Benjamin.
Segurei o cigarro entre meus lábios e inclinei o corpo para frente, envolvendo o objeto de madeira com mais força, mirando a esfera branca antes de dar a tacada. Três bolas de bilhar colidiram e, enquanto uma parou no lugar, duas foram lançadas em direções opostas, caindo dentro das aberturas nas extremidades da mesa.
Alex gemeu ao meu lado, batendo a ponta do seu taco no chão oco, sem tentar disfarçar a expressão de desgosto. Ele nunca soube perder, não me surpreendia o fato de que ele nunca mudava esse seu jeito, era assim desde que o conheço por gente. O garoto, apenas um ano mais novo do que eu, também não era tão competitivo ao ponto de se obrigar a aprender só para não perder outra vez.
Acabei sorrindo com sua insatisfação, segurando meu cigarro antes de dar uma tragada. Ele tossiu no momento em que a fumaça colidiu contra seu nariz, com os olhos quase fechados e a mão abanando em frente ao rosto.
— Você tá roubando — me acusou, engasgado — O que tem nesse baseado? — perguntou ao vir para cima de mim em um salto com pouca coordenação e nenhuma noção de espaço, tentando tirar o objeto dos meus dedos ao mesmo tempo que trombava na quina grossa da mesa.
Afastei minha mão do seu alcance rapidamente, erguendo-a acima da minha cabeça. Eu era um pouco mais alto do que Alex e a barreira improvisada com o taco de sinuca impediu que ele se aproximasse ainda mais, mesmo que continuasse pulando com careta de dor em seu rosto e o punho pressionado contra o quadril.
— Não inventa, seu fodido — protestei, batendo o antebraço em seu tórax para que se afastasse de uma vez e parasse com aquela merda que estava começando a me deixar tonto. — Você que não sabe jogar — completei, esclarecendo o óbvio.
Ninguém era tão bom na sinuca quanto eu.
Cliff gargalhou, tropeçando no chão do bar. A garrafa em sua mão quase caiu e ele soltou um resmungo de frustração, parando com a brincadeira ao tentar equilibrar a garrafa que segurava com um único braço, para pegar uma das banquetas sobre o balcão de mármore e sentar nela. Não era horário comercial e o estabelecimento se encontrava vazio, as mesas estavam montadas e a única luz que refletia ali provinha das amplas janelas abertas que ocupavam a maior parte das paredes laterais.
Estávamos aproveitando um tempo no bar, antes do show começar, e antes da clientela chegar. Dei um jeito de chegar cedo hoje, viemos direto pro bar assim que saímos da escola.
— Eu não tenho todo o tempo do mundo pra ficar jogando, Benjamin. Ao contrário de você, que agora passa mais tempo com aquela garota, e esquece até de compor, não vem aos ensaios, e nos deixa na mão várias vezes. Com certeza fica treinando com ela, não é? Treinando de enfiar a bola no buraco. — Alex falou do meu lado, batendo com o taco na parte de trás das minhas pernas.
— Eu vou quebrar essa porra — avisei, olhando para o objeto em suas mãos com animosidade. Odiei a forma como ele falou de Bella, aquilo causou uma fúria da qual eu não queria ter sentido nesse momento, senti muito mais a raiva pelo que ele falou dela, do que pela forma como falou comigo. De nós quatro, Alex era o mais irritadiço, o mais moleque e bagunceiro. Em seu rosto, a expressão presunçosa estava firme, ainda que seus pés recusassem por centímetros.
— Quebrou, tem que pagar. E já vou avisar, Alex — Mike se intrometeu, no momento em que meu adversário se jogou em cima da cadeira mais próxima. — Dica básica de sobrevivência: é melhor você não entrar no assunto conseguinte, porque ele sempre fica putinho. — completou, apontando em minha direção com a cabeça, como se não tivesse ficado claro o suficiente sobre quem estavam falando. Em seguida, tomou um gole na garrafa de cerveja em sua mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu ainda queimo por você
Romance━━━━━━━ •♬• ━━━━━━━ Quando aos 17 anos, Isabella Corrigan decide que morar com seus pais não é mais uma opção, após os últimos acontecimentos, a garota se vê obrigada a fugir de casa. Morando com sua melhor amiga, Bella se vê cara a cara numa verdad...