17. Alegações

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Suzyane Narrando

Estava deitada em casa, quando o som do meu telefone tocou então corto o silêncio como um grito desesperado. Ao atender, uma voz gravemente formal me informou que um rapaz havia sido encontrado na praia, e que meu número estava em seu bolso. O chão se desfez sob meus pés; lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, e um tremor incontrolável tomou conta de mim. Sem pensar, corri em direção ao hospital, cada passo pulsando com a urgência do meu desespero. Ao chegar à recepção, a ansiedade me envolveu como uma névoa densa. A enfermeira, percebendo meu estado, tentou me acalmar, e logo fui guiada até a sala onde Miguel estava. O médico se aproximou, sua expressão grave. Ele me informou que Miguel havia sofrido uma brutalidade, recebendo chutes violentos que o deixaram à base de potentes analgésicos, mergulhado em um sono profundo. Nesse momento, Marcelo e Tiago chegaram, a preocupação estampada em seus rostos.

Marcelo: Suzy, assim que soube da notícia, vim correndo. Como ele está?

Tiago: Oi Suzy. O que aconteceu com o Miguel?

Suzyane: Oi, gente... Ele está dormindo, tão vulnerável, por causa dos medicamentos. Não consigo acreditar no que aconteceu.

Marcelo: A polícia tem alguma pista sobre o ocorrido?

Suzyane: Aparentemente, foi um assalto, e ele tentou reagir.

Tiago: Meu Deus...

Marcelo: Quero que saiba que estou aqui para o que você precisar. Você não está sozinha nesse pesadelo.

Suzyane: Agradeço, de coração. Mas agora, acho que é melhor vocês irem. Preciso voltar para o quarto, e não podem haver mais pessoas aqui.

PodAna

Produção: Ana, tenho novidades sobre aquele garoto que você mencionou.

Ana Correia: O que aconteceu? Ele entrou em contato? Alguma informação?

Produção: Um jornal local informou que ele sofreu uma agressão na praia durante a noite, possivelmente uma tentativa de assalto.

Ana Correia: Como assim? Isso é impossível! Ele estava comigo na mesa e saiu só porque recebeu uma mensagem. Há algo muito errado nisso!

Produção: Não posso afirmar mais nada.

Ana Correia: Tenho certeza de que foi o Vereador Pedro Augusto. Ele tem algo a ver com isso.

Produção: Será?

Ana Correia: Não vou deixar isso assim. Vou mobilizar manifestantes para protestar em frente à câmara. Precisamos derrubar aquele homem!

Gabinete Pedro Augusto

Segurança: Doutor, licença. Está havendo uma manifestação em frente à câmara contra o senhor.

Pedro: O que aconteceu agora? Esses manifestantes não têm mais o que fazer? Onde está a polícia para prender esses vândalos?

Segurança: Eles estão com a jornalista Ana Correia, gritando e chamando o senhor de assaltante e assassino.

Pedro: O que? Vou resolver isso agora mesmo!

Mansão

Lavínia: GENTE...

Lucila: Que grito foi esse?

Emília: O que aconteceu?

Lavínia: Está passando no jornal que estão fazendo uma manifestação em frente à câmara, acusando o Pedro de ser o mandante do possível assassinato do Miguel.

Emília: Como assim? Isso é um absurdo! Alguém precisa fazer algo!

Lucila: Isso é calúnia e difamação. Essa jornalista Ana Correia está perseguindo o Pedro há tempos.

Lavínia: Gente, parem de falar e prestem atenção na notícia! Miguel, Emília, seu namorado, foi agredido e está internado. E seu pai tem chances de ser o mandante!

Lucila: Vocês precisam parar de interpretar assim! É uma acusação infundada contra o Pedro!

Lavínia: Não é possível que vocês não estejam percebendo a gravidade do que está acontecendo, eu vou sair.

Rua

Pedro: O que está acontecendo aqui? Uma manifestação ridícula em frente a um órgão público, sem qualquer fundamento!

Ana Correia: Aqui está, povo, o grande mandante da tentativa de assassinato do jovem Miguel! Ele sabia que Miguel viria ao meu programa para expor sua verdadeira face!

Repórter: Senhor Pedro Augusto, o que o senhor tem a dizer sobre as acusações que lhe foram feitas?

Pedro: Tudo que estão dizendo sobre mim é uma farsa! Irei à justiça, e eles terão que provar! Essa jornalista, essa Ana Correia, é uma desequilibrada sem qualquer fundamento para me acusar. Ela terá que provar suas alegações, assim como todos esses manifestantes que estão aqui fazendo barulho. A polícia está a caminho, e todos vocês pagarão por isso!

Ana Correia: Vereador Pedro Augusto, não tenho medo de você! Irei até o fim por aqueles que buscam justiça, e vou expor sua verdadeira face, mesmo que você tente silenciar todos ao seu redor!

Ana Correia Narrando

A multidão atrás de mim ecoa suas palavras, a tensão no ar se intensifica. As vozes se entrelaçam em um clamor por justiça, enquanto a polícia se aproxima, sirenes ao longe,e com minha força e voz racistas não passaram.

Sombras do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora