Capítulo 34

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Lauren segurou o rosto de Camila com as mãos trêmulas, tentando arrancar alguma reação dela. Camila continuava a olhar em branco à sua frente, sem parecer processar a voz de Lauren ou suas mãos em seu rosto. Lauren começou a gritar seu nome cada vez mais alto. Olhares começaram a se voltar para elas, preocupações e sussurros direcionados a elas.

O medo e o pânico rapidamente invadiram Lauren à medida que a realização do que estava acontecendo começava a se aprofundar. Sentia-se tonta e enjoada ao pensar em um fantasma do passado de Camila os observando naquela noite... observando todos eles.

Lágrimas quentes, raivosas e assustadas começaram a queimar nos olhos de Lauren e, assim que a primeira lágrima rolou por suas bochechas, Camila pareceu voltar à realidade e sua mão se ergueu para secá-la quase mecanicamente. Então, ela estendeu a mão e puxou Lauren contra seu peito, escondendo seu rosto dos espectadores que a encaravam ao redor.

Camila queria chorar. Queria gritar, chutar e chorar... sentir algo. Mas a única coisa que sentia era o coração apertado em seu estômago e a profunda dor causada pelo fato de que havia colocado as pessoas mais importantes de sua vida em perigo. E tudo era culpa dela.

Mike agarrou o garçom com certa brusquidão pelo ombro e exigiu saber tudo sobre a pessoa que lhe entregou a nota. Horrorizado, o garçom gaguejou:

— E-eu não sei muito. Estava no canto de trás da sala, onde a luz não é tão forte e eu não estava prestando atenção no rosto dele. Ele saiu há um tempo, mas me disse para entregar a nota para a garota que estava se apresentando assim que ela terminasse. E-eu sinto muito, não sei muito mais.

Mike praguejou em voz alta ao soltar o jovem, a mandíbula se contraindo de frustração. Ele passou os dedos pelo cabelo, angustiado, e olhou ao redor. Pegou a case do violão e levou Camila e Lauren para os fundos do restaurante, perto dos banheiros, longe de todos. Camila parecia ter superado seu estado inicial de choque, considerando que agora estava tremendo nos braços de Lauren. Mas ainda não tinha dito uma única palavra.

— Meninas. — ele falou em um tom baixo e urgente, o que apenas aumentou a ansiedade que borbulhava em Lauren. — Preciso que vocês me escutem com atenção, tá? Preciso que vocês vão para algum lugar... qualquer lugar. Não voltem para casa esta noite. Dirijam e continuem indo, só parem quando precisarem descansar ou abastecer. — ele tirou a carteira e, com as mãos trêmulas, puxou um monte de notas de cem dólares, enfiando-as nas mãos de Lauren. — Não voltem até eu dizer que podem, e não sei quando isso vai ser, mas até lá, continuem. Vocês entenderam?

Lauren balançou a cabeça freneticamente, protestando e se sentindo incrivelmente sobrecarregada.

— E-espera, e você? O que vai acontecer?

— Lauren, não se preocupe comigo. É mais seguro para você se eu não for com vocês. Vou fazer o que puder aqui para garantir que vocês duas fiquem bem. Não estou tentando te assustar, mas preciso que vocês sejam corajosas, ok? Vou levar vocês até o carro e seguir por algumas horas só para ter certeza de que não estão sendo seguidas, e depois vou voltar.

Ela assentiu relutantemente. Sua mente estava a mil por hora e uma dor crescente começava a se instalar entre suas têmporas. O sangue pulsando em suas orelhas aumentava de volume, e a vontade de gritar a plenos pulmões era difícil de combater. Sentia-se prestes a desmaiar.

Mike puxou as duas garotas contra seu peito de forma brusca e desesperada, murmurando repetidamente que as amava. Então, ele as soltou e olhou nos olhos delas.

— Vamos lá.

[...]

Era 2h30 da manhã quando a sensação de conforto e proteção de Lauren desapareceu. Seu pai a ligou e disse que iria voltar na próxima saída. Ele também mencionou que não havia visto nenhum carro nas proximidades há cerca de uma hora, o que significava que elas estavam seguras. Mas seguro e sozinho são duas coisas muito diferentes.

An Encounter - Português (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora