Silêncios que ferem

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A luz da manhã filtrava-se pelas janelas do restaurante, criando um ambiente acolhedor, mas carregado de tensão. Carol entrou cedo, o aroma do café fresco preenchendo o ar. Seus olhos buscavam a familiaridade de Rosa, mas ao invés disso, encontrou o patrão dela, um homem de expressão severa e olhar desconfiado.

"Bom dia," disse Carol, tentando soar casual. "Você poderia me falar sobre a Rosa? Quais são os horários que ela sai?"

O patrão franziu a testa, confuso com as perguntas. "Olha, não sei se é meu lugar responder isso. Melhor você falar diretamente com a Rosa."

Nesse instante, Rosa apareceu à porta, com seu uniforme impecável e uma aura de indiferença. Ela cumprimentou o patrão rapidamente, os olhos desviando para não encontrar os de Carol.

"Oi," Carol disse, a voz hesitante.

Mas Rosa apenas passou por ela em silêncio, como se Carol não existisse. Um frio percorreu a espinha de Carol. "Onde você estava noite passada?" perguntou ela, receosa.

Rosa parou por um breve momento, mas não olhou para Carol. "Não estamos mais juntas, Carol. Não lhe devo satisfação," respondeu com uma frieza que cortou o coração de Carol.

Aquelas palavras ecoaram na mente de Carol enquanto ela observava Rosa se afastar. O silêncio entre elas era ensurdecedor. Sem saber o que fazer, Carol decidiu ir embora.

Carol saiu do restaurante e dirigiu-se diretamente à delegacia, seu coração acelerando com cada passo. Ao entrar, encontrou Deivid sentado atrás da mesa, sua expressão entediada.

"Deivid," começou Carol, hesitante. "A garçonete que você viu... era a sua irmã?"

Ele balançou a cabeça. "Não."

Desesperada, Carol se inclinou para frente. "Me ajude por favor! Não estou aqui como policial; estou como namorada dela. Não vou machucar ela," implorou quase em um sussurro.

Deivid a olhou com uma mistura de compaixão e desânimo. "Ela não é minha irmã."

"Que horas termina isso?" Deivid perguntou com tédio evidente na voz. "Não aguento mais ficar nessa cela."

Irritada e frustrada, Carol saiu da sala e ficou na entrada da delegacia, tentando organizar seus pensamentos confusos.

Quando se virou, deu de cara com Rosa novamente. "O que você está fazendo aqui?" perguntou Carol sem entender.

"Só vim avisar que tirei todas as minhas coisas da sua casa e que não tenho mais nada," disse Rosa com uma seriedade que parecia inabalável.

"Espera Rosa, não tenha pressa," pediu Carol, tentando encontrar alguma conexão entre elas.

"É melhor assim e vim também para lhe entregar as chaves," respondeu Rosa friamente.

Nesse momento tenso entre elas, os policiais receberam uma ligação inesperada. A voz do hacker ecoou pelo rádio: "Eu tenho uma proposta pra você, capitão Jacob; ouça-me bem. Me encontre em um lugar fora da cidade ou colocarei fogo na cidade toda. Faça a escolha certa."

Um dos policiais franziu o cenho e disse frustrado: "A mensagem foi criptografada; não consegui localizá-lo."

Carol olhou para Rosa com culpa nos olhos enquanto ela entregava as chaves da casa e se afastava lentamente. O peso daquela despedida parecia insuportável; cada passo de Rosa parecia levar embora não apenas suas coisas, mas também um pedaço do coração de Carol.

A manhã seguia seu curso enquanto os ecos do passado pairavam no ar pesado entre elas—um momento que poderia ter sido cheio de amor agora era apenas silêncio e promessas quebradas.

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