𝟎𝟑. ㅤㅤ𝓓𝑨𝑹𝑲 𝓖𝑳𝑨𝑵𝑪𝑬.

5.2K 488 76
                                    



𝑜𝑙𝘩𝑎𝑟 𝑜𝑏𝑠𝑐𝑢𝑟𝑜

A manhã seguinte parecia mais tranquila, e eu me sentia surpreendentemente calma

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A manhã seguinte parecia mais tranquila, e eu me sentia surpreendentemente calma. 

Após a primeira missa do novo padre, eu não havia mais encontrado com ele pelo convento como imaginei que encontraria. Cada espaço parecia o mesmo de sempre, familiar, e os rostos conhecidos me traziam certo alívio. 

A intensidade de sua presença ainda pairava sobre mim, como uma lembrança, algo que eu me esforçava para ignorar. Talvez estivesse pensando demais, me distraindo do que realmente tinha importância.

Mais tarde, a madre superiora anunciou um jantar em celebração à chegada de Charlie. Um jantar assim não acontecia com frequência, então havia uma movimentação especial em torno dos preparativos. 

O salão principal estava cuidadosamente decorado, mesas alinhadas e adornadas com velas perfumadas. Pessoas importantes da comunidade local foram convidadas, e toda a paróquia estava presente.

Me posicionei em um canto com Isabelle, observando a movimentação. Charlie já estava no salão, cercado por pessoas que o cumprimentavam amistosamente. Ele parecia quase natural naquele ambiente, como se já estivesse ali por muito tempo. 

Sua presença era tão imponente, tão marcante, que todos ao seu redor pareciam se inclinar um pouco mais, como se fossem atraídos pela sua gravidade.

Notei como ele cumprimentava cada pessoa, seu rosto revelando uma calma inabalável, mas com aquele mesmo olhar escuro, profundo e penetrante, que o tornava difícil de definir.

Enquanto observava, tentava focar em Isabelle, que conversava comigo com sua voz animada e seu riso fácil.

── Ele realmente tem um efeito sobre as pessoas. ── Isabelle comentou, lançando um olhar para a cena. ── Não é estranho? É como se todo mundo ficasse meio... fascinado com ele.

Assenti, sem saber o que responder. Havia algo quase magnético nele, algo que fazia até mesmo aquelas paredes parecerem diferentes quando ele estava por perto. 

Eu continuava ali, dividindo minha atenção entre Isabelle e a multidão que parecia se dissolver ao redor do padre.

Até que, enquanto conversava com Isabelle, uma voz grave surgiu atrás de nós, me trazendo de volta em um susto. 

── Vocês devem ser Sarah, e Isabelle... Estou certo?

Me virei imediatamente em direção a voz, e me deparei com o padre Charlie, que de repente já estava ao nosso lado, como uma sombra. 

Meu coração pulou, levei um instante para encontrar minha voz.

── Padre Charlie... ── Sussurrei.

Ele me observava com aqueles olhos escuros, firmes, o olhar enigmático como se ele visse algo além do que eu mostrava.

── Que bom ver vocês por aqui. ── Ele disse, com um leve aceno. 

Sua voz era grave, com um tom de controle absoluto, parecia projetado para atingir quem estivesse ouvindo. 

Ele então olhou para Isabelle, cumprimentando-a com uma leve inclinação de cabeça.

── Padre Charlie. ── Ela se inclinou, com um sorriso educado. ── Espero que esteja sendo bem recebido.

── É uma honra estar aqui. ── Respondeu, seus lábios se curvando levemente em um sorriso.

Logo, seu olhar voltou para mim, com uma curiosidade calma e incisiva, mas que me fez tremer.

── Ouvi falar muito de você, Sarah... ── Ele apontou para mim, sua voz grave e compenetrada. ── A madre falou muito bem de você.

Surpresa, eu olhei para Isabelle, que apenas me lançou um sorriso encorajador. 

── De mim? ── Respondi, tentando manter minha voz firme. ── Sobre o quê?

Ele assentiu, com seu olhar fixo.

── Ela comentou sobre você cuidar muito bem do jardim daqui. ── Respondeu, atingindo meu peito com uma intensidade a mais. ── E você parece alguém que realmente aprecia a tranquilidade. Eu gosto disso.

Eu sorri, agradecida, sem saber ao certo o que responder. Havia uma coisa em seus olhos, algo que eu não conseguia identificar. Parecia estar me analisando, mas de uma forma que não se encaixava no tom habitual de um padre. 

Isabelle tentou aliviar o silêncio que se formou.

── E o que trouxe o senhor até o nosso convento, padre? Já conhecia nossa comunidade?

── Sim, irmã Isabelle. ── Respondeu, ainda olhando para mim antes de voltar seu olhar para ela. ── Este é um lugar bem conhecido pela fé e devoção de suas irmãs. Parece um lugar... especial.

A conversa continuou por mais alguns minutos, mas, em algum ponto, senti o olhar dele voltar para mim diversas vezes, como se tentasse me decifrar. Ele mantinha a postura discreta, mas algo na maneira como me observava parecia intencional, sorrateira.

Por mais que eu tentasse relevar, sentia como se aqueles longos minutos se estendessem além do esperado. 

Uma inquietação crescia dentro de mim, uma sensação que parecia se intensificar cada vez que ele repousava seus olhos sobre mim.

── Se precisarem de mim... estarei por perto. ── Ele se afastou, me lançando um último olhar.

Eu ainda sentia as marcas daquela presença ao meu redor. Algo no olhar dele sobre mim era indecifrável.




𝐃𝐄𝐕𝐎𝐓𝐈𝐎𝐍, charlie mayhewOnde histórias criam vida. Descubra agora