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Respirei fundo piscando algumas vezes pra provar se aquilo era realmente real ou apenas um mero sonho, um elevador bizarro me conduzia em direção á cima numa velocidade inquietante, em pânico me joguei no canto do elevador, abraçando as minhas per...

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Respirei fundo piscando algumas vezes pra provar se aquilo era realmente real ou apenas um mero sonho, um elevador bizarro me conduzia em direção á cima numa velocidade inquietante, em pânico me joguei no canto do elevador, abraçando as minhas pernas e esperando o pior, mas felizmente e estranhamente ele parou e eu podia ouvir alguém chocado conversando do lado de fora — alguém está aí? — perguntou a voz do rapaz, gelei e permaneci em silêncio, temendo que ele me descobrisse e fizesse algo de ruim comigo.

O elevador estava escuro totalmente; engoli a saliva com dificuldade, sentindo uma queimação de ansiedade no peito, ele começou a abrir o elevador e entrou nele, saltando rapidamente e me encarando por alguns segundos — eu não vou te machucar se é oque quer saber — ele falou, respirei aliviado com a resposta e olhei diretamente pra ele pela primeira vez.

Ele era um rapaz bonito, tinha um cabelo loiro desgrenhado, uma camisa branca amarelada e uma calça marrom, um belo par de olhos marrons e lábios rosados, tombando levantei encarando ele frente a frente e falei — onde eu estou? — perguntei ansioso e ele cortou o contato visual

— na clareira, vou te apresentar se você relaxar. Quer sair daqui? — o loiro perguntou, assenti levemente e acompanhei ele até fora do elevador, lá fora um mundo novo e estranho me esperava, era tudo tão novo, o ar era diferente. A sensação de liberdade não era uma das melhores, muitas coisas passavam pela minha cabeça no momento

Reparei em volta e vi muros em nossa volta, gelei vendo que estava confinado
A sensação de não ter liberdade era esmagadora, não de uma forma boa.
— oque é isso?! Oque é tudo isso? Fala desgraçado — exigi com tanta fúria e medo que sentia meus poucos pelos se arrepirarem.

— eu tô aqui também tá legal? Não é só você que está preso nesse inferno, querendo ou não você não está sozinho seu desgraçado — ele disse, queimando em fúria exigi mais respostas

— fala eu preciso saber por favor, oque é isso — implorei e ele bufou, se sentou num banco e eu acompanhei o mesmo se sentando ao seu lado

— aqui é a clareira, eu acordei aqui como você. É foda porque eu estava sozinho quando acordei aqui, mas agora eu tenho você aqui comigo e eu estou pensando se talvez mais pessoas venham, quer dizer... depois de você é claro, lá fora depois desses muros tem um terrível labirinto, escuto os grunhidos dos monstros toda mísera noite nesse inferno, só... não vai pra lá por favor — ele falava com um tom cansado, dava pra ver que ele era um garoto solitário, não vou negar que me comovi com as palavras dele

— a quanto tempo está sozinho? — perguntei, ele bufou passando a mão no rosto, encarava a paisagem do campo com os braços cruzados

— a três anos... você é o primeiro — ele disse

— bem, se te alivia eu estou aqui agora, mas porque não sei meu nome? Quem eu sou? — perguntei

— você vai descobri depois de um tempo, eu sou o newt prazer — ele estendeu a mão e logo eu retribui.

— prazer newt. — falei

— a caixa, o elevador no caso, trás comida todo mês pra mim. Mas eu também planto algumas coisas, então comida não falta, você vai começar amanhã a trabalhar comigo na plantação, na floresta tem um riacho, se quiser tomar um banho lá tem água fresca, e a comida eu mesmo faço então não se preoculpe

— beleza — engoli em seco com as informações — a caixa está descendo novamente olhe! — apontei para o elevador que agora desceu por completo

— quer ver onde vai dormir? — ele perguntou, assenti positivamente acompanhando o garoto até uma casa feita de madeira, entrei na casa e achei uma cama no canto e outra no outro, havia uma janelinha na beira e alguns vasos de plantas nela.

— se só tem nós, e você não sabia que eu viria porque tem duas camas? — não suportei não perguntar e ele soltou uma leve risada

— nesses três anos eu sempre acreditei que outra pessoa viria pra me fazer companhia, por isso fiz uma cama pra essa pessoa, e todo dia eu esperava algumas horas perto da caixa — ele sorriu mesmo isso não tendo graça alguma — loucura né? — ele falou

— não cara, isso é triste pra cacete — eu ri — mas é como eu disse, eu tô aqui agora e vamos se dar muito bem

— é — ele riu denovo — nós vamos.

Sorri e só aí percebi que estava cansado
— estou cansado, se importa se eu dormir um pouco? — perguntei

— dorme ai — ele disse se retirando, capotei na cama e adormeci.


~

Um som agudo no meu ouvido esquerdo acabou me acordando, respirei fundo percebendo que havia anoitecido, e me levantei devagar, bocejando sai da casa procurei newt por toda clareira, mas não encontrei absolutamente nada

— onde é que ele se meteu? — falei pra mim mesmo indo até a cozinha — chegando lá achei um prato com comida, comi sem se importar de quem era e sai novamente pra fora.

A luz da lua e um vento fresco eram visíveis no momento, de longe vi uma claridade na floresta, e sem duvidar fui atrás, caminhei silenciosamente até chegar perto do riacho, de longe eu vi as costas definidas do loiro enquanto ele se banhava lindamente

Ele se virou pra mim ainda dentro da água e riu da minha feição.

Via uma grande cicatriz nas costas dele, porém mesmo curioso decidi não encarar mais do que apenas alguns segundos

— o fedelho acordou! — ele riu, virando a cabeça pra mim enquanto eu permanecia parado encarando o mesmo

— é acho que sim — brinquei vendo ele soltar uma breve gargalhada

— vem, a água está quentinha — corei exageradamente mas obedeci, tirando as roupas que estava e adentrando no riacho.

— você construiu tudo aquilo? A cozinha, aquela casa... — perguntei e ele assentiu

— sim, é oque se faz quando literalmente não tem nada pra fazer por aqui, ainda estou extasiado com o pensamento de ter outro ser vivo aqui comigo — ele disse, me afundei na água deixando só a cabeça de fora.

— estava lá fora enquanto você dormia, procurando uma saída, quero garantir que vamos escapar ainda esse ano — ele comentou, concordei de imediato

— e não achou nada? — perguntei

— não. — ele disse ríspido

Me encostei na pedra fria pouco atrás de mim, sentindo a água quente aquecer meu corpo — seria intromissão minha perguntar oque aconteceu nas suas costas? — perguntei

— não é da sua conta — ele exclamou

— tudo bem — falei um pouco sentido, mas também não podia julgá-lo por eu mesmo ser inconveniente.

Tomamos o resto do banho calados, ele se levantou pouco tempo depois e vestiu suas roupas partindo para casa para dormir finalmente, e uma dúvida pairou sobre mim, oque porra teria acontecido com ele nesse meio tempo?



The lonely boy ~ NewtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora