chapter 10

242 15 12
                                    


You

O ar gelado da noite envolve meu corpo, assim que atravesso a porta da delegacia, deixando para trás a opressão sufocante daquele ambiente fechado. Cada passo que dou em direção ao meu carro é pesado, como se eu estivesse arrastando o peso de toda a minha história com Jungkook. As luzes amarelas dos postes brilham de forma difusa, iluminando o asfalto molhado pela garoa recente.

Respiro fundo, tentando afastar o cheiro de metal e desinfetante que ainda gruda nas minhas narinas, lembranças indesejadas das últimas horas que passei lá dentro, vendo Jungkook atrás das grades, com o rosto pálido e a alma cansada. Minha mão trêmula procura o celular na bolsa, e disco o número do meu pai. Ele atende após o terceiro toque, e sua voz firme e sempre tão segura é como uma âncora em meio ao caos que me envolve.

— Pai? — Minha voz soa frágil, quase infantil. — Você pode buscar o Luka para mim na escola? Não vou conseguir chegar em casa a tempo.

— Claro, minha filha — Ele responde sem hesitação, como sempre. — Ele vai estar seguro comigo, não se preocupe com isso — Uma pontada de alívio percorreu o meu peito. Termino a ligação, observando o reflexo distorcido das luzes nos prédios ao redor.

Respiro fundo novamente, mas a inquietação não se dissipa. Fecho os olhos por um segundo e lembro de Jungkook, o homem que eu amava mais do que qualquer coisa, sentado em uma cela fria e injustamente acusado. A dor em seus olhos continua a me perseguir. Eu deveria odiá-lo, deveria me manter distante. Foi o que eu tentei fazer. Mas meu coração, traiçoeiro como sempre, recusa-se a abandoná-lo.

Abro a porta do carro e entro no banco do motorista. O couro do volante é frio sob minhas mãos, e eu me inclino para frente, apoiando a testa contra ele por um instante.

— Por que eu ainda me importo tanto com você? — Sussurro para mim mesma. As memórias dos bons momentos, do homem apaixonado e gentil que ele era, me inundam.

Não posso deixá-lo sofrer assim. Não sem tentar ao menos entender o que está acontecendo. Ele não é culpado. Ele não pode ser. Sem mais delongas, ligo o carro e, com determinação renovada, piso no acelerador. Minha mente já está decidida. Vou confrontar o passado. E vou ajudar Jungkook a provar sua inocência.

Preciso fazer isso por ele, por mim e por Luka.

A estrada que leva ao presídio é longa e desolada. O asfalto parece uma fita interminável que serpenteia pelas colinas escuras da cidade. Os faróis cortam a escuridão à minha frente, revelando apenas pedaços do caminho, como se o destino estivesse sendo revelado a mim pouco a pouco. O silêncio dentro do carro é quase ensurdecedor, e meus pensamentos tornam-se cada vez mais altos, mais intensos.

Quando finalmente chego ao presídio, o lugar parece um monólito sombrio, distante da civilização. Uma estrutura imensa, fria, envolta por muros altos de concreto e arame farpado. O portão de entrada é pesado, metálico, e seus guardas são meras sombras em meio à penumbra da noite. Estaciono o carro e desço, sentindo o peso crescente do que estou prestes a fazer. Conforme me aproximo da entrada, sou recebida por um guarda de rosto sisudo, que pede meus documentos.

Passo por revistas minuciosas, onde cada movimento meu é avaliado, cada centímetro do meu corpo parece estar sob julgamento. O ambiente é opressor, carregado de tensão, como se o próprio ar fosse feito de medo e culpa. Finalmente, sou levada por um longo corredor, cujas paredes brancas e frias parecem infinitas. Cada passo ressoa nas paredes de concreto ao meu redor, o som dos meus saltos ecoa no silêncio mórbido.

Ao fundo, o som distante de portas metálicas se abrindo e fechando. A sala de visitas do presídio é ainda mais opressora do que eu imaginava. O ar pesado e denso parece agarrar-se à pele, e o cheiro metálico, misturado com desinfetante, é sufocante. As paredes de concreto, com marcas de tempo e desgaste, refletem a frieza daquele ambiente.

Comeback | JK + S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora