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Ir para o colégio era uma tarefa difícil, principalmente quando eu preciso lidar com Genevive todos os dias. Ela me odiava. Não era um ódio visceral, mas o suficiente para eu preferir desviar dos corredores sempre que a avistava se aproximando.
Eu até tentava viver minha vida sem me importar com os comentários de Gen sobre mim, por isso, comecei a usar fones de ouvido o tempo todo, na esperança de bloquear qualquer som que viesse dela. Mas infelizmente eu não podia usar fone no dia do baile, o que me trouxe um arrependimento enorme de ter vindo, mesmo tendo minha amiga como companhia - que estava atrasada, como sempre.
Genevive se aproximou da mesa com um sorriso malicioso nos lábios, seus olhos percorrendo meu vestido e penteado com desdém evidente. Seu vestido azul claro era deslumbrante, realçando sua beleza natural e contrastando com o olhar crítico que ela lançava sobre mim.
— Sério, [nome]? Esse foi o melhor vestido e penteado que escolheu para hoje? — ela provocou, sua voz carregada de desprezo.
Senti meu rosto corar de constrangimento enquanto ela continuava a examinar cada detalhe do meu visual. O vestido que eu tanto havia escolhido com cuidado de repente parecia inadequado, e o penteado que eu pensava que estava bonito agora parecia desajeitado aos meus olhos, sob o olhar crítico de Genevive.
— Sabe que não ganha de mim no baile de hoje, não é? Principalmente com essa... roupinha sem graça — ela disse, seu sorriso de lado deixando claro que estava se divertindo com a situação.
Antes que eu pudesse responder, ela se afastou, me deixando sozinha com meus pensamentos. Decidi sair dali, seguindo em direção à sala de música. Tocar piano sempre me acalmava, cada som de cada tecla era como um acalento para minha alma.
Ao entrar na sala de música, meus olhos se encheram de brilho ao avistar o lindo e velho piano vermelho. Sentei-me e comecei a tocar uma melodia suave, deixando-me envolver pela música e afastando os pensamentos negativos sobre o baile e Genevive. O som do piano enchia a sala, criando uma atmosfera tranquila e reconfortante, um refúgio seguro longe das críticas e pressões da escola. Fecho os olhos e sigo os movimentos conhecidos, apertando uma tecla após a outra.
Me assusto quando ouço o som de uma tecla que não havia tocado, meus dedos pararam sobre as teclas quando ouvi o som estranho. Lentamente, virei meu rosto e me deparei com Peter Kavinsky, encarando o piano ao meu lado. Nós não nos falávamos muito, apenas trocávamos algumas palavras em aulas que tínhamos juntos e em alguns encontros casuais na rua da minha casa. O momento mais significativo que eu já vivi com Kavinsky, foi quando tivemos que fazer dupla na aula de educação física e eu tropecei durante o treino, indo de encontro ao chão. Ele lidou com tudo de maneira dramática, me tirando risadas enquanto me levava à enfermaria para cuidar do machucado em meu joelho. Peter era o típico atleta do ensino médio, bonito, charmoso, popular, engraçado e... ex de Genevive. Ninguém sabia ao certo o motivo do término deles, mas isso tornou Peter muito mais acessível do que antes.
Por um momento, ficamos em silêncio, eu olhando para ele e ele observando o piano. A presença dele ao meu lado era inesperada, mas não totalmente indesejada.
— Eu soube o que aconteceu... — Ele diz quebrando o silêncio e olhando serenamente para mim — Você tá bem?
A pergunta dele foi simples, mas carregada de significado. Senti um nó se formar em minha garganta, lembrando-me dos eventos recentes que haviam abalado minha vida. Inspirando fundo, tentei manter a compostura.
— Não... — Digo sincera, cortando o contato visual que ele mantinha comigo e voltando a atenção ao piano, passando a mão pelas teclas e sentindo uma pequena lágrima descer em meu rosto.
— Eu discordo dela — sua voz era suave e reconfortante. Eu podia sentir Peter me abraçar mesmo não encostando um dedo em mim, apenas com o tom da sua voz — Você fica maravilhosa nesse vestido.
As palavras de Peter foram como um bálsamo para minha alma ferida. Mesmo sem querer, um pequeno sorriso se formou em meus lábios. Ergui o olhar para ele, encontrando seus olhos cheios de compreensão e empatia.
— E também acho linda a forma como seu cabelo está, caindo pelos seu ombros e costas — Ele continua, seguindo os olhos pelo meu cabelo — Sabe, algumas pessoas falam demais nos cercando de mentiras sem fim. Mas você não deve acreditar tanto nelas.
— Obrigada, Peter... — Falei sorrindo tímida e olhando para minhas mãos.
— Todo mundo sempre quis saber o porque eu terminei com ela. Foi por sua causa, [nome]. — Eu o encaro confusa e com medo, ouvindo suas palavras — Não, não exatamente por sua causa. Mas, eu só notei que eu não queria estar aturando as vontades de Gen ou ouvindo ela falar por meia hora sobre como ela estava com raiva por ter quebrado a unha aquela manhã, eu... — Ele se vira para mim, passando uma das pernas para o outro lado do banco — Eu queria rir com você. Queria estar com alguém tão espontânea que não tem medo de chorar de rir mesmo com todo mundo olhando...
Eu nunca. Jamais. Em toda a face da terra. Poderia imaginar que Peter Kavinsky estava afim de mim. E mais que isso, que o status de namorar Genevieve tivesse perdido o significado, perto de mim.
— Peter...
— [nome] — Ele diz levantando do banco e me oferecendo a mão — Volta pro baile e dança comigo?
Eu sorri de verdade. De um jeito que eu não sorria há um bom tempo. Entreguei minha mão para ele e disse um sonoro e doce "Sim, Peter Kavinsky. Eu aceito dançar com você"
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