Capítulo 02

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Nos encontramos no final ;)

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POV Narrador

Lauren sempre foi muito desconfiada, cismada demais; e, quando algo não lhe cheirava bem, ia até o fim para saber toda a verdade. Por isso a função de detetive lhe cabia perfeitamente. Porém, era dura demais consigo mesma, recriminava-se por qualquer deslize que cometesse. Era uma quase “condenada de guerra”, e continuava a agir exatamente como seu pai a criara.

Não tinha família. Culpava-se pela morte de sua mãe, já que ela havia morrido em seu parto. Ficou órfã de seu pai quando tinha 15 anos. Sua guarda ficou com um amigo dele, e como seu tutor não tinha tempo para assisti-la de perto, optou em mandá-la para um colégio interno na Suíça. Nessa época, seu pai foi mais um combatente na guerra do Iraque; ele era deveras orgulhoso e patriota para aposentar-se como Coronel da Infantaria nas Forças Especiais. Nunca encontraram seu corpo. Não tinha irmãos. Seu pai nunca se casou novamente, pois vivia exclusivamente para a vida militar.

Lauren era valente e madura. Às vezes nem parecia possuir sentimentos, embora fosse de uma doçura frágil e meiga. Aprendeu a ser fria com a criação distante e sistemática de seu pai. Mas a genética transformou-lhe numa linda mulher, como sua falecida mãe. Seus olhos verdes, inigualáveis com o mar, quase nunca recebiam pintura. Porém, ainda assim, sua beleza era indescritível, o que fazia com que homens e mulheres estivessem aos seus pés.

[...]

Havia uma agitação intensa no terceiro andar, naquela manhã. Algo totalmente fora do padrão pacato do Condado de Roseland. Havia ocorrido um tiroteio entre gangues locais, o que ocasionou muitos feridos direcionados para o hospital, principalmente com necessidade de cirurgia de emergência.

— Lauren, acorde! — ela estava apagada. Havia cochilado sentada no sofá de dois lugares da sala da Dra. Vives. — Lauren, vamos, querida, abra os olhos.

POV Lauren

Senti mãos fazendo um cafuné na lateral da minha cabeça. Esse estágio de quase consciência é fantástico para se concentrar em cafunés ou carinhos. Mas calma! Onde eu estou? Forço os olhos, tentando acostumar com a claridade, até enxergar aqueles lindos olhos castanhos olhando intensamente para mim. O que Camila está fazendo na minha frente, se eu não lembro quando nos encontramos?

— Lolô, você é muito dorminhoca, levanta esse traseiro malhado e vamos combater o crime. — Eu não entendia que tipo de brincadeira era essa, mas a vi sumir da minha visão sem nenhuma explicação plausível. Apenas foi, deixando uma dor de cabeça horrível.

— Lauren, se sente bem? — ouvi uma voz conhecida, e finalmente abri os olhos despertando do meu transe. — Acho que estava sonhando, parecia agitada.

— Mil desculpas Dra. Vives, eu não sei como peguei no sono aqui. Estou atrapalhando seu trabalho? Que horas são? Estou saindo, não se preocupe. — Estava tão nervosa por estar invadindo o ambiente de outra pessoa e falei atropelando as palavras.

— Não se preocupe, Lauren, você não atrapalha. — Ela se sentou ao meu lado. — São agora 6h35 da manhã. Que tal você ir para casa descansar um pouco? Continuar aqui por hora não vai ajudar em nada. Você precisa estar bem. — Me olhou preocupada. Eu estava um caco, realmente precisava descansar.

— Você promete que me liga em qualquer sinal de alteração no quadro dela? — falei num fio de voz.

— Toda nossa equipe está atenta, e ao menor sinal você será informada. — Ela me estendeu a mão. — Venha, irei com você até a recepção. Precisa que te chame um táxi ou ligue para que venham te buscar?

Entre Sombras e Desejos (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora