Nada É Impossível

018 - "seguranças"

Théo Davis

"Meu coração acelerou ao ver quem tinha chegado. Ela estava... Linda. Como sempre sorrindo, com seus cabelos soltos e voando em seu pequeno rosto por conta do vento. Passei tantos minutos admirando aquela pequena garotinha que nem percebi a presença do meu pai ao meu lado.

Eu não devia estar a encarando tanto. Ela deve achar que eu sou um psicopata – não que eu me importe com o que uma garota acha de mim – Eu sempre achei intrigante que sempre quando eu a via, meu coração disparava, era como se ela acendesse dentro de mim um sentimento que ninguém nunca conseguiu acender, isso é algo bem assustador.

Pisquei algumas vezes para tentar tirá-la da minha cabeça. Olhei para o meu lado direito e meu pai estava lá, me observando. Ele ficou por alguns segundos me analisando e logo depois o canto de seus lábios se curvaram em um leve sorriso, o que eu achei estranho, meu pai nunca sorria.

- Ela é bonita, não acha? – Ele apontou com o queixo para a garota que estava cumprimentando algumas pessoas da festa junto com seus pais, a garota que eu estava observando.

Virei desinteressado para onde ele tinha indicado. Arqueei levemente a sobrancelha e logo me virei novamente para meu pai.

- Nunca reparei – dei de ombros – ela tem 8 anos, não fico reparando em crianças.

Talvez essa seja uma das maiores mentiras da minha vida.

Meu pai riu baixinho e se virou para olhar a menina e logo depois voltou a me encarar.

- Não minta para mim, garoto. Eu vejo o jeito como você olha para ela, vejo como evita falar com ela, ou olhar em seus olhos. Sempre a observa de longe... Sabe, acho que ela nunca percebeu.

- Eu não fico...

- Já fui jovem igual a você, Théo. Não tem problema você achar a pequena Brown bonita – Papai me interrompeu.

Desviei meu olhar para qualquer outro lugar do salão enorme da casa dos Miller. Disposto a não continuar esse assunto patético.

Essa era mais uma das reuniões de famílias ricas e frescas. E eu infelizmente fazia parte de uma família rica e fresca, então era obrigado a vir nessas reuniões idiotas. Minha mãe ficou doente e não pode vir, a Maya ficou junto com ela, então estava apenas eu e meu pai para representar a família Davis.

- Será que ouvi o sobrenome da minha família? – Uma voz familiar disse – Davis, como vai?

Me virei para ver quem era a pessoa. Era Bryan Brown, ao seu lado estava sua esposa – Liana Brown – e sua filha... A Liz Brown.

- Eu estava comentando sobre a linda amizade de nossos filhos. Théo e a Maya gostam muito da pequena Liz. – Meu pai falou com uma felicidade anormal - O meu pequeno homem estava falando sobre o quanto admira sua filha.

Nesse momento eu tive a vontade de mandar o meu pai calar a boca, porém seria falta de educação. Eu apenas continuei inexpressivo e com os braços cruzados. Eu nem era amigo dela!

As bochechas da Liz ficaram levemente coradas e um sorriso radiante surgiu em seu rosto – sim, eu estava a observando novamente – Ela se virou para me olhar, ela ainda estava sorrindo e quando percebeu que eu não iria retribuir seu gesto a garota apenas se encolheu ao lado de sua mãe e desmanchou o sorriso.

- E a Elena? – Agora Liana quem tinha perguntado.

Os Brown eram muito parecidos, até a forma de agir. Eles sempre foram educados, gentis, humildes. Apesar da família deles não serem mais considerada rica, já que faliram a alguns anos atrás, eles continuavam a frequentar eventos, todos gostavam deles.