10 - Uma Leve Investigada

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~Pov Richard~

Saí da joalheiria como se estivesse andando em um túnel escuro, a mente girando e o peito apertado.

As palavras de Amanda ainda reverberavam nos meus ouvidos como um eco interminável: grávida. A cada repetição, pareciam cravar mais fundo, rasgando minha sanidade.

Quando entrei no carro, fechei a porta com força, apertando o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. Respirei fundo, tentando acalmar a raiva que pulsava nas minhas veias. Minha cabeça? Um caos total. Mas uma coisa estava clara: Natália sabia. Ela sempre soube. Ela mentiu para mim.

Liguei o carro com um movimento brusco, e o motor rugiu como se refletisse a minha fúria.

Eu tenho um filho... Uma criança de seis anos que eu nunca conheci. Se ela me odeia ou sequer sabe quem eu sou, eu não tenho ideia. Mas ambas as opções eram piores do que qualquer pesadelo que eu poderia imaginar.

Enquanto dirigia em direção ao CT, a cidade parecia um borrão ao meu redor, sem cor, sem som, só o barulho surdo dos meus pensamentos esmagando tudo. Por que ela fez isso? Por que ela me afastou do meu próprio filho?

Quando cheguei ao CT, estacionei o carro com um tranco e saí sem pensar, quase tropeçando nos próprios pés. Meu corpo se movia automaticamente, mas minha mente estava longe dali.

~Pov Amanda~

Assim que a porta da loja fechou, um silêncio sufocante se instalou ao meu redor.

Fiquei parada, estática, olhando para o lugar onde Richard estava segundos atrás. Minhas mãos ainda tremiam, e meu coração parecia bater tão forte que era difícil ouvir qualquer coisa além do martelar incessante nos meus ouvidos.

Seis anos... Seis anos de silêncio, de ausência.

Minha mente começou a voltar, reviver cada detalhe daquele ano de 2017, como um filme passando em câmera lenta diante dos meus olhos. Eu e Richard, jovens, apaixonados. No começo, inseparáveis. Ele com aquele jeito intenso, que me deixava sempre à vontade, e eu, completamente entregue a nós dois. Mas aí... veio Natália.

Lembro de como, naquela época, ela sempre estava por perto. Achei que era apenas o jeito dela, sempre atenciosa, querendo se envolver, sempre interessada. Ela era minha amiga, afinal.

Porém, revendo tudo com o peso da revelação, eu percebo coisas que antes tinham me escapado.

Natália perguntava demais sobre o Richard. Detalhes pequenos, que na época eu achava serem curiosidades bobas de amiga, mas agora pareciam sinais claros de algo mais. Ela sempre estava presente quando ele e eu estávamos juntos. Eu a ignorava muitas vezes, não vendo nada de errado.

E então, a mudança.

Quando vim para o Brasil, ela se afastou de mim, como se nunca tivéssemos sido amigas. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Era como se eu tivesse deixado de existir.

Eu não questionei isso na época, porque a vida estava uma bagunça. A gravidez sozinha, a mudança de país, o desespero eram o suficiente para me fazer focar apenas em sobreviver.

Como eu pude ser tão cega?

O que mais dói não é apenas o que ela fez, mas o fato de que eu confiava nela. Natália era uma amiga, alguém em quem eu acreditava poder confiar de olhos fechados. Eu a deixei entrar na minha vida, e ela simplesmente... me apunhalou pelas costas.

Broken Heart | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora