|𝟎𝟖 𝐅𝐚𝐢́𝐬𝐜𝐚 𝐃𝐨 𝐏𝐚𝐬𝐬𝐚𝐝𝐨|

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A noite foi interminável

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A noite foi interminável.

Eu já devia estar acostumada com as insônias, mas algo naquela madrugada parecia diferente. As horas arrastavam-se e, apesar do cansaço no meu corpo, minha mente não deixava-me descansar. Fechava os olhos, mas logo os pensamentos invadiam, um após o outro, como se a escuridão trouxesse à tona tudo o que estava a tentar evitar. A colina. O rapaz. As palavras que Nicollas disse na noite anterior. Tudo parecia se sobrepor a uma confusão exaustiva.

Quando os primeiros raios de sol começaram a aparecer pela janela, desisti de lutar contra o sono. Levantei-me, com corpo mole, mas sabia que estar deitada na cama era inútil. Fui até a janela e fiquei a observar o amanhecer. Era raro ter esses momentos tão quietos, onde o mundo ainda parecia adormecido. E, de alguma forma, isso trouxe-me uma breve sensação de calma.

Ouvi Nicollas a movimentar-se pela casa, preparando-se para ir para a escola. Ele tinha mencionado que na próxima semana iria com ele, mas a ideia de recomeçar ainda parecia distante demais para processar. No entanto, ver a rotina de Nicollas de longe, enquanto ele se preparava, despertou algo dentro de mim. Eu precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa, para afastar os pensamentos. Talvez... correr. Sim, isso poderia ajudar a libertar um pouco da tensão acumulada.

Decidi-me rapidamente. Vesti umas roupas confortáveis, ainda sem saber ao certo se o meu corpo aguentaria a uma corrida, já que quase não dormi. Ao passar pelo espelho, notei as olheiras sob os meus olhos, mas não importei-me. Tudo o que eu queria era sentir o ar fresco e o movimento dos meus músculos.

Quando estava a caminho da porta, algo fez-me parar. Lá fora, havia uma silhueta. Fiquei parada por um momento, a observar, a tentar reconhecer a pessoa. O rapaz estava de costas, encostado à moto do Nicollas. Ele parecia familiar, mas... algo não batia certo. Não era ninguém que eu tivesse visto recentemente, mas também não era totalmente um estranho.

Aproximando-me da janela, fiquei a observá-lo por mais alguns segundos. A postura dele, a maneira como estava inclinado sobre a mota, havia algo de conhecido nisso. Senti uma estranha sensação de déjà vu, mas não conseguia colocar o dedo em onde o tinha visto antes. Era como se o tivesse encontrado em algum lugar recentemente, mas ao mesmo tempo... não fazia sentido. Quem seria?

De repente, uma memória distante surgiu. Nicollas tinha um melhor amigo, não tinha? Diego. Fazia tanto tempo que eu não o via. Na verdade, faziam mais de dois anos, e eu só o via de relance durante o verão, já que Nicollas passava mais tempo connosco. Ele devia ter mudado, claro. Dois anos podiam fazer muito com uma pessoa, especialmente com um rapaz jovem. Talvez fosse por isso que eu não o reconhecia de imediato.

Respirei fundo, prevendo o que estava por vir, quando abri a porta e dei um passo para fora, ele se virou para mim, e o sorriso que apareceu no rosto dele não inspirava confiança. O rosto dele estava diferente, mais maduro do que eu lembrava, mas ainda assim reconhecível, a personalidade mais confiante... mais irritante, provavelmente. Só que... algo mais incomodava-me. Era como se já o tivesse visto noutro lugar, mais recentemente.

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