IN FLIGHT: Up In The Air

Cap. 10 - Dra. Pervertida

O resto do voo passou em uma espécie de borrão para mim. Nós fizemos o serviço de queijos e vinho, e eu deliberadamente me abstive de fazer qualquer contato visual com Ying, sabendo que eu ficaria envergonhada se ela me desse olhares estranhos.

Eu queria fingir que ninguém tinha nos ouvido na cozinha, e que certamente não tinha entendido os ruídos pelo que realmente eram. Enquanto eu não olhasse para ninguém diretamente, eu poderia continuar tentando me convencer de que esse era o caso.

Evitei olhar para Ling quando a servi novamente. Eu tinha erguido minha compostura fria como uma armadura após nossa cena sórdida, mas eu sabia que apenas um olhar dela poderia me desfazer por completo.

Meu lado do carrinho estava na fila para servi-la por uma golpe de má sorte, então, eu calmamente lhe perguntei o que ela gostaria, sem nunca olhá-la diretamente.

Ela disse que iria aceitar uma fatia do queijo brie e algumas uvas. Eu peguei o pequeno prato para servi-la mas a visão que encontrei me paralisou por um longo momento.

Eu notei várias coisas ao mesmo tempo.

Ela retirou seu blazer branco revelando uma fina segunda pele da mesma cor, da qual arregaçou as mangas até metade dos seus antebraços, apresentando uma pose relaxada. Com a luz do sol através de sua janela, pude ver tênues linhas brancas de pequenas cicatrizes em seus pulsos. Eu fiquei imediatamente curiosa sobre as marcas, mas não foram elas que me chamaram atenção a primeira vista.

Sua camisa possuía um corte na área do colo que evidenciava sua garganta, expondo levemente sua clavícula numa meia lua. A visão de sua pele lisa me deixou selvagem. Eu subitamente me senti carente dela, especialmente com o pouco que eu tinha chegado a ver, considerando tudo que tínhamos feito uma a outra.

A visão dela era incrivelmente sexy, me parecendo quase íntimo demais para trajes no avião. Isso era ridículo, é claro. Não havia regras especiais contra ela apresentar qualquer parte do corpo em público apenas porque era muito melhor do que todos ao redor.

Sim, vê-la nessa casualidade me deixou excitada no mesmo instante.

Mas isso não era o que tinha me detido em meu curso. Foi o objeto em sua mão que fez isso. Sua mão direita estava em seu joelho, ao lado de sua bandeja, na mesa vazia, mas sua mão esquerda estava sobre a mesa, como se quisesse exibir o objeto que segurava como um troféu.

Era o lenço que ela tinha socado em minha boca na cozinha. Sua mão o apertava reflexivamente, como se isso a acalmasse.

Me forcei a olhar para longe dela, e eu não voltei atrás. O pensamento me ocorreu pela clareza com a qual essa mulher estava obviamente fora do meu alcance. Ela era muito experiente. Muito rica. Muito pervertida. E eu estava quase tão próxima do oposto de tudo isso, como uma pessoa comum poderia estar. O pensamento foi decepcionante.

Em algum lugar desse caminho eu tinha decidido transar com ela. Mas eu precisava me lembrar de como isso não duraria. Era muito claro que ela vivia seus dias de caçadora, e eu era sua mais nova caça. Eu cederia. Ela iria me foder por alguns dias memoráveis, se eu tivesse sorte, e então cada uma seguiria seu caminho. Eu certamente não quereria mais nada.

Relacionamentos me aterrorizavam em minha essência. Então, qual seria a melhor candidata possível para tirar minha virgindade senão uma bastarda que não namora? Aos vinte e dois, isso não era nada mais do que um fardo. Eu apenas não me preocupei em fazer nada sobre isso antes porque não tinha encontrado alguém que me interessasse o suficiente para desentravar o meu próprio emocional.