— meu deus do céu — trazia uma tora de madeira mesada até dentro da caixa, entrei lá dentro vendo newt sentado e ele na mesma hora falou comigo
— tem certeza que isso vai funcionar? — perguntou o loiro cabisbaixo, desde hoje de manhã, ele permaneceu quieto e não conversou comigo por boa parte do tempo, chegou a ser gritante a solidão de ficar sozinho, e ele não pareceu se importar, via ele conversando com sua amiga imaginaria de vez em quando. Mas não ousava questioná-lo sobre isso
— na técnica se colocarmos peso talvez ela desça — levantei as mangas da camisa e comecei a pular tentando fazer a máquina descer, mas aparentemente nada adiantou, newt bufou me encarando com deboche
— não vai funcionar! Para que tá feio — ele disse alterado, foi aí que eu perdi a cabeça, quer dizer que eu estava fazendo o meu máximo pra escapar e ter comida e a única coisa que ele faz é reclamar? Quem ele pensa que é?!
— seu idiota! você não tá fazendo porra nenhuma e ainda reclama? Vai conversar sozinho que você ganha mais seu merda — explodi vendo ele nem se quer mudar de feição
— vamos ver quanto tempo consegue continuar tentando, eu já disse estamos perdidos eu tentei por três anos! Três anos, e não consegui nada, só sobrevivi até aqui por causa da caixa... e agora nao temos mais ela! Eu só tô com medo — ele disse com os olhos marejados, sentia toda a culpa que joguei nele voltando contra mim, estava com tanta pena que podia sentir algo me mandando pedir desculpas mesmo que não quisesse de jeito nenhum
— desculpa, Temos que ser unidos, só temos um ao outro! Por mim Chega dessa briguinha medíocre — falei quebrando todo o meu orgulho, ele limpou os olhos e sorriu levemente
— temos que achar uma saída juntos, pensar separadamente é uma burrice, e essas brigas são a ruína — ele continuou, concordei de imediato saindo da caixa e estendendo a mão para ele subir, pela primeira vez em dias ele não recuou ao meu toque, uma parte minha ficou grata por ter conquistado se quer um pouco da confiança do loiro
— tenho que te mostrar uma coisa, devia ter te mostrado desde o seu primeiro dia aqui — ele continuou, assenti aguardando oque ele iria falar a seguir, e ele apenas gesticulou pra que eu o seguisse, caminhamos pelo pasto até chegar na floresta, passamos pelo riacho e de longe avistei uma casinha afastada da clareira
Ele abriu a porta e eu entrei, ele acendeu a luz e uma maquete do labirinto foi avistada no meio da sala — uau — falei surpreendido, a maquete era bem detalhada, até a mesma cor do labirinto tinha, nos lados havia alguns pontos marcados com números de um a oito
— oque são esses números? — perguntei apontando pra eles na maquete ele se aproximou e falou:
— eu os achei em cada parte do labirinto, talvez se existir uma saída e precisar de um código já temos o esboço
— existe uma saída. Não quero você pensando nessas coisas mais, ouviu? Vamos escapar — olhei pra ele sério com um olhar preocupado, ele assentiu devagar suspirando fundo e voltando a atenção pra mim novamente
— acho que já podemos ir juntos pro labirinto não é? — falei
— não sei, eu tenho medo de você acabar morrendo, Quase toda vez que vou tenho que lutar com uma daquelas feras — ele exclamou preoculpado
— não é como se tivéssemos muita escolha, eu não vou sair da sua cola — falei tentando fazê-lo ceder, ele bufou e assentiu de leve, pulei animado porém parei vendo a cara dele
— mas primeiro quero ir sozinho, preciso ter certeza que tudo vai estar seguro pra você — ele disse com um leve sorriso de canto, corei e sorri com um largo sorriso.
— me trata como se fosse um bebê — ironizei sorrindo, ele bufou em meio às risadas
— você é o meu único fedelho, seria horrível perder você — ele brincou.
~
Fazia um tempo desde que Newt estava no labirinto, a tarde já iria chegar ao fim, e eu havia preparado um prato especial pra ele e pra mim, depois de tomar um longo banho no riacho e ficar cheiroso e bonito, fui em direção da frente do portão, esperei por um tempinho e nada dele chegar, olhei em volta e avistei ele cambaleando em direção da porta, via sangue saindo da perna dele
— NEWT VEM LOGO PRA CÁ — gritei vendo o garoto tentar correr até mim.
O portão começou a fechar, e uma onda de choque percorreu o meu corpo
Com um impulso burro porém ágil entrei no labirinto, ignorando tudo oque me foi falado, porém eu não podia deixá-lo lá. Preferia morrer junto com ele do que ficar vivo sozinho, porque sabia que sobreviver sozinho pelo resto da vida era um castigo mortal.Corri até ele e o portão se fechou por completo.
— newt! Oque ouve? Você tá bem?! — sentei ele no canto da parede gélida e ajudei ele a estender a perna machucada
— estou, foi um verdugo! Porque veio?... — perguntou o garoto
— não ia deixar você sozinho — falei com convicção.
— muito bem, a noite já está caindo, temos que achar a toca de um dos verdugos e se trancar dentro dela... — ele logo tornou a feição seria, assumindo o posto de líder e me mandando fazer alguma coisa, gostava disso, ele realmente servia pra ser um líder.
— vem cá — peguei o garoto no colo e ele gemeu com o contato na perna machucada então comecei a correr pelo labirinto.
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The lonely boy ~ Newtmas
RomantizmThomas é novo na Clareira que curiosamente só possui um garoto loiro como morador, nela eles terão apenas um ao outro na sua nova jornada que abrange monstros, perdas e mortes contínuas.