Estávamos exaustos, com os corpos moídos de tanto fugir daquele inferno. A respiração pesada e o suor colado à pele nos lembrava que estávamos vivos, mas por quanto tempo? As balas que nos restavam não seriam o suficiente para nos manter a salvo por muito mais tempo!
Ao longe, avistamos o prédio da polícia, uma fortaleza em ruínas que parecia ter resistido ao caos que devorava a cidade. Mas na penumbra, tudo era uma ameaça. O silêncio ali dentro era um convite ao desespero. Não havia como saber o que nos aguardava.
Entramos com extrema cautela. A escuridão dominava, com exceção da luz azul forte do poste lá fora, que filtrava-se pelas janelas sujas e quebradas, iluminando parcialmente o hall de mármore desgastado. O contraste entre a beleza arquitetônica do lugar e sua atual desolação era perturbador. Aquele lugar, outrora majestoso, agora estava afundado em um abandono inquietante.
Nos dividimos para economizar tempo - ou quem sabe na ilusão de que teríamos uma chance melhor separados. Dean e Sam ficaram com o andar de baixo, enquanto eu e Ethan subimos as escadas de mármore.
Logo, sons abafados nos alcançaram. Murmúrios, o ranger de botas no chão. E então, encontramos três policiais. Seus rostos estavam cobertos pela sombra, mas seus sorrisos eram cruéis. O que parecia ser o líder deu um passo à frente, os olhos brilhando com malícia.
- Ninguém vai nos cobrar por nada agora. A lei morreu junto com a cidade! - ele rosnou, como se a própria civilização tivesse desmoronado debaixo dos seus pés. Imaginei que estávamos a salvo, ou melhor, uma proteção a mais!
Quando empurrei a porta pesada, de repente a sensação de segurança evaporou, dando lugar a algo mais sombrio. Os três olharam para nós assustados e apontando armas para nós. O caos lá fora tinha transformado as pessoas de maneiras imprevisíveis. O silêncio que se seguiu parecia denso, pesado, como se a própria noite nos observasse. Senti Ethan tenso ao meu lado, e um calafrio amargo desceu pela minha espinha. Aqueles homens não estavam apenas assustados, havia algo de perturbador na maneira como nos olhavam, como predadores observando presas indefesas.
Um deles finalmente sorriu, um sorriso que não chegou aos olhos. Ele deu um passo à frente, aproximando-se devagar, como se estivesse saboreando o momento.
- Que surpresa mais interessante... - disse ele, a voz carregada de uma satisfação doentia.
- Precisamos de ajuda - consegui dizer, minha voz tremendo, insegura, mas tentando manter a compostura.
O homem riu, um som oco e cruel.
- Ajuda? Ah, nós vamos te ajudar... meu amor.
O jeito que ele pronunciou aquelas palavras fez meu estômago se revirar. Senti Ethan ao meu lado, cada músculo do seu corpo se enrijecendo. Ele deu um passo à frente, colocando-se entre mim e os homens, a mão já alcançando a minha, puxando-me para a porta.
- Temos que sair daqui... agora - sussurrou ele, com urgência.
Antes que eu pudesse reagir, um dos homens se moveu rápido, mais rápido do que eu esperava. Meu grito ficou preso na garganta quando um pano sujo e áspero foi enfiado à força na minha boca. Meus olhos se arregalaram de horror enquanto minhas mãos instintivamente tentavam se livrar, mas meu corpo parecia congelado. Ethan tentou avançar, mas outro homem o segurou, imobilizando-o.
O pânico tomou conta de mim, cada movimento meu era inútil, abafado pelo pano e pela força implacável dos homens. Senti as lágrimas queimando meus olhos enquanto o desespero se misturava ao terror absoluto. Ethan lutava, mas a sala parecia se fechar sobre nós, sufocando.
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Apocalipse
Science FictionA chuva fina caía incessantemente sobre as ruas desertas, o som das gotas sendo abafado pelos ecos distantes de sirenes e gritos. O mundo, que outrora vibrava com o pulsar da vida, agora estava submerso em uma quietude mortal. O ar estava denso com...