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Nina acordou com o som insistente de batidas na porta

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Nina acordou com o som insistente de batidas na porta. Com os olhos ainda pesados de sono, ela se arrastou até a entrada do quarto de hotel, resmungando em um tom quase inaudível. Ao abrir a porta, sua empresária, e também amiga, entrou sem hesitar, como se já estivesse acostumada com a rotina de acordar Nina em cima da hora.

— Levanta logo, Nina! — disse a empresária, fechando a porta atrás de si. — As dançarinas já estão te esperando pra ensaiar, e você ainda aí, toda largada?

Nina revirou os olhos e fechou a porta de volta, caminhando até o sofá, onde se jogou de volta com um suspiro.

— Relaxa, mana. Eu vou assim mesmo — Nina deu um sorriso preguiçoso, gesticulando com as mãos em um gesto despreocupado. Ela usava um short branco fino, que deixava à mostra a barra da cueca branca, e um top esportivo preto, expondo suas tatuagens que cobriam boa parte do torso e dos braços. As tatuagens que se estendiam até o rosto sempre atraíam olhares e, para ela, eram um símbolo de sua trajetória.

A empresária, Charlotte, uma mulher americana de traços sérios e um tom sempre prático, cruzou os braços e negou com a cabeça.

— Não, você não vai assim. Tem um show inteiro pra preparar, G. O ensaio de hoje é crucial.

Nina deu uma risada baixa, levantando-se devagar.

— Tá, tá bom. Eu já vou me trocar. Mas relaxa... O show vai ser foda, e você sabe disso.

Ela foi até o closet improvisado no quarto de hotel e começou a procurar algo para vestir. Seus movimentos eram lentos, quase preguiçosos, mas isso fazia parte de seu charme. Sabia que tudo nela chamava atenção: o jeito relaxado, as roupas oversized inspiradas nos anos 90, com aquele toque masculino que misturava a sensualidade e a rebeldia. Enquanto procurava algo para vestir, colocou os grillz dourados nos dentes, que sempre usava para destacar seu sorriso.

Nina saiu do quarto vestida com uma camiseta larga de basquete, calças cargo que quase arrastavam no chão e tênis brancos de cano alto. O cabelo longo e cacheado caía em ondas até os ombros, e ela usava uma bandana amarrada na testa, completando o visual com ares de nostalgia dos anos 90.

— Pronto. Agora tô decente? — provocou, abrindo os braços.

Charlotte apenas riu, apontando para a porta.

— Vamos logo, antes que você resolva deitar de novo.

Nina deu de ombros e saiu, caminhando pelos corredores do hotel com aquele andar despreocupado, enquanto pensava no show que faria no dia seguinte. A abertura das Olimpíadas de Paris estava prestes a acontecer, e Nina G, a rapper internacionalmente famosa, era o nome mais esperado para a apresentação. A pressão era grande, mas ela estava pronta. Sempre estava.

Enquanto isso, em um ginásio a alguns quilômetros dali, Júlia Soares estava se preparando para as competições que começariam em dois dias. O treinamento estava intenso, como de costume. Júlia, de 19 anos, era uma das ginastas mais promissoras da equipe brasileira. Ela ajustava os últimos detalhes da coreografia no tablado, quando Flávia, uma de suas amigas de equipe, se aproximou, já com o celular na mão.

— Cês viram quem vai fazer a abertura das Olimpíadas amanhã? — perguntou Flávia, com um sorriso maroto no rosto.

Jade, Lorrane e Rebeca, que estavam por perto, pararam o que estavam fazendo e se juntaram.

— Quem? — perguntou Jade, arqueando as sobrancelhas.

— Nina G! — Flávia respondeu com entusiasmo. — Aquela rapper famosa! Ela é intersexual, sabia?

— Sério? — Lorrane arregalou os olhos.

— Sim! E ela é bonita pra caramba! — Flávia completou, olhando a tela do celular. — Mas, como todo rapper, ela deve fumar maconha pra caramba também.

Rebeca deu uma risada curta.

— Típico, né? Mas não dá pra negar que a mulher tem presença.

Júlia, que até então estava em silêncio, observando a conversa, ficou curiosa. Ela nunca tinha ouvido falar muito de Nina G, mas, ao ouvir as meninas comentando sobre a rapper, algo dentro dela despertou uma curiosidade inesperada. Disfarçando, ela espiou a tela do celular de Flávia, que mostrava uma foto de Nina.

Na imagem, Nina estava com um de seus visuais característicos: camiseta larga, calça larga, tatuagens visíveis e aquele sorriso cativante com os grillz dourados nos dentes. Júlia nunca havia falado abertamente sobre sua sexualidade. Na verdade, nunca havia ficado com outra mulher, e aquele mundo parecia distante para ela. Mas havia algo em Nina... uma energia que a atraía, mesmo que ela não quisesse admitir.

— Ela parece... diferente, né? — Júlia comentou baixinho, quase para si mesma.

— Ah, ela é gata demais, Júlia — Lorrane comentou, rindo. — E vai ser o maior sucesso na abertura amanhã. Vai ver, vai roubar a cena.

Júlia assentiu, mas seu pensamento já estava longe. Algo naquela imagem ficou gravado em sua mente. Talvez fosse a liberdade que Nina representava, a maneira como ela parecia não se importar com o que pensavam dela. Talvez fosse o fato de que Nina não se encaixava em rótulos, algo que Júlia sentia que fazia falta em sua própria vida. Ela se pegou imaginando como seria assistir ao show de Nina de perto, ao vivo, e a curiosidade só crescia.

Enquanto Nina ensaiava suas coreografias e se preparava para seu show de estreia nas Olimpíadas, Júlia estava concentrada em seus treinos, mas o pensamento sobre a apresentação da rapper não saía de sua cabeça.

— Vamos ver como é essa tal Nina G — murmurou Júlia para si mesma, enquanto observava a tela do celular mais uma vez, uma faísca de curiosidade crescendo dentro dela.

Amanhã, seria o início de algo que ela ainda não sabia explicar, mas sentia que mudaria tudo.

Amanhã, seria o início de algo que ela ainda não sabia explicar, mas sentia que mudaria tudo

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Primeiro capítulo...

Sᴏɴs ᴅᴀ ᴘᴀɪxᴀ̃ᴏ | ʲᵘˡᶦᵃ ˢᵒᵃʳᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora