Minha Doce Obsessão | REESCRITA

07

You know what I'm thinkin', see it in your eyes
You hate that you want me, hate it when you cry
You're scared to be lonely, 'specially in the night
I'm scared that I'll miss you, happens every time

The Weeknd (feat. Ariana Grande)

Rafael Siqueira

Já haviam completado três horas de confronto.

Os becos estavam manchados pelo sangue de policiais e traficantes do complexo, alguns sequer pareciam ter chego aos dezesseis anos.

O barulho dos tiros era algo incessante, os meus ouvidos já haviam até se acostumado, ninguém ali estava de brincadeira e até agora não tínhamos chego até o Chefão, aquele filho da puta estava sabendo se esconder.

Vênus estava bem atrás de mim, ela realmente era foda pra caralho, não só estava atirando nos envolvidos, como conseguia perfeitamente evitar os não envolvidos que estavam apenas tentando fugir daquele caos.

Recebi uma cotovelada e olhei para ela, que só tinha seus olhos a minha vista.

— Preciso que me dê cobertura!

— Ficou maluca? Vai fazer o que?

— Consegue fazer o que eu estou pedindo ou não?

Assenti, ainda sem entender e ela correu para a direita, indo para trás de um carro e quando consegui ver melhor, tinha uma criança de no máximo seis anos no seu colo, com o rosto vermelho e banhado por lágrimas.

Porra!

— O que a gente vai fazer com ela? — pergunto quando ela volta e se abaixa, ficando na mesma altura em que eu estava.

A criança ainda chorava copiosamente e Vênus a balançava, tentando a acalmar de toda forma.

— Preciso achar um lugar seguro pra ela.

Vênus olhou em volta e não havia nada além de gritos, barulho de rádio e tiros.

— Fica com ela, posso continuar sozinho!

— O que? Claro que não! Eu vou dar um jeito!

— Pelo menos uma vez na vida você pode me ouvir? Essa menina vai morrer se você não proteger ela!

— Você também pode morrer, sabia?

— Não vou. Fica que eu volto pra buscar vocês.

Recebi a informação de onde Chefão estava pelo rádio e encarei a mulher que acenou pra mim.

— Vai!

Continuei subindo até chegar numa casinha escondida e velha, encontrei reforços do lado de fora e arrombei a porta, fui recebido por vários fuzis já apontados para mim e os outros.

— Acha mesmo que eu ficaria sem segurança? — a voz que eu reconhecia muito bem chegou aos meus ouvidos e o arrepio percorreu pela minha espinha — Eu sabia que um dia você viria atrás de mim, até que demorou...

— Renda-se e ninguém se machuca! — gritei, a fim de disfarçar todo o desconforto existente em mim.

— Se os meus caírem os seus também caem! Você tem muito a perder.

— Mas eu não. — a voz reconhecida soou junto com tiros disparados pelas pistolas de uma italiana nervosinha, que acertou dois homens de uma só vez.

Quando todos pensaram em retaliar, nós já estávamos atirando.

E atirando para matar.

Chefão olhou em volta, perdido e antes mesmo de correr, o cano da arma estava em sua nuca e seus braços se levantaram em rendição quando percebeu que não tinha para onde ir.