6 - Baby Yoda.

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Passamos o resto da tarde ensaiando, sem tocar no assunto novamente, a tensão que Sana parecia sentir após desabafar aparentemente tinha sumido completamente. Foi quando a morena levantou em um pulo após escutar os primeiros acordes de Mr. Taxi soar dos alto falantes da caixinha de som.

– Não acredito – Falou enquanto dava pulinhos de alegria — É a minha música favorita!!! – A morena estava tão empolgada que eu pude sentir sua empolgação ser refletida em mim mesma.

– TZUUUUUUU – Somos tiradas de nossa bolha pessoal por minha irmã que acabara de chegar e agora corria em nossa direção, se juntando a Sana – VOLTA A MÚSICA POR FAVOR – Pediu a mim juntando suas mãos, e fazendo biquinho – EU SOU A YOONA OK? – Minha irmã falou olhando para Sana que sorriu e acenou concordando.

– Eu sou a Sooyoung – Sana falou de volta e as duas pareciam se entender, começando os primeiros passos da dança.

As duas estavam se divertindo tanto, e isso me fazia sorrir, minha irmã às vezes errava alguns passos, mas nada perceptíveis, ja Sana sabia a coreografia de cor e salteado.

– Nossa você arrasa – Minha irmã falou assim que a música terminou, as duas ainda na pose final da coreografia.

– Obrigada, você também é muito boa...– Sana a encarava esperando que ela respondesse seu nome.

– Chou Ning, ou só Ning como preferir - Minha irmã a olhava sorrindo seu peito ainda subindo e descendo demonstrando o esforço que tinha feito – E você é?

– Minatozaki Sana, ou só Sana – Agora as duas se encaravam sorrindo cúmplices – Prazer conhecer você Ning.

– O prazer é meu San... — Ning parece analisar a japonesa fazendo uma expressão de surpresa, como se não acreditasse — ESPERA, MINATOZAKI SANA? A LÍDER DE TORCIDA DO L'AIGLE — Ela analisava as roupas de Sana que estavam cobertas pelo blaser azul marinho da escola, deixando aparente só sua saia que era tão característica, fazendo Ning levar suas mãos aos lábios e procurar meu olhar.

— Sim, eu mesma — Sana fala com um sorriso orgulhoso — E você é irmã de Tzu né? — Minha irmã balançou sua cabeça freneticamente, seu olhar agora é de completa admiração.

— Você é amiga da Yoda? — Ela parecia surpresa, não sei se pelo fato de eu ter uma amiga, ou pelo fato dela ser líder de torcida. Reviro os olhos com o apelido e Sana ri.

— NingNing! — A repreendo, mas a mais nova parece não se importar.

— Yoda? — A risada de Sana agora era estridente, ela e minha irmã riam juntas do apelido que minha mãe tinha me dado.

— Sim — Ning continuava rindo — Tzuyu,
bota o cabelo atrás da orelha — Minha irmã falou, me fazendo revirar os olhos novamente e por mais que eu não ligasse para o apelido, eu não queria que mais alguém além de minha mãe e irmã me chamassem de "Baby Yoda"

— Bota Tzuyu, por favor — Sana me olhava ansiosa, o sorriso ainda pairava em seu rosto, era quase impossível negar algo a ela, então com muita vergonha botei meu cabelo atrás de minhas orelhas, esperando que elas explodissem em gargalhadas — Que fofa! — Mas não, Sana não gargalhou, ela me olhava com doçura, seus olhos brilhavam, e seu sorriso era tão grande que agora seus olhos eram apenas linhas.

Talvez não fosse um apelido tão ruim.

TZUYU

— Ning? — Chamei minha irmã que agora estacionava o carro em um posto de gasolina.

— Oi — Ela fez menção de descer do carro, mas voltou assim que a chamei.

— Você se lembra quando vocês se conheceram? — Ning franziu o cenho confusa, mas logo entendeu a pergunta que eu estava fazendo.

— Sim, me lembro — Ela parecia pensar, talvez estivesse pensando em quais respostas me daria percebendo o quão frágil eu estava — Nós dançamos Mr. Táxi, e eu contei que seu apelido era Yoda — Ela deu um pequeno sorriso, e por mais que a dor em mim fosse grande, eu sabia que Ning também sentia. Ela estava decepcionada, e por mais que escondesse eu sei que ela gostava de Sana, as duas se aproximaram com muita facilidade e Ning a admirava. Sana era uma figura importante a qual ela se inspirou enquanto estudamos no L'aigle.

Suspiro pesadamente, parecia que nem todo oxigênio do mundo era capaz de encher meus pulmões, volto a me deitar no banco quando minha irmã fecha a porta do carro e caminha em direção a loja de conveniência.

Era sufocante, eu encarava meu celular toda hora, abria nossas conversas e fechava para novamente abri-la, na esperança de que ela me mandasse algo. Que dissesse que também sentia minha falta, falta de nós, das nossas conversas, dos nossos momentos, dos nossos abraços, dos nossos beijos. Nós.

Eu encarava a última mensagem como se pudesse mudar o destino apenas com a força da mente. "Sinto muito Tzuyu, Adeus." aquelas palavras martelavam na minha cabeça, nós tínhamos tantas memórias, tínhamos tanto pela frente...

Fecho meus olhos com força quando sinto que eles marejaram novamente, junto com a dor de cabeça. Não era justo, nada disso era justo. Foi quando os primeiros acordes de loml começaram a soar pelos altos falantes do carro que eu desabei. De novo.

Não percebi a presença de minha irmã no carro novamente, só quando a mais baixa estendeu sua mão me oferecendo o comprimido e a garrafa de água. Ela não me interrompeu. Ela sabia o quão dolorido estava sendo, ela sabia que eu não precisava escutar mais sermões, não precisava escutar que eu devia superar. Eu só precisava colocar tudo pra fora, eu só precisava da presença dela. Eu estava quebrada.

Senti meus olhos pesarem novamente, não sabia o que era aquele comprimido, mas voltei a dormir no minuto seguinte, com as lágrimas secando em meu rosto.

GOOD LUCK, BABE - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora