Meu Percussionista

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Pov Bia:

O dia estava indo bem, considerando que eu já tinha sobrevivido à matemática — o que sempre parece uma vitória. Agora, vinha história, minha matéria favorita, e com a melhor professora do mundo, Marcela. Era o tipo de aula que eu sempre esperava ansiosa.

Sentada na minha carteira, perdida no universo de Percy Jackson, a música fluía pelos meus fones de ouvido, me transportando para longe. Mas o que eu não esperava era sentir o toque sutil de alguém esbarrando no meu livro. Levantei os olhos apenas para dar de cara com ele.

— Desculpa, gêmea. — A voz suave e inconfundível de Michael Ferreira, o garoto que há anos fazia meu coração disparar, disse. Ele estava ali, me olhando.

Eu deveria responder algo. Algo normal. Mas minha mente congelou por um segundo, o nervosismo tomando conta.

— Sem problemas... — murmurei, forçando um sorriso que eu esperava que parecesse confiante, mas ele já estava se afastando, sem nem perceber minha resposta.

Michael sempre me chamava de "gêmea". Talvez porque eu tivesse uma irmã gêmea idêntica, mas bem mais popular que eu. Ninguém notava Beatriz, a nerd, quando Sofia, a extrovertida e brilhante, estava por perto. E a verdade é que eu era completamente apaixonada por ele desde o 6º ano. Se ele sabia disso? Dificilmente. Ele provalvemte nem sabia meu nome.

Suspirei, tentando voltar para o livro, mas a sala parecia cheia de uma energia caotica. Foi quando a professora Marcela entrou e, com sua voz firme, trouxe todos de volta à realidade.

— Por favor, pessoal, todo mundo nos seus lugares! Daniel, dá para parar de jogar bolinha de papel no teto?

Levantei a cabeça a tempo de ver Daniel, como sempre, lançando outra bolinha e sorrindo como se estivesse ganhando o prêmio de "melhor aluno rebelde". A sala, que estava agitada, começou a se acalmar enquanto os alunos voltavam para suas carteiras.

E então, do nada, Michael se sentou bem na minha frente.

"Respira, Beatriz", pensei, tentando focar na aula, mas era impossível. O garoto que ocupava meus pensamentos estava ali, tão perto, e eu não sabia o que fazer com minhas próprias mãos, muito menos com o coração acelerado no peito.

— Bom, agora que todos estão nos seus lugares, vamos começar a aula. — Marcela começou, já escrevendo algo no quadro.

Me forcei a olhar para frente. No quadro, estava o título: "Trabalho em dupla sobre mitologia grega". Ótimo! Eu amava mitologia grega. Mas logo o murmúrio na sala aumentou, com alunos se levantando para fazer duplas com os amigos.

— Calma aí, pessoal! Eu vou escolher as duplas. — Marcela interveio, e a sala ficou em silêncio.

Olhei ao redor, vendo Marcela distribuir as duplas, sempre escolhendo quem estava nas carteiras da frente com as de trás. Meu estômago deu um nó.

Ela parou na minha fileira.

— Beatriz e... Michael.

Minha respiração falhou. O universo tinha decidido me colocar à prova.

Eu já vou pedindo as minhas mais sinceras desculpas se houver algum erro de ortográfico.