Comeback | JK + S/N

chapter 7

O som do disparo ainda ecoava na minha cabeça quando o mundo ao meu redor começou a se distorcer. Eu estava ali de novo, naquela noite infernal. O beco parecia mais estreito e sufocante do que nunca, as luzes das ruas piscavam de forma irregular, como se zombasse da minha incapacidade de evitar o que estava prestes a acontecer. Meus pés estavam pesados, como se estivessem presos ao chão. Não conseguia correr, não conseguia gritar. A senhora Kwon estava na minha frente, com o seu rosto congelado em uma expressão de puro terror, e eu sabia o que estava prestes a acontecer, mas era como se eu estivesse assistindo de fora, sem controle sobre meu próprio corpo.

Eu queria gritar seu nome, alertá-la do perigo, fazer qualquer coisa para impedir o inevitável. Mas, minha voz não saiu. Era como se eu estivesse preso em um pesadelo, incapaz de mudar o curso dos eventos. A arma na minha mão parecia pesar toneladas, e meus dedos, mesmo sem minha permissão, apertaram o gatilho. O som do tiro preencheu o ar com uma intensidade brutal, reverberando nos meus ouvidos, rasgando o silêncio da noite. Um tiro. Dois tiros. O pânico tomou conta de mim, e tudo ao redor ficou borrado.

De repente, abro os olhos, com meu corpo sendo jogado de volta à realidade com uma força avassaladora. Eu estava na cama, mas meu coração parecia que iria explodir no peito. Minha respiração era rápida, irregular, e o suor escorria pelo meu rosto, encharcando o travesseiro. Por um segundo, não conseguia distinguir o que era real e o que era ilusão. O eco do tiro ainda estava nos meus ouvidos, a imagem da senhora Kwon caindo no chão, imóvel, me perseguia mesmo acordado. Tudo ao meu redor estava envolto na escuridão do quarto, mas nada parecia familiar ou seguro.

— É apenas mais um pesadelo. Somente um pesadelo — Tento me convencer, mas meu corpo não respondia à razão. Era como se estivesse de volta naquela noite. De repente, sinto um toque suave, quente e reconfortante ao meu lado.

— Jungkook? — A voz de S/N me trouxe de volta para o presente, como se ela fosse a âncora que me puxava do abismo. Seu toque era firme, mas gentil. Ela se moveu rapidamente na cama, puxando-me para os seus braços sem hesitar, como se já soubesse o que fazer. Meu peito ainda arfava, mas, aos poucos, a sensação de estar perdido no pesadelo começou a ceder.

Eu me deixo cair contra ela, sentindo o calor de seu corpo me envolver. O aroma familiar de seus cabelos, o som suave de sua respiração, tudo começou a trazer ordem ao caos na minha mente. Ela me segurou com força, como se pudesse me proteger dos monstros que viviam dentro de mim, daqueles fantasmas que me perseguiam todas as noites.

— Está tudo bem, amor. Foi apenas um pesadelo ruim — Ela murmurou, com sua voz suave e reconfortante, como se fosse um bálsamo para a minha alma ferida. Ela começou a acariciar minhas costas, movimentos lentos, repetidos, que ajudaram a acalmar os nervos em frangalhos — Estou aqui com você. Está tudo bem agora.

Fecho os meus olhos, tentando respirar fundo, sentindo cada toque dela como se fosse a única coisa que me ligava ao presente. A dor do passado ainda estava lá, latejante como uma ferida que nunca cicatriza, mas com S/N, com seus braços me envolvendo, eu conseguia, pelo menos por um momento, silenciar os gritos, o terror que eu sentia e os tiros que ecoavam na minha mente todas as noites durante anos.

Ela sempre sabia o que dizer, e como me acalmar. Eu me perguntava, às vezes, como ela conseguia lidar com isso, com os meus pesadelos, meus medos. A culpa que me consumia. Mesmo quando estava perdido em meio à escuridão, ela me puxava de volta, me dava um motivo para continuar lutando contra os demônios que insistiam em me assombrar.

Aos poucos, o tremor no meu corpo começou a diminuir, minha respiração voltando ao normal. O peso no meu peito ainda estava lá, mas era suportável. Tudo parecia um pouco menos aterrorizante nos braços dela. Eu a abraço mais forte, sentindo o conforto, o alívio. Ela era minha rocha, meu refúgio em meio à tempestade.