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I lose control
When you're not next to me
I'm fallin' apart right in front of you, can't you see?

Teddy Swims

Rafael Siqueira

Abro a porta de casa e expiro todo o ar que está preso em meus pulmões devido ao cansaço e as várias missões que vêm aparecendo.

Vou até a cozinha e quando vejo as panelas sobre o fogão um palavrão sai alto da minha boca.

Puta que pariu viu!

Acontece que está um calor infernal no Rio de Janeiro e essas panelas estão desde a manhã de ontem em cima do fogão, ao inspirar um pouco de ar, o cheiro da comida azeda me invade e logo prendo a respiração novamente.

Depois de jogar tudo fora, precisei pedir algo para comer pelo ifood, já que eu não teria paciência ou energia alguma para ir fazer a minha própria comida.

Após comer, não precisei de sequer dois minutos assistindo televisão antes que apagasse completamente dominado pelo cansaço de passar mais de vinte e quatro horas acordado.

Com o cigarro entre os dedos, eu observava mulheres dançarem na boate e sozinho, já que Júlio decidiu sumir depois de conversar um pouco com uma mulher.

Meus olhos pousaram no quadril que balançava no ritmo da música, a essa hora eu já estava alto por conta da bebida, mas não me impediu de chegar na mulher de pele negra que vestia um vestido vermelho sangue, que marcava todas as suas curvas.

Seus olhos finalmente encontraram os meus e ela sorriu, virando a bunda pra mim e dançando de acordo com a batida, o vestido subiu e quando tive o vislumbre da calcinha também vermelha me levantei imediatamente e então colei nossos corpos, em momento algum ela me afastou, minhas mãos estavam em sua cintura e apertei com um pouco de força, podendo ouvir um gemido sair dos seus lábios.

Acordo sobressaltado com o despertador e o suor escorre pela minha testa, passo a mão no rosto com o intuito de despertar, me levanto da cama e vou para o chuveiro, ligando na água gelada.

Ao sair do banho, ponho a calça do uniforme e a minha tradicional camisa preta, junto das botas e pego meu carro para ir pro trabalho.

Quando chego, sou solicitado na sala do Ricardo Lins, o meu melhor amigo e comandante do BOPE.

— Perguntinha, quem me solicitou foi o Coronel ou o pé no saco do meu melhor amigo.

— O Coronel, agora senta a bunda aí! — obedeci no mesmo instante — Tenho uma missão importante pra você, nesse sábado, o Complexo vai fazer um baile em homenagem ao merda que comanda aquela porra, e como você sabe, a polícia vêm tentando conseguir pegar esse filho da puta a muito tempo, mas eles só estão perdendo oficiais. — quando percebi onde ele chegaria, meu corpo enrijeceu — Você vai liderar a invasão no Complexo e vai trazer o Chefão pra mim.

Ao escutar aquele nome automaticamente um arrepio percorre pela minha espinha, depois de duas décadas vou ter que reencontrar o homem que matou meu pai, Michael Siqueira, que também era um capitão do BOPE. Ainda não sei ao certo como não me mataram naquela madrugada, minha mãe chorou durante semanas pela morte do meu pai e atualmente, ela ainda sente muita falta dele, não se relacionando com mais ninguém até hoje.

Minha Doce Obsessão | REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora