10 - Linha Tênue

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Olá, queridos. Demorei muito, mas já estou de volta.

Acabei de terminar, então a revisão foi rápida, se tiver erros corrijo depois.

E lembre-se que elas são uma espécie predadora e não seguem leis humanas. Se alimentam de humanos e não sentem nenhum remorso por isso. Para elas é só mais um dia comum como qualquer outro. Caso se sintam desconfortáveis com alguma coisa, apenas me avisem. Essa história é +18 por várias razões.

Espero que gostem.

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Kornkamon point of view

[Play: Eyes on Fire - Blue Foundation]

Dizem que existe uma linha tênue entre todas as emoções que consideramos distintas, opostas demais para serem sentidas ao mesmo tempo, mas a existência dessa linha tão fina as vezes pode nos confundir. Não posso dizer que não acredito, na verdade, tenho uma experiência pessoal com essa teoria. Só não achei que poderia acontecer nesse caso em específico. Tecnicamente, se paramos para colocar razão em situações com qualquer tipo de emoção envolvida, podemos enlouquecer com as possibilidades.

E essas possibilidades poderiam me enlouquecer se eu tivesse tempo para pensar nelas.

A questão é que não sei o que me motivou a voltar atrás em minha decisão de ir embora, mas não me importo com nada disso agora. Poderia culpar meu lado animal, afinal recebi uma provocação difícil de ignorar. Ser chamada de covarde não é tipo de coisa que deixo passar, mas por mais que meu ego tenha sido pisoteado pela acusação, não foi o maior motivo para o meu retorno. Embora não goste do que ouvi, ainda posso garantir que não me afetou da maneira que deixei aparentar.

Eu senti o cheiro dela no segundo em que pisou na floresta, mesmo que a entrada fosse longe, o vento estava forte e eu pude sentir enquanto ele trazia sua presença até mim sem precisar vê-la. Não tinha mais ninguém além de mim no meio dessas árvores, mas ainda que tivesse, eu conseguiria distinguir. Eu sempre sei quando ela está por perto. E quando o perfume dela surgiu, pensei que não me encontraria tão longe. Estava enganada. Ela me encontrou e ainda exigiu uma conversa que precisei recusar, embora não quisesse.

Para ser honesta comigo mesma, eu não queria sair, não queria fugir. O esforço que fiz para dar as costas e seguir o caminho inverso ao que desejava foi tão extremo que me queimou de dentro para fora. O que ouvi foi apenas um convite para voltar. Eu queria ficar. E fiquei. Eu simplesmente fiquei. Cedi ao que meu corpo e minha mente desejavam. E acho que essa decisão foi a melhor que já tomei, por mais confusa que fosse. Eu me entreguei a uma coisa que só tinha acontecido em minha imaginação.

E a realidade foi algo que não estava preparada para enfrentar, mas preparada ou não, foi a escolha que fiz e não posso dizer que me arrependo.

Estaria sendo uma mentirosa das mais baixas se dissesse que estou arrependida.

Permitir que Samanun me beijasse era o que eu precisava para sair do abismo da minha própria dúvida. Recusar a admitir que a queria só estava me deixando mais bagunçada e infeliz. E quando seus lábios tocaram os meus, todas as recusas e as dúvidas sumiram em um piscar de olhos. Tudo em mim se revirou em uma mistura tão intensa e caótica que me sufocou, como se todas as minhas vontades acumuladas nas últimas semanas estivessem prestes a se romper, como a chuva que começou a cair sobre nós.

Sentir o gosto dos seus lábios, o quanto são macios e indescritíveis. Me fez acreditar que aquilo era certo, como se aquele beijo fosse mesmo certo. E foi tão bom que me deixou em um estado de frenesi e loucura que não pude evitar. Me tornei descontrolada e insaciável. Eu a queria esse tempo todo e tive medo de admitir. E esse medo sumiu com o primeiro toque, eu a desejei profundamente e não permiti que minhas incertezas me parassem. Me entreguei ao momento, me entreguei a ela. E continuo me entregando.

Duas LinhagensOnde histórias criam vida. Descubra agora