Capítulo 10

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Benjamin.

Segurei os fios loiros da garota cujo nome eu não me lembrava, e nem fazia questão de lembrar, pressionando seus lábios contra os meus. Sua boca tinha gosto de uísque misturado à limão, e era a única coisa que conseguia fazer eu sentir algo além da amargura sórdida que pesava em minha cabeça. Culpa arranhava meu estômago, como um monstro que tentava me punir de dentro pra fora.

Eu precisava esquecer Isabella. Precisava desesperadamente arrancar as garras dela que estavam cravadas em minha mente, agarrando a qualquer fibra de racionalidade que eu tinha, destruindo uma por uma. Fui sujo e trapaceei. Não havia justificativa boa o suficiente, mas eu não estava pensando direito quando decidi colocar outra pessoa no lugar que ela ocupava.

Desde o nosso último beijo no meu apartamento, o beijo que despertou todos os tipos diferentes de sentimentos que eu podia jurar que não existiam. Mas eu sabia que no fundo, desde a primeira vez que nos vimos ela havia feito algo comigo, e não foi só os socos e o beijo, algo mais naquele dia se ascendeu. E eu neguei isso para mim mesmo por muito tempo, eu menti quando disse que queria que meu pai me visse com uma namorada, menti porque queria passar mais tempo com aquela garota, e não assumi para mim mesmo que era esse o verdadeiro motivo, porque estava com medo então inventei um relacionamento falso como ela mesmo havia feito; o meu pai realmente duvidava que eu fosse conseguir alguém, mas eu não estava nem aí para ele.

Acho que fiquei com medo, porque estava acostumado a me envolver sem um relacionamento, e acostumado a ficar com quem queria sem muito esforço. Isabella foi diferente de todas, me proibindo de beijá-la, sendo tímida mas com a língua afiada; as outras mulheres pagavam caro para as indústrias de beleza para ter um rosto como o dela, ela era inteligente.

Forcei minha mente a abrir espaço para outra pessoa, achando que poderia simplesmente apagar Isabella da minha programação. No entanto, a sua imagem continuava na frente dos meus olhos cada vez que eu o fechava. A sua figura era tão persistente e incisiva que estava se tornando difícil negar o óbvio.

Você pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir.

Eu não queria foder com uma desconhecida, ainda por cima quando uma mulher completamente diferente era dona dos meus pensamentos. Tive que tomar alguns copos de cerveja para tomar coragem suficiente para sequer convidar a garota loira para uma ficada no escritório.

Naquele cômodo grande, repleto de cabos, prateleiras e a porra da mesa de madeira, onde era o escritório do meu pai, era complicado me mover de forma que a mesa não rangesse, mas era o único cômodo, depois dos banheiros, que não tinha câmeras, e os quartos estavam trancados. Mesmo assim tentei me afastar, sentindo alguma coisa segurar meu braço perto do pescoço da garota loira.

O seu brinco de argola se agarrou em uma linha frouxa no punho da minha camisa, desfiando o tecido e puxando sua orelha, no que eu poderia chamar de uma comprovação fidedigna da existência do karma. Ela gritou, segurando a joia com força, pressionando a ponta afiada da parte de trás contra a minha pele.

— Tira — gemi, em meio a uma dor cortante, tentando descobrir se aquela menina levava a porra de uma faca na cabeça.

Seu corpo se dobrou sobre o meu e eu tive que apoiá-la contra a mesa em que estava sentada para que não caísse no chão, enquanto se retorcia para tirar o brinco.

— Falta só um pouco, já tô conseguindo — resmungou, de maneira tão frenética que eu quase não entendi o que estava dizendo. Senti o alívio em meu braço e consegui puxar a mão de volta no momento em que ela deixou escapar um suspiro. — Pronto, que sufoco. Onde nós paramos? — perguntou, deslizando os dedos pelos cós da minha calça com a sobrancelha arqueada.

Eu ainda queimo por você Onde histórias criam vida. Descubra agora