03 - Resposta

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~Pov Amanda~

Acordei com a luz do sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina.

Meus olhos demoraram a se acostumar com a claridade, e por um breve momento, esqueci a bagunça que minha vida tinha virado nas últimas 24 horas. Mas logo o peso da realidade voltou, me esmagando com a lembrança do teste de gravidez e do que ele significa.

Levantei-me da cama, sentindo o corpo mais pesado do que o normal, como se uma âncora invisível me puxasse para baixo. Eu tinha que fingir que estava tudo normal. Precisava seguir o dia sem levantar suspeitas, principalmente com meus pais. Não estou pronta para lidar com as perguntas deles, muito menos para enfrentar a reação deles se soubessem da verdade.

Me arrastei até o banheiro, lavei o rosto e me forcei a descer para o café da manhã. Meus pais já estavam lá, conversando como faziam todas as manhãs. Quando me viram, minha mãe sorriu, e meu pai, como sempre, me ofereceu um café fresco.

- Bom dia, Amanda. - minha mãe disse, com sua voz suave, enquanto terminava de organizar a mesa.

- Bom dia... - murmurei, tentando soar casual.

Me sentei à mesa e peguei uma torrada, mas mal consegui dar uma mordida. Meu estômago estava embrulhado, não sei se pelo nervosismo ou pela gravidez.

Meus pais, imersos na própria conversa, não pareceram perceber minha inquietação. Ou talvez estivessem apenas acostumados com meu silêncio matinal.

- E então, filha, o que você vai fazer hoje? - meu pai perguntou, tomando um gole de café. Ele parecia genuinamente interessado, sem a mínima noção do caos dentro de mim.

Pensei rápido. Eu precisava de uma desculpa plausível.

- Ah... Nada demais. A Nat vem aqui em casa mais tarde. Vamos assistir alguns filmes. - minha voz saiu firme, para meu alívio. Fingir que estava tudo normal parecia mais fácil com cada frase ensaiada.

Minha mãe sorriu.

- Que bom. Descanse um pouco. - ela fez uma pausa e olhou para meu pai - Quando voltarmos do trabalho, podemos fazer algo juntos, que tal?

- Ótima ideia. - concordei, mesmo sabendo que minha mente estaria a mil até lá.

Eles verificaram os relógios ao mesmo tempo e trocaram olhares apressados. Estavam atrasados. Fiquei aliviada por ter evitado uma conversa mais longa.

- Temos que ir! - meu pai disse, já se levantando da mesa, pegando as chaves e se dirigindo até a porta.

- Até mais tarde, Amanda. - minha mãe acenou, e os dois saíram apressados.

Quando a porta se fechou, soltei um longo suspiro, sentindo o alívio imediato. A casa estava finalmente silenciosa, e eu não precisava mais fingir que estava tudo bem... pelo menos por enquanto. Mas logo o vazio foi preenchido por uma nova onda de ansiedade. Meus pensamentos rapidamente voltaram à gravidez. Como eu vou contar para eles? Como reagiriam? Um arrepio percorreu meu corpo só de imaginar.

Ouvi a maçaneta da porta da frente girar. Antes que pudesse me preparar, Natália entrou, com seu olhar sério e passos firmes, me encarando com uma preocupação contida.

- Nat? - chamei, me levantando rapidamente, ansiosa para saber o que ela tinha para me dizer - Você falou com ele? O que ele disse?

Ela adentrou a sala devagar, fechando a porta com calma. Havia algo diferente no jeito dela, algo que imediatamente me deixou em alerta. Sua postura, seus olhos... tudo parecia mais pesado.

- Nat? - repeti, minha voz começando a falhar enquanto eu me aproximava - O que aconteceu?

Ela me olhou por um segundo, como se buscasse as palavras certas. E foi aí que percebi. Algo estava errado, muito errado. Meu coração começou a acelerar, e o medo se instalou no fundo do meu estômago.

- Amanda... - começou, com uma voz suave, triste - Eu sinto muito...

Minha mente foi preenchida por um zumbido alto. As palavras dela não faziam sentido, mas ao mesmo tempo, eu sabia exatamente o que elas significavam. Meu corpo ficou paralisado, e meu coração pareceu parar. O silêncio entre nós era insuportável, sufocante.

- Ele... - minha voz saiu em um fio - Ele não quer o bebê, né?

Natália me olhou com pesar, e foi tudo o que eu precisei para desmoronar.

Minhas pernas fraquejaram, e eu tive que me apoiar no sofá para não cair. Sentindo o chão escapar sob meus pés, me sentei, incapaz de processar tudo aquilo.

Minha amiga, sempre atenta, correu até mim e se sentou ao meu lado, me segurando pelos ombros com cuidado.

- Calma, Amanda. - ela disse, a voz firme, tentando me puxar para realidade.

Eu respirei fundo, mas o ar parecia denso demais para encher meus pulmões. As lágrimas que eu vinha tentando segurar desde que acordei agora escorreram sem controle. Eu mal conseguia enxergar, minha cabeça estava um caos de pensamentos.

- O que... o que ele disse? - perguntei, mesmo sem ter certeza se queria ouvir a resposta.

Natália hesitou, mordendo o lábio inferior como se quisesse proteger minhas emoções mais um pouco.

- Eu fui até ele pela manhã. - ela começou, com a voz cuidadosa - Nós conversamos um pouco sobre coisas aleatórias, e depois... eu fui direto ao ponto. Contei sobre a gravidez.

Ela fez uma pausa, me analisando para ver se eu ainda conseguia ouvir. Fiz um leve aceno com a cabeça, incentivando-a a continuar, mesmo que cada palavra fosse uma facada no meu coração.

- Ele... ele disse que não é possível, que vocês tinham usado proteção. - continuou, seus olhos cheios de empatia - Eu expliquei que, mesmo assim, aconteceu. E então... ele disse que não está pronto pra ser pai. Que está começando a carreira, e que um filho... não faz parte dos planos dele.

Meu corpo ficou imóvel. Eu sabia que aquilo poderia acontecer, mas ouvir as palavras tornava tudo muito mais real, muito mais doloroso. O peso da rejeição me atingiu em cheio, como um soco no estômago.

- E... Ele disse que não quer mais nada com você. - a voz de Natália ficou mais baixa, quase um sussurro - Que... Que é melhor você ficar longe dele.

Fiquei em silêncio por um momento, o som das palavras ecoando na minha mente como um grito. Eu não consegui acreditar.

Quando Natália me chamou de novo, as lágrimas vieram como uma enxurrada, e todo o meu corpo tremeu enquanto soluçava sem controle. Ela me abraçou com força, sussurrando que estava tudo bem, que íamos superar isso juntas, mas nada parecia me consolar. A dor insuportável, o futuro que eu imaginava desmoronaram diante dos meus olhos.

- Eu... não sei o que fazer. - murmurei, entre soluços - Não sei...

- Ei, você não está sozinha. - Natália disse, segurando meu rosto entre as mãos, me forçando a olhar para ela - Nós vamos dar um jeito. Eu te prometo.

Fiquei ali, nos braços dela, por mais alguns minutos. Quando finalmente consegui controlar o choro, me afastei devagar.

- Eu... preciso que você vá embora, Nat. Preciso pensar em como vou contar isso para os meus pais.

Natália hesitou, parecendo relutante em me deixar sozinha naquele estado, mas eventualmente assentiu, entendendo que eu precisava desse tempo.

- Tudo bem. Mas, por favor, me liga se precisar de qualquer coisa. - ela disse, apertando minha mão com força antes de se levantar.

Eu a levei até a porta, onde nos abraçamos novamente.

- Vai ficar tudo bem, Amanda. Eu tô com você. - disse ela, antes de sair.

Quando a porta finalmente se fechou, me deitei no sofá, o peso da situação caindo sobre mim mais uma vez. O futuro parecia sombrio e incerto, e a ideia de contar tudo aos meus pais me apavorava.

Mas eu sei que não poderia fugir para sempre.

Richard não quer saber de ser pai, e a Amanda tá sozinha nessa... o que será que vem por hein?

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Broken Heart | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora