Capítulo 13

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Isabella

Eu estava inquieta, e sentia aquela sensação estranha que parece que você está prestes a sufocar, como se minha respiração estivesse densa, como se não conseguisse fazer o simples movimento de aspirar e expirar. Tudo porque Ben me perguntou sobre minha irmã.

Pode parecer um pouco egoísta o que vou dizer, mas Jane me deixou no pior momento possível. Tudo bem, eu sei que ela não tinha escolha, que ela não desejou morrer, que não foi de propósito. Mas ainda sinto aquela parte da minha vida sendo arrancada com o último suspiro dela.

Só eu sei quantas vezes ela correu para o meu quarto para me distrair quando ouvia as brigas começarem; é, ela tentou esconder de mim o caos que era até quando pôde, e quando não conseguiu mais  ainda tentava fazer parecer que não era tão grave. Eu sabia a verdade. Ela sabia que eu sabia a verdade. Mas ela ainda assim fazia isso por mim.

Então você consegue imaginar como foi viver naquela casa por um ano inteiro sem Jane por perto para maquiar o horror que era viver ali? Você não conseguiria imaginar nem se eu desenhasse.

Era pior do que viver em uma casa mal assombrada.

Eu teria me tornado amiga dos fantasmas se fosse o caso, teria feito amizade com o bicho papão debaixo da minha cama. Eu sobreviveria a isso. Fácil fácil.

Como era que eu ia falar aquelas coisas todas a Ben?

Estava arrumando uma forma de contar mascaradamente para ele, igual como minha pobre irmã fazia comigo. A última coisa que eu queria dele era a pena.

E o cafajeste ainda por cima me chamou pra morar com ele.

Sou filha do meu pai, mas não sou tão doida assim.

— Quer pão de queijo? — perguntei, formalmente. Na última vez quase o playboyzinho acabou com os meus pães.

— Não, tô bem! — respondeu pondo a cabeça por cima do encosto do sofá, para me encarar enquanto dizia.

Ben havia se mostrado muito prestativo, e quando me dei conta de que estava ligando para ele, e não para Kate, eu torci bem lá no fundo do meu subconsciente que ele não atendesse, mas com uma pontada de esperança, porque eu de fato não queria ficar sozinha em casa.

— Certo. Não tinha muito mesmo, Maria fumaça.

— Se você pode me chamar disso, posso te chamar de Pinscher — reclamou, ainda me encarando sobre o sofá.

— Já falei que não sou cadela, seu fumante!

Peguei o pote de vidro e retirei três pães de queijo de dentro, puxando o pirex para perto para colocá-los em cima.

Havia coisas que eu não tinha contado a Ben sobre a minha sensação de estar sendo perseguida. A primeira delas foi sobre o dia que começou a perseguição.

Eu tinha acabado de sair da escola, mexia ligeiramente nas pontas do cabelo depois de guardar um lápis que tinha em mãos no bolso detrás da minha calça, tomada por pensamentos confusos, segui para o sul a passos pesados, na direção de algumas lojas e lanchonetes. Kate estava na diretoria com Emmy; parece que a irmã menor de Kate tinha batido, dessa vez, em um menino. Passei os dedos pelos cabelos e respirei fundo algumas vezes antes de virar a esquina.

Ao atravessar outra rua comecei a perceber que ia na direção errada. O tráfego reduzido de pedestres que eu via ia para o norte e parecia que os prédios eram principalmente armazéns. Decidi voltar para o leste na esquina seguinte, depois contornar após algumas quadras e tentar minha sorte numa rua diferente ao voltar para o calçadão.

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⏰ Última atualização: Oct 19 ⏰

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