07 - A Loja de Joias Aqui Perto

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~Pov Richard~

O despertador tocou às 10h em ponto, mas eu já estava acordado. 

Não dormi muito bem na noite passada, pensando no treino de hoje e na sequência da temporada. Desde que cheguei ao Palmeiras, minha vida mudou de um jeito que eu nunca imaginei. Auge da minha carreira, em um dos maiores clubes do Brasil, mas mesmo assim, o passado sempre encontrando uma maneira de voltar à minha mente.

Levantei devagar, tentando não fazer muito barulho.

Fui até a cozinha, preparei um café rápido e tomei sozinho, em silêncio, enquanto olhava pela janela do apartamento. A vista de São Paulo me lembrava de como as coisas mudaram tão rápido nos últimos anos.

Quando jogava futsal, jamais imaginaria que chegaria até aqui. Foram anos de dedicação, suor, e claro, sorte também. 

A oportunidade de jogar pelo Flamengo surgiu do nada, depois que um olheiro me viu jogando o Sul-Americano de futsal, em 2018. Ainda me lembro do momento como se fosse ontem. O cara me abordou no final de um jogo, durante a comemoração. Me senti nas nuvens.

Chegar ao time carioca foi um sonho, mas logo percebi que viver esse sonho seria muito mais complicado do que eu pensava. 

Tive poucos momentos na equipe principal, joguei só sete partidas entre 2020 e 2021. Mesmo assim, cada vez que entrava em campo, sentia a energia da torcida, como se eu tivesse nascido para aquilo. Mas, a realidade era dura. Fui emprestado para o Mazatlán, no México, e foi lá que tudo quase desabou.

A lesão no joelho foi um pesadelo. Sete meses parado, assistindo os outros jogarem, sem poder fazer nada além de reabilitação.

Quando voltei ao Flamengo, estava sem contrato e sem rumo. Para muitos, era o fim da linha, mas então veio a chance com o Guarani. Série B, interior de São Paulo, o oposto do que eu esperava para minha carreira, mas aceitei.

Foi lá que o Palmeiras me viu, e em 2023, cheguei ao Palestra Itália. 

Tudo mudou. 

Ganhei a confiança do técnico Abel Ferreira e me tornei um dos jogadores mais constantes. Disputei 53 partidas só na primeira temporada, algo que eu jamais imaginaria depois de tudo que passei.

E aqui estou eu. Anos depois, no que parece ser o auge da minha carreira, até agora.

Terminei o café, e quando voltei para o quarto, Natália estava se espreguiçando, acordando devagar.

- Bom dia. - ela disse com a voz rouca de sono, abrindo um sorriso para mim.

- Bom dia. - respondi, olhando para ela pelo reflexo do espelho enquanto arrumava minha camiseta.

Eu e Natália começamos a sair pouco antes de eu vir para o Brasil, quando minha vida começou a dar aquela guinada inesperada com o Flamengo. Ela foi minha constante desde então. Mesmo com a distância e as mudanças, o nosso relacionamento só ficou melhor.

Nat se levantou devagar, ajeitando o cabelo, e me observou por um momento, talvez percebendo que minha mente estava longe, em algum ponto entre o passado e o presente.

- E o treino de hoje? Vai ser pesado? - perguntou, caminhando em direção ao banheiro.

- Acho que não. Deve ser só preparação física e talvez algum treino de reação. - respondi, ainda meio distraído.

- Bom, pelo menos não vai ser daqueles dias que você volta exausto. Vamos poder aproveitar bem a noite. - ela deu um sorriso malicioso no espelho, enquanto escovava os dentes.

Fiquei em silêncio por um instante, até que, ouvi o som inconfundível de metal quebrando.

¡Carajo! - murmurei, segurando o objeto na mão.

Natália se virou no mesmo instante, enxaguando a boca rapidamente antes de vir até mim.

- O que houve?

- Minha pulseira... quebrou. - respondi, frustrado. 

Essa pulseira tem um valor sentimental imenso para mim. Minha namorada não sabia, mas é um presente de Amanda, que ela tinha me dado muito antes de eu começar minha carreira. Não a tirava do pulso por nada no mundo, como se fosse meu amuleto da sorte.

Natália olhou para a acessório, depois para mim, e suspirou, imaginando como aquilo me incomodava. Ela acha que eu tinha ganho do meu irmão.

- Não se preocupa com isso agora. Tem uma loja de joias aqui perto, lembra? A gente já passou por lá algumas vezes. Fica a umas duas quadras daqui. Você pode deixar lá antes de ir pro treino, e pegar depois. Eles devem consertar rapidinho.

- Boa ideia. Acho que vou fazer isso. Valeu Nat.

- Não precisa me agradecer por coisas simples. - ela disse, com um sorriso suave.

- É sério, você sempre tem uma saída para tudo. Não sei o que faria sem você. - falei, me aproximando e dando um beijo em sua bochecha.

Ela riu suavemente, balançando a cabeça.

- Não exagera. Só faço o que posso para te ajudar. Sei o quanto essa pulseira significa pra você.

Fiquei em silêncio por um segundo, segurando sua mão.

- Você sempre me ajudou, desde o começo. Mesmo quando eu estava perdido lá no México com o joelho ferrado, você esteve lá. 

- Eu sei. Mas eu não faço isso por obrigação, faço porque amo você. - ela disse isso de maneira tão simples, mas ao mesmo tempo tão profunda, que me deixou sem palavras por um momento.

Eu sorri, apertando sua mão suavemente.

Ela se inclinou para me beijar, e por um momento, o mundo ao nosso redor ficou em segundo plano. Mas logo o relógio me puxou de volta à realidade.

- Melhor eu ir. - disse, pegando a pulseira e as chaves do carro.

- Vai com calma, não precisa correr. Só passa na joalheria antes do treino e resolve isso. - ela me lembrou - Amo você, Rich! - gritou, antes de eu sair.

- Eu também! - gritei de volta, e fechei a porta em seguida.

Caminhei até o carro, ainda com a pulseira quebrada na mão, sentindo a dor que aquela imagem causava. 

Dirigi pelas ruas de São Paulo com os pensamentos voltados para o passado. A rotina do futebol profissional é intensa, mas sempre tem momentos que me lembram de quem eu era antes de tudo isso começar, e de como esse esforço vale a pena.

Dirigindo em direção ao CT, avistei a joalheria que minha namorada mencionou. Estacionei o carro e entrei na loja, esperando algo rápido e simples.

- Bom dia, seja bem-vindo à Serrano Jóias! - a funcionária falou, de cabeça baixa enquanto limpava seu avental. 

Eu conheço essa voz... mas de onde? 

- Em que posso te ajudar? - ela finalizou, finalmente levantando os olhos para mim, e então eu a vi.

Amanda.

Eitaaaaaa! Acaso ou destino? Hmmm, o que vocês me dizem?

Próximo capítulo sai , vou revisar! (Dependendo, solto mais um, não sei ainda)

Amo vocês! ❤️

Broken Heart | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora