Gerson

102 15 7
                                    

Gerson Narrando.

Um mês depois...

O barulho do motor ecoava pela estrada enquanto o mar surgia ao lado. Angra sempre teve esse jeito de me fazer esquecer o caos do Rio, e hoje isso parecia mais necessário do que nunca. Espiei pelo retrovisor e vi Gio lá atrás, com a cabeça encostada no vidro, olhando pro mar. Ela tava quieta, mas o olhar fixo na paisagem entregava que ela estava curtindo.

— Tá cansada, filhota? — perguntei, só pra garantir.

— Não... tô vendo o mar, pai... é bonito — ela respondeu sem nem olhar pra mim, com aquela voz tranquila que só ela sabe ter.

Sorri sozinho. Mesmo sendo só uma criança, Gio às vezes parecia entender o mundo mais do que eu. Mas, no fundo, ela ainda tinha esse lado puro, de se encantar com coisas simples. E, bom, isso era o que eu queria que ela fizesse hoje: se divertir, esquecer de tudo, curtir como qualquer criança deveria.

— Tá quase, hein? — Falei mais para mim mesmo do que pra ela. Já imaginava todo mundo lá, piscina, churrasco, cerveja gelada... era disso que eu precisava.

Quando estacionei, Gio já estava com o cinto solto e a porta aberta antes mesmo de eu desligar o carro.

— Calma aí, calma aí! — Eu ri, vendo ela sair correndo pra dentro da casa.

— Vamos, pai! — Ela nem olhou pra trás.

Peguei as malas do carro, sacudi a cabeça e fui atrás. A casa era linda, do jeito que Karol e Leo tinham falado: vista pro mar, piscina gigante lá fora, e aquela vibe de férias que só Angra tem. Quando entrei, já tinha gritaria de criança pra todo lado. Karol e Leo estavam na cozinha, Bruno largado na sala, e Gisellen correndo atrás da molecada. Era caos, mas do tipo bom.

— Demorou, hein? — Karol gritou, sem nem parar de mexer nas coisas na cozinha.

— Trânsito, né? — Joguei as malas no canto e me joguei no sofá. Já sentia o corpo relaxar.

Gio, claro, já tinha sumido, misturada com as outras crianças, rindo e gritando de lá pra cá. Fiquei só observando de longe, uma leve sensação de alívio. Ela estava feliz, e isso já fazia meu dia valer a pena.

O sol começava a baixar, e o cheiro da carne na churrasqueira começou a tomar conta do quintal. Levantei e fui até Bruno, que estava lá, todo concentrado.

— E aí, vai dar certo isso aí ou tá só queimando? — provoquei, pegando uma cerveja na bancada.

— Confia, irmão, aqui é experiência. — Ele sorriu daquele jeito que só ele faz, sempre com essa confiança.

Enquanto o dia virava noite, as risadas, o barulho da piscina e o cheiro de churrasco faziam parecer que o mundo lá fora não existia. Gio apareceu toda molhada, com o cabelo grudado na testa e aquele brilho nos olhos que só quem se divertiu muito tem.

— Pai, vem! A piscina tá muito boa! — Ela puxava minha mão com força.

Suspirei e deixei a cerveja de lado.

— Tá, tá, já tô indo. Só porque você pediu — falei, levantando as mãos em rendição.

Ela riu, e naquele sorriso eu soube que estava no lugar certo. Estar ali com ela, vendo ela feliz... era tudo que eu precisava hoje.

Estão gostando?

• 7 comentários e eu posto o próximo capítulo! 💙

Reencontro • Gerson SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora