|𝟎𝟏𝟎 𝐀 𝐄𝐬𝐜𝐨𝐥𝐡𝐚|

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O motor da moto rugia enquanto voltava para casa, mas, por dentro, a minha mente estava em outro lugar

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O motor da moto rugia enquanto voltava para casa, mas, por dentro, a minha mente estava em outro lugar. Mesmo com o vento a bater no rosto, não conseguia afastar os pensamentos sobre a rapariga da colina. Aqueles olhos escuros, que  encaravam-me como estivessem a tentar desvendar algum segredo, não saíam da minha cabeça. Havia algo nela que puxava-me, algo que não consego explicar. Eu precisava vê-la novamente. Talvez fosse apenas curiosidade, mas essa sensação de mistério estava a afetar-me mais do que eu gostaria de admitir.

O dia já tinha começado com surpresas. Quando fui até à casa do Nicollas, não esperava encontrar Valentina. Dois anos sem vê-la, e agora, de repente, ela estava de volta, diferente. Mais madura, com uma atitude que não reconhecia, mas a faísca sempre presente, adorava pegar com ela.
Ela parecia familiar de algum modo, mas não conseguia entender o porquê. Ainda assim, não liguei muito a isso — dois anos é muito tempo para qualquer pessoa mudar, especialmente uma miúda com a idade dela.

Quando cheguei em casa, o som familiar dos gritos da minha mãe já atravessava as paredes. O mesmo caos de sempre. O mesmo ciclo vicioso. Suspirei, desliguei a moto e entrei. O eco dos insultos dela preencheu o ar antes mesmo de eu conseguir fechar a porta.

"Inútil! Nunca fazes nada de bom! Sempre a fugir das responsabilidades!" a voz dela cortava o silêncio como navalhas.

Ignorei. Sabia que não havia nada que pudesse fazer para acalmá-la. Já tentei várias vezes antes, e o resultado era sempre o mesmo. Fingi que não ouvi e subi rapidamente as escadas e traqueia a porta do meu quarto. Fechar a porta era a única maneira de criar uma barreira entre mim e o mundo lá fora. Mas, na verdade, o caos entrava comigo.

Sentei-me na cama, tentei controlar a respiração. O meu telefone vibrou, e por um segundo, senti um alívio ao ver que era o Nicollas. Talvez fosse uma chance de escapar dessa realidade, nem que fosse por algumas horas.

Mensagens On
Nicollas: "Testone, vou ficar em casa com a Valentina hoje. O meu pai não vai estar, e achei melhor ficar com ela. Podemos sair amanhã, tranquilo?"

Mensagens Off

Olhei para a mensagem, uma onda de frustração cresceu lentamente. Não estava chateado com o Nicollas, mas eu precisava sair. Precisava espairecer a cabeça, e o fato de que ele ia passar a noite com a Valentina significava que eu não tinha para onde ir.

Agarrei o telefone com mais força do que pretendia. Duas opções surgiram na minha mente. Eu podia ligar para a Bianca, que sempre estava disponível para encontros sem compromisso. Sexo ocasional, sem drama, sem expectativas. Normalmente, isso  ajudava-me a distrair, a desligar. Mas, hoje, de alguma forma, essa ideia parecia insuficiente.

A outra opção era voltar para a colina. A garota dos olhos escuros ainda estava na minha cabeça. Talvez ela estivesse lá outra vez, e se estivesse... bom, poderia satisfazer a curiosidade. Nada mais.

Levantei-me, decidido. Agarrei as chaves da moto novamente e saí de casa antes que minha mãe pudesse perceber. O som do motor a acelerar era a única coisa que  trazia-me algum alívio, algum controlo. Segui pela estrada, o vento mais frio agora que o sol já se tinha posto, mas isso não importava.

Cheguei à colina e estacionei a moto. E dirigi-me para sentar-me no mesmo lugar, olhando ao redor. A noite estava a cair rápido, e a escuridão começou a tomar conta do horizonte.

Esperei. Por algum motivo, estava à espera que ela aparecesse, mas sabia que era um tiro no escuro. Não tinha nenhuma garantia de que ela voltaria ali, e muito menos de que ela fosse real. Tudo o que eu sabia eram os seus olhos, e eles podiam pertencer a qualquer rapariga por aí.

O tempo passou. A frustração começou a subir enquanto eu encarava a paisagem deserta. Estava a sentir-me um idiota por estar ali, à espera de uma desconhecida.

Talvez eu estivesse a ficar demasiado obcecado por algo sem sentido. Ela podia ser qualquer pessoa, e eu não a reconheceria, mesmo que estivesse cara a cara com ela.

Peguei no telemóvel e liguei para o Nicollas. Se ele ia passar a noite em casa com a Valentina, talvez eu pudesse aparecer por lá e distrair-me. Qualquer coisa era melhor do que este vazio.

"Fala,Testone," atendeu, a voz casual de sempre.

"Posso passar aí?" A minha voz saiu mais carregada do que esperava.

Houve um silêncio do outro lado. "Claro, mas... está tudo bem? É só que... parece que estás um pouco estranho."

Suspirei, sem querer prolongar a conversa, mas sabia que Nicollas ia insistir se eu não dissesse algo. "Preciso de espairecer a cabeça. A situação lá em casa... sabes como é."

O silêncio do outro lado ficou mais pesado, e eu sabia que ele estava a pensar na minha mãe. "Ela está... naquele estado outra vez?" perguntou ele, cauteloso, a voz carregada de preocupação.

"Sim" respondi, sem emoção, mantendo a voz firme. "Mas já sabes, é o normal."

Nicollas hesitou antes de continuar, claramente incomodado. "Mano... sabes que podes contar comigo? Se precisares de falar ou de uma pausa... tu já sabes."

Agradeci em silêncio pela preocupação, mas não queria falar sobre isso. "Eu sei, Testone. Só vou aí, preciso mesmo de sair de casa."

Ele soltou um suspiro, aceitando a resposta sem pressionar mais. "Está bem. Fica à vontade. A Val está aqui, mas vai ser tranquilo, ela não se importa." ouvi a piccola de fundo a reclamar, um sorriso surgiu na minha cara.

"Obrigada," murmurei, desligando logo de seguida.

Guardei o telemóvel no bolso e olhei ao redor uma última vez, mas já sabia que a garota dos olhos escuros não iria aparecer. Talvez fosse melhor assim. O que quer que fosse aquilo, era só curiosidade. E eu não deixava uma mulher mexer comigo. Nunca.
Ou pelo menos era isso que eu continuava a dizer a mim mesmo.
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Muito obrigada por teres lido até aqui! Mais um capítulo concluído, e espero que ames todos os próximos.🖤
Eu espero que estejas amar a história tanto quanto eu estou a amar escrevê-la. O apoio é extremamente importante para mim!

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Até o próximo capitulo, Vida do Diego não é fácil não..✨

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