Gabi Guimarães 🇧🇷

601 31 5
                                    


Gabi Guimarães tinha aprendido cedo que a vida de uma atleta de elite era feita de rotina, dedicação e disciplina. Passava a maior parte de seus dias entre treinos intensos, viagens longas e jogos decisivos, mas, no meio desse turbilhão, havia encontrado algo inesperado: amor. E não um amor qualquer, mas um que a fazia sentir o coração disparar como em um tie-break tenso. Esse amor tinha nome: Isabela.

Isabela era diferente de tudo que Gabi conhecia. Não fazia parte do universo esportivo, não entendia sobre táticas de vôlei ou a pressão de um campeonato mundial. Ela era uma artista plástica, com cabelos longos e cacheados, os quais Gabi adorava entrelaçar os dedos nos momentos de silêncio. Era fascinante como Isabela via o mundo de uma maneira que Gabi nunca tinha experimentado, com uma calma e leveza que contrastavam com o caos da vida profissional da atleta.

Foi em uma tarde chuvosa, em uma galeria de arte de São Paulo, que seus caminhos se cruzaram. Gabi havia ido prestigiar uma amiga, sem muitas expectativas, mas se viu intrigada por uma mulher que observava uma escultura com um olhar intenso. Algo sobre a postura de Isabela, a forma como ela franzia a testa ao se concentrar, mexeu com Gabi. E, quando os olhares se cruzaram pela primeira vez, ela soube que ali, entre quadros e esculturas, havia encontrado algo especial.

Agora, seis meses depois, as duas estavam morando juntas em um pequeno apartamento no bairro de Perdizes. Era uma rotina intensa, mas cheia de afeto. Entre um treino e outro, Gabi fazia questão de estar com Isabela, de se perder nas conversas sobre arte contemporânea, de rir das piadas internas que só elas entendiam e de apreciar os momentos simples ao lado da namorada.

No entanto, nem tudo era sempre tranquilo. Como qualquer casal, elas tinham seus altos e baixos, e uma questão, em particular, começava a incomodar Gabi: o ciúme.

Era um ciúme que ela não conseguia controlar, algo que surgia de maneira discreta, quase imperceptível no começo, mas que agora se tornava cada vez mais presente. Isabela era naturalmente extrovertida, sempre rodeada de amigos, muitos dos quais eram artistas, com personalidades tão livres quanto a dela. Gabi, acostumada à competitividade do esporte, às vezes se via insegura nesse novo ambiente.

O problema começou a se manifestar de forma mais clara em uma festa que Isabela organizara para lançar uma nova exposição. O apartamento estava cheio de pessoas que Gabi mal conhecia, todos envolvidos em conversas que pareciam girar em torno de temas que fugiam completamente do seu domínio. Até aí, nada fora do comum. O que realmente mexeu com Gabi foi quando Isabela começou a conversar com um amigo de longa data, Rodrigo, um pintor talentoso e carismático.

Gabi tentava não demonstrar, mas algo dentro dela começou a incomodar. Ela observava, à distância, Isabela rindo das piadas de Rodrigo, tocando de leve o braço dele enquanto falava, e aquilo a corroía por dentro. Era um gesto simples, provavelmente inofensivo, mas, naquele momento, Gabi sentiu o estômago se revirar.

— Tá tudo bem? — perguntou Ana, uma das colegas de time que estava na festa.

Gabi sorriu, tentando disfarçar.

— Sim, claro. Só... cansada do treino.

Mas Ana conhecia Gabi bem demais para acreditar nisso.

— Sério, Gabi. Você tá esquisita. Alguma coisa te incomodou?

Ela suspirou. Sabia que não adiantava esconder.

— Acho que tô com ciúmes, sabe? — confessou, em um tom baixo. — É ridículo, mas eu tô vendo a Isa ali, toda à vontade com esse cara, e... sei lá.

Ana riu de leve, mas sem zombar.

— É normal, cara. Todo mundo sente isso de vez em quando. Mas você sabe que ela é louca por você, né?

Gabi assentiu. Sabia disso, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar a pontada de insegurança.

A noite continuou, mas Gabi passou o tempo todo dividida entre aproveitar a festa e lidar com aquela sensação incômoda. Quando, finalmente, todos começaram a ir embora, ela e Isabela se recolheram para o quarto.

Enquanto Isabela escovava os dentes no banheiro, Gabi se deitou na cama, fitando o teto. Sabia que precisava falar sobre o que estava sentindo, mas não queria parecer irracional. Quando Isabela voltou para o quarto, Gabi a observou caminhar até a cama, sentando-se ao lado dela.

— Você não tava se divertindo muito hoje, né? — Isabela perguntou, com a voz suave, enquanto ajeitava os cabelos úmidos.

— Eu... — Gabi começou, hesitando. — Eu tava me sentindo meio de lado, sabe?

Isabela a olhou com curiosidade, mas também com carinho. Sabia que Gabi não era de expressar suas inseguranças com facilidade.

— De lado? Por quê?

— Você e o Rodrigo... — Gabi suspirou, sentindo-se um pouco boba ao dizer aquilo em voz alta. — Eu sei que ele é seu amigo, mas fiquei com ciúmes. Sei que não deveria, mas...

Isabela abriu um sorriso, um daqueles que fazia o coração de Gabi derreter. Ela pegou a mão da jogadora, entrelaçando seus dedos.

— Gabi, o Rodrigo é meu amigo há anos. E, mesmo que ele fosse algo a mais, você não tem motivos pra se preocupar. — A artista inclinou-se, roçando o nariz no dela. — Eu escolhi você. Eu tô com você. E é com você que quero continuar.

As palavras simples de Isabela soaram como uma promessa, uma afirmação que, embora despretensiosa, carregava uma profundidade imensa. Gabi sentiu a tensão em seus ombros se dissolver aos poucos.

— Desculpa por ser tão idiota às vezes — disse Gabi, rindo de si mesma.

Isabela balançou a cabeça, ainda com aquele sorriso carinhoso.

— Não é idiota sentir ciúmes. Todo mundo sente, mas o importante é que a gente conversa sobre isso. E, por favor, nunca ache que alguém vai roubar você de mim, porque... olha pra você! — Isabela brincou, olhando para Gabi com uma expressão de admiração genuína. — Você é incrível, Gabi. Forte, determinada, linda. E, além disso tudo, é a pessoa que faz meu coração bater mais forte.

Gabi a puxou para mais perto, abraçando-a com força. Sentiu o perfume suave dos cabelos de Isabela, e o mundo pareceu se encaixar de novo. O que quer que tivesse sentido antes, agora parecia pequeno, insignificante diante da certeza que emanava do corpo quente de sua namorada.

— Eu te amo — Gabi murmurou, beijando suavemente o ombro de Isabela.

— Eu também te amo — respondeu Isabela, apertando o abraço.

Naquela noite, enquanto o som suave da chuva batia contra a janela, Gabi adormeceu nos braços de Isabela, o coração finalmente em paz.
~~~~~~~
Não revisei esse capítulo, queridas.
Achei bem fraco, mas fazer o que né.

One Shots - Vôlei Onde histórias criam vida. Descubra agora