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Pov Michael:

Era um dia ensolarado quando cheguei ao colégio, mas meu foco estava longe da luz do sol que entrava pelas janelas. Tinha a banda marcial na cabeça, e o ensaio que se aproximava me deixava ansioso. O treino de hoje prometia ser intenso, e eu estava determinado a dar o meu melhor.

Entrei no ginásio e fui recebido pelo barulho dos instrumentos sendo afinados e pelas vozes animadas dos meus colegas. Enquanto eu me preparava, avistei Sofia com sua faixa de cabelo característica, cercada por outras meninas que a admiravam. Ela sempre foi a estrela da banda, e isso me deixava um pouco invejoso, mesmo sendo um dos principais membros com os tenor drums.

— Michael! Vem cá, precisamos de você! — Daniel me chamou, interrompendo meus pensamentos. Ele estava com o trompete na mão, sua expressão maliciosa já revelando que ele tinha algo em mente.

— O que você quer, cara?— perguntei, tentando me manter focado.

— Vamos ensaiar um novo solo e precisamos da sua batida para dar ritmo. Você e suas habilidades!— Daniel piscou, com um sorriso travesso.

Não consegui evitar a risada.

— Ok, mas espero que você não estrague o solo como fez da última vez!

Começamos a tocar, e logo a música tomou conta do ginásio. A energia era contagiante, e eu sentia a adrenalina correr em minhas veias. Enquanto tocava, meu olhar se desviava para Sofia. Ela se movia com confiança, e não pude deixar de sentir um orgulho fraternal.

No entanto, por mais que o ensaio estivesse sendo divertido, minha mente não parava de vagar. Beatriz sempre aparecia em meus pensamentos. O jeito como ela falava sobre mitologia grega, sua paixão pelos livros, e como ela parecia tão à vontade em seu próprio mundo. Era fascinante.

Após algumas músicas, o ensaio chegou ao fim e os alunos começaram a dispersar. Eu me dirigi a Daniel, que estava conversando animadamente com alguns amigos.

— Ei, você já conheceu a Bia direito?— perguntei, tentando esconder o quão curioso estava.

— Bia? A gêmea da Sofia? — ele respondeu, arqueando uma sobrancelha. — Não muito. Ela parece ser bem reservada, né?

— Sim, ela é. Mas tem algo de especial nela, cara. Ela é diferente. — Não pude evitar um sorriso ao pensar nela.

Daniel deu uma risadinha. 

— Você está com uma quedinha, não está? Posso ver isso de longe!

— Cala a boca! — retruquei, rindo. — Só estou dizendo que ela é legal. E tem bom gosto literário.

— Ah, isso é verdade! Ouvi disser que ela vive lendo — Ele me olhou com uma expressão de malícia. — Acho que você deve se aproximar mais dela.

— Talvez, mas não sei como. A Bia é... bem, ela é diferente. Eu só não quero que ela pense que estou sendo estranho ou algo assim.

— Michael, você é um cara legal. Seja você mesmo. Quem não gostaria de conhecer alguém que toca tenor drums e tem o melhor amigo mais legal do mundo?

Rimos, e percebi que Daniel tinha razão. O que eu tinha a perder? Não havia mal em tentar ser amigo dela. A música do ensaio ainda ecoava em minha mente, misturando-se com a ideia de conhecer Beatriz melhor.

Enquanto caminhávamos para a saída, senti uma onda de determinação. Eu iria tentar me aproximar da Bia, descobrir mais sobre ela e, quem sabe, me tornar um amigo de verdade. Afinal, era hora de sair da minha zona de conforto e aproveitar essa nova oportunidade.

Meu PercussionistaOnde histórias criam vida. Descubra agora