PEDIDO - SHAMELESS

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A casa dos Gallagher, como sempre, estava caótica. A mesa da cozinha estava cheia de copos e pratos empilhados, algumas latas de cerveja vazias se acumulavam nos cantos, e o som abafado da TV ecoava pela sala. Era um ambiente bagunçado, mas, de certa forma, acolhedor – o tipo de caos que era normal para eles.

Lina, no entanto, estava nervosa. Ela não costumava se importar com a desordem, mas naquele dia, tudo parecia mais intenso. Talvez fosse o fato de que ela finalmente havia decidido apresentar Hideki à família. Ele era diferente de qualquer um que ela já tinha trazido para casa – não apenas pelo passado sombrio, mas pela presença intimidante que carregava consigo. Mesmo que ela soubesse o quanto ele era gentil, sabia que sua família teria reações diversas.

Hideki, por outro lado, parecia calmo. Ele estava sentado no sofá, a postura firme e controlada, os músculos tensos sob a camisa ajustada. Suas tatuagens, que cobriam desde o pescoço até os tornozelos, chamavam atenção, mas o que mais se destacava era o olho esquerdo – coberto por uma cicatriz profunda que ia da sobrancelha até a linha do maxilar, deixando o olho de um branco leitoso. Era a marca mais evidente de seu passado violento, mas Lina sabia que, por trás dessa aparência assustadora, ele era um homem de coração mole. Mesmo assim, era difícil ignorar o ar ameaçador que ele exalava, especialmente quando estava cercado por estranhos.

Fiona foi a primeira a romper o silêncio. Ela olhou de Lina para Hideki com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

— Então... você é o Hideki? — ela perguntou, com os braços cruzados, tentando manter a postura firme, mas era impossível não notar a leve hesitação em sua voz.

Hideki assentiu, sua voz grave ressoando pela sala.

— Sim. É um prazer finalmente conhecer todos vocês. — Ele olhou de Fiona para o resto dos Gallagher, seu tom educado, mas sua presença parecia carregar um peso que fez o ambiente parecer mais denso.

Carl, sentado no chão ao lado de Lip, inclinou-se para frente, os olhos fixos nas tatuagens de Hideki.

— Cara... — murmurou Carl, sem disfarçar o fascínio. — Você é tipo... muito fodão, né? Quantas brigas de faca você já venceu?

Lina revirou os olhos, mas sorriu, sabendo que Carl faria esse tipo de pergunta. Hideki, por sua vez, manteve a calma.

— Algumas — respondeu ele, sem dar mais detalhes, um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios. Não era arrogante, mas havia um quê de mistério que só deixava sua figura ainda mais intimidadora.

Lip, sempre o mais cético, observava Hideki com atenção. Ele não confiava tão facilmente, especialmente em caras que apareciam com cicatrizes e olhos que pareciam pertencer a um filme de máfia.

— E você já fez parte da Yakuza, ou algo assim? — perguntou Lip, sua voz carregada de suspeita.

Lina sentiu seu corpo ficar tenso. Ela sabia que perguntas como essa viriam, mas não queria que a história de Hideki fosse o foco principal. Ainda assim, Hideki não se incomodou. Ele estava acostumado a essa reação, e seu rosto permaneceu inexpressivo.

— Era um outro tempo da minha vida — respondeu ele calmamente, o tom neutro, mas firme. — Eu deixei isso para trás.

Mickey, sentado no outro sofá ao lado de Ian, soltou uma risada sarcástica.

— Certo, certo... "deixou para trás". Todo mundo sabe que essas coisas não somem tão fácil.

Ian deu uma cotovelada leve em Mickey, tentando calá-lo, mas Mickey continuou, o olhar desafiador.

— Não me leve a mal, grandão — ele continuou, os olhos azuis estudando Hideki. — Mas eu não confio em caras que têm cicatrizes de briga de faca e um olho todo fodido.

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