraco 🫦🫦
Dona Gabi, sendo uma mãe né, muito diva ela.

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