quero a morte

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eu queria poder morrer, 
eu dizia a mim o tempo todo, 
acontece que menti para mim. 

não quero morrer. 

quero poder não escolher, 
quero poder não ter controle algum, 
quero poder não escolher sentir o fardo da existência. 

por que é tão custoso viver? 

quero poder não decidir o próximo passo na minha vida. 
quero poder não decidir que tudo que eu faço é por minha conta e não de outra pessoa. 
eu quero poder não decidir o chato cotidiano e a permanência que faz a diferença, e não apenas um dia. 

é dificultoso acreditar que preciso definir a minha existência e não uma pessoa que vai me dizer o que fazer. 

será que a minha mãe sabia que, quando ela escolhia tudo por mim, me tornaria um ser humano 
falho de arbítrio? 

por que não existe algo divino que escolhe tudo de melhor pra mim? eu faria sem pestanejar! 

o paradoxo de ansiar pela não existência 
e ter sonhos que dependem de mim. 
não sabemos o que é a morte, 
então desejamos uma inércia de não escolha; nos mantemos paralisados porque viver é doloroso demais. 

paralisado como morto-vivo. 

até quando vou viver desejando não viver porque não quero escolher? 

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