A Pesquisa

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    Ouvia-se apenas os passos rápidos do Dr. se dirigindo para uma das salas que havia no imenso corredor branco, com as luzes fortes clareando todo o local limpo.

    O laboratório subterrâneo, isolado da cidade, era um lugar sombrio, mergulhado no silêncio quase absoluto, quebrado apenas pelo zumbido suave dos equipamentos de alta tecnologia que trabalhavam sem parar. Era ali que o Dr. Carlos realizava seus experimentos mais controversos, longe dos olhos curiosos do mundo. A segurança do local era máxima, garantindo que ninguém — além dos poucos assistentes que Carlos permitia — pudesse acessar aquele santuário de ciência.

    Carlos era um homem obcecado pela busca do controle sobre a vida e a morte. Um homem alto, olhos azuis, cabelos loiros grandes até o pescoço e seus músculos a mostra no seu jaleco branco justo. Carlos observava os monitores com um olhar clínico, quase predatório. Para ele, os gráficos e imagens microscópicas não representavam apenas dados; eram provas tangíveis de que o impossível estava ao seu alcance. A busca pelo domínio sobre a vida e a morte não era um simples objetivo científico. Era uma obsessão. Um poder que ele saboreava em silêncio, sabendo que cada passo o aproximava de um novo mundo.

    Ao fundo, uma figura imóvel estava presa a uma maca de aço, envolta em amarras de couro. O paciente "zero" ainda estava vivo, mas mal consciente. Seu corpo suava sob a luz forte, os olhos semicerrados, em um estado de semi-inconsciência causado pelas drogas que Carlos administrava. Esse homem não era apenas um sujeito de testes; era seu cientista, Dennis, que agora seria o portador de uma revolução.

    Carlos observava atentamente o pequeno frasco à sua frente, que continha uma solução turva, dentro da qual flutuavam as células alteradas do fungo Cordyceps e da bactéria Bacillus anthracis. Ele sabia que o que estava prestes a fazer era condenável por qualquer padrão ético, mas, em sua mente, a ética era apenas um obstáculo à evolução.

    "Há uma linha tênue entre o caos e o progresso", ele murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.

    O silêncio foi interrompido pelo som suave de uma porta se abrindo. Sua assistente, uma jovem cientista chamada Laura, entrou na sala. O olhar dela era tão frio quanto o dele, entrou no local pronta, tirou um pequeno caderno do bolso do jaleco e fez algumas anotações, sem ao menos se importar com a presença de Carlos, e assim que terminou sua anotação, entregou a última análise que Carlos havia pedido. Ele a ignorou por um momento, analisando os dados no papel. Quando finalmente ergueu os olhos, seu olhar perfurou o dela, tornando a atmosfera mais tensa, e a mulher entregou um sentimento. Sentimento que havia apenas de sua parte!

    – Tudo pronto? – perguntou com uma calma assustadora.

    Laura assentiu, e se preparou com o pequeno caderno nas mãos.

    "Dia 20, após o paciente zero receber uma mordida da cobaia 27° - relatou Carlos em um de seus gravadores. – Estamos presentes na sala, junto ao paciente zero, eu e a cientista Laura. – Ele respirou e continuou seu relato. – Foi observado durante esses dias uma parte da perda de neurônios (redução da inteligência), comprometimento da pele e das células musculares, coagulação sanguínea... Uma mudança muito lenta. O Cordyceps altera o comportamento dos insetos que infecta, nunca houve relatos em seres humanos. E a Bacillus anthracis, como conhecida no mundo inteiro, é mortal!

    Ele caminhou até a maca onde o paciente zero estava preso. Pegou a seringa estéril sobre a bandeja ao lado e, com precisão cirúrgica, encheu-a com o conteúdo do frasco. " Iremos injetar no paciente a amostra Bio-T" – continuou relatando. A mistura letal de células modificadas brilhava ligeiramente sob a luz.

    Carlos posicionou a seringa sobre o braço do paciente, procurando a veia perfeita. O homem preso à maca gaguejou algo ininteligível, seus olhos piscando sem foco. Talvez em algum nível subconsciente ele soubesse o que estava prestes a acontecer, mas suas cordas vocais estavam muito fracas para expressar qualquer protesto.

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