O aroma de comida fresca ainda estava impregnado no ar da tenda, um sinal remanescente da refeição substancial que Kain havia consumido. A sensação de comida sólida em seu estômago após meses na mata era indescritivelmente gratificante. As vestes novas de general pareciam demasiadas limpas e formais após tanto tempo em armadura de batalha. Kain sentou-se, sentindo o tecido suave de sua túnica roçar em sua pele limpa.
Estava sem sua armadura, o peso familiar ausente de seus ombros e, pela primeira vez em muito tempo, se sentia quase confortável. Suas feridas, que foram tratadas com habilidade, ainda doíam, mas era uma dor surdina, facilmente ignorada quando comparada com a dor esmagadora de sua perda recente.
Palomides estava sentado diante dele, alguns mapas e anotações em suas mãos robustas. Sua voz reverberou na tenda, pontuada por uma formalidade estrita que Kain mal conseguia lembrar.
— General, posso informar que nossas tropas estão segurando as linhas nos postos avançados, mas a pressão está aumentando. Aqui na fronteira com Leon estamos totalmente seguros e com provisões suficientes por enquanto, mas a rota de suprimentos de Bargon está em perigo... — Palomides continuou, detalhando o estado da guerra, as posições das tropas, as condições dos suprimentos, o estado dos feridos. As palavras se transformaram em um fluxo constante de informação, cada detalhe crucial para a gestão eficaz do acampamento e para a condução da guerra.
A cada nova informação, Kain sentia o peso do comando. Não deveria, mas era algo novo para ele. Não era mais apenas um soldado, agora era um general, com a vida de militares em suas mãos novamente. E, apesar da fadiga que ainda o consumia e da dor que latejava silenciosa, ele sentia que talvez não estivesse completamente pronto para enfrentar o desafio que estava à sua frente.
No entanto, uma interrupção súbita quebrou o fluxo do relatório de Palomides. Um soldado entrou na tenda, seu rosto corado e ofegante — Um cavaleiro de Leon se aproxima, General! — Exclamou, apontando para a entrada da tenda — Ele pede para falar com o comandante do acampamento.
O ar na tenda ficou imediatamente tenso. Uma visita de um um homem de armas de Leon não parecia que era algo comum e, considerando o estado atual do conflito, nada bom poderia ser esperado disso. Kain ergueu-se, a seriedade se assentando em sua expressão enquanto se preparava para enfrentar o que quer que fosse que essa nova situação trouxesse.
Ele assentiu com compreensão, assimilando a dura realidade que o Capitão lhe apresentava. A situação era pior do que ele havia imaginado, e a presença de Dillard Darksword se mostrava mais ameaçadora a cada informação adicional que recebia.
Permitiu-se um breve momento para se recompor antes de falar novamente.
— Compreendo — disse, engolindo em seco.
Ele não podia deixar que seu desconforto transparecesse para os soldados. Precisava parecer seguro e confiante, mesmo que por dentro estivesse em tumulto. Ele era um guerreiro, não um comandante. Mas agora precisava desempenhar ambos os papéis e fazer o melhor que pudesse.
Ao se dar conta de que o 'comandante' ao qual o mensageiro de Leon desejava falar era ele mesmo, Kain parou por um momento. Ele não tinha ideia de porque um cavaleiro do reino de Leon procuraria falar com ele. Nem imaginava o que deveria ser dito ou como deveria se portar.
— Quanto ao cavaleiro de Leon... — disse Kain, pausando para encontrar as palavras certas — Deixe-o entrar. Embora eu não saiba qual é a sua intenção, é importante ouvi-lo. Pode ser uma notícia importante ou uma mensagem de seu reino.
Ele olhou para Palomides, tentando manter sua insegurança oculta. Seus olhos transmitiam uma mensagem silenciosa para aqueles que conseguissem lê-los: neste momento de incertezas, ele necessitava, mais do que nunca, da experiência e sabedoria de um general de verdade.
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O Avatar de Gaia
FantasyNo ano 277 da era da Aurora, o outrora majestoso reino de Asten jazia em ruínas, engolido pelas sombras de uma guerra implacável. O que começou como um sussurro inquietante nos confins do império, ignorado pela arrogância dos poderosos, agora rugia...